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domingo, 14 de agosto de 2016

Os novos donos do campo


fotos de Lara Rocha 
Era uma vez um conjunto de campos muito bem tratados, com erva fresca, aparada e aos molhos para os animais: ovelhas, cabras, cabritos, bodes, cavalos, bois, vacas, póneis, vitelas e burros comerem.
Mas ao fim desses campos bonitos havia um que estava abandonado, cheio de ervas enormes, umas verdes outras amarelas, quase do tamanho dos troncos das árvores, alguns com crateras que pareciam portas. Ao longe via-se uma casa grande em ruinas.
Um dia uns seres de espécies desconhecidas, muito pequenos, que pareciam bonecos feitos de paus ou ramos fininhos, não tinham casa fixa, andavam sempre em grandes grupos, foram passear e pararam a olhar para aqueles campos tão bonitos…mas quando viram o campo abandonado ficaram tristes.
Os mochos e as corujas perceberam que algo se passava de estranho, ficam agitadas, mas continuam de olhos fechados. Uma coruja abre os olhos mas não vê os seres. Volta a fechar os olhos e a dormir. As outras ouvem alguém a falar, mas o sono não as deixou perceber.
Os seres conversam uns com os outros:
- O que está ali? – Pergunta um ser
- Tanta erva tão grande e seca!
- Parece um campo.
- Devia ser, mas da maneira que está não sei bem o que é!
- Realmente! Será um campo? Tem uma casa ali ao fundo!
- Será que vive ali alguém?
- Não sei se se consegue viver ali…
- Mas não cuida do que está à volta?
- Vamos ver mais de perto.
E todos vão ver.
- Óh! É mesmo um campo e uma casa abandonada…
- Óh! Que pena!
- Porque não cuidamos nós disto?
- Como?
- Nem conseguimos entrar com a erva deste tamanho!
- Acho boa ideia.
- Deve ter muito bicho ai na erva!
Um deles pena num pau e começa a afastar a erva para abrir caminho, a olhar atentamente.
- Sigam-me…é seguro!
Cada um pega num pau do chão e abre caminho.
- Vamos ficar por aqui?
- Boa!
- Mas temos de limpar isto tudo.
- Claro!
- Como?
- Não é a primeira vez pois não?
- Não!
- E onde vamos fazer casas?
- Arranjaremos…vamos. Mãos à obra.
Um deles chama os animais do campo do lado para darem uma ajuda. Todos os animais ajudam a rapar a erva. Óh, que surpresa…a terra estava coberta de cascas de troncos, bolotas em carapuças, ouriços-cacheiros, castanhas, folhas, e musgo nos troncos.
Os seres aproveitam tudo para construir uma linda aldeia para eles, com casinhas feitas de cascas das árvores no chão, dos lados e por cima de carapuças das bolotas, dentro das crateras das árvores.
Nessa noite, as corujas e os mochos veem algo novo.
- Ááááhhhhh! – Exclamam todos
- Estou a sonhar ou isto está muito diferente?
- Está realmente muito diferente.
- Mas o que aconteceu?
- Boa pergunta! Este não é o espaço que eu conheço.
- Será que me enganei no terreno?
- Não! – Respondem todos
- Isto não estava assim.
- Pois não! – Dizem todos
- O que aconteceu? Perdi alguma coisa…?
- Só acordaste agora…sim, estamos todos a perceber que alguma coisa mudou aqui.
- Muita coisa!
- Estou a ver casas…?
- Sim! São casas. – Reparam todos
- Que bonitas!
- São mesmo.
- Quem as construiu?
- Se calhar foram as vozes que eu ouvia!
- E a agitação que eu senti, mas não consegui ver nada! Já foi de dia.
- Está tudo muito limpo.
- Que maravilha! – Dizem todos
- Finalmente. – Suspira um mocho
- Grandes habilidosos.
- Mas construíram tudo num abrir e fechar de olhos.
- Sim, enquanto dormimos!
- Mas onde estão as pessoas que as construíram?
- Já devem estar a descansar.
Entretanto sai um casal de seres, e outro e mais outro…vários para ver as estrelas. Os mochos e as corujas dão as boas-vindas e acham-nos muito estranhos, de aparência, mas logo percebem que são boa gente, ao enchê-los de perguntas. Nas noites seguintes constroem uma bela amizade, e dispõem-se logo a ajudá-los.
Os seres estão orgulhosos:
- Que lindas estão as nossas casas.
- Pois estão.
- Assim estamos abrigados do calor e do frio…das muitas que sobraram fizeram móveis para as casas, como bancos, mesas, cadeiras, camas, e utensílios de cozinha.
Os mochos e as corujas confirmaram que a casa estava desabitada, entram e limpam o espaço todo, as várias fontes de água, tanques e tudo o que estava disponível.
Transformaram as ruinas num salão de bailes e festas que adoravam fazer, porque todos eram artistas cheios de talento. Passaram a tratar daquele espaço com carinho, plantaram coisas, construíram uma verdadeira família com os mochos, e as corujas que estavam sempre disponíveis, e sempre que a erva começava a crescer, eles convidavam os animais para a comerem.
Eram na verdade uns seres encantadores, trabalhadores, preocupados, e assim o campo que estava abandonado, ficou tão bonito como os outros.
Fim
Lálá
(1/Agosto/2016)
 

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