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domingo, 14 de agosto de 2016

GOTOLÂNDIA


quadro pintado por Lara Rocha 

           Era uma vez um reino na atmosfera na primeira camada de céu, perto da terra, cheia de nuvens fofas de todos os tamanhos, onde viviam milhares de gotas. Essas gotas gostavam muito de passear pela terra, e cuidar da natureza, nos sítios onde o homem não cuidava.

         Para elas irem à terra, e andarem por lá, tinham de passar por uma piscina que as transformava em gotas gigantes de gelatina para não derreterem, e abriam, largando toda a água que fosse precisa para regar, ou matar a sede a alguns animais e plantas.

         Ultimamente, as gotas andavam muito preocupadas e zangadas com a falta de cuidado que estavam a ver no ser humano, em relação à Natureza e decidiram deixar de ir à terra por algum tempo até que lá em baixo se lembrassem da água e da sua importância para todos.

         Enquanto esperavam esse momento, aproveitaram para descansar e conviver…então, fizeram uma grande festa. Todas as gotas foram convidadas as que se transformavam em gelo e neve, as de chuva, as de nevoeiro e orvalho, as de saraiva e de granizo, e outras.

         Juntaram-se aos milhares, na gotolândia, vindas nas suas nuvens: umas a reboque, outras a conduzir…de todo o lado…famílias de gotas e de nuvens, de todos os tamanhos. O trânsito nos dias anteriores ficou caótico.

         Estacionaram as nuvens, e foram para o grande parque da atmosfera. Nesse parque houve muita música, tocada por bandas de trovões, que fizeram concursos de despiques e «combates», jogos de perguntas e respostas, assistiram a concertos de bandas que tocavam sons da natureza, com instrumental mágico, e ouviram despiques de bandas sonoras.

         Puderam experimentar pistas de gelo, com muita gargalhada e alguns trambolhões, assistiram a espetáculos de bailados em lagos gelados dados por gotas dançarinas, e puderam participar.

         Além disso, tinham um mega parque de bolas de sabão com uma porta feita de arco-íris, escorregas feitas de nuvens, e passaram por caminhos com neve experimentaram espaços pequenos onde passavam por nevoeiro, sentiram num pequeno túnel o que era o orvalho e arrepiaram-se com o frio.

         Caminharam por passeios onde havia gelo e um pedacinho onde podiam sentir a neve, vê-la no chão, a uma altura que quase tapava as portas das casas, viram exposições de fotografias da terra onde apareciam nas muitas formas.

         Passaram por túneis com vento de várias intensidades: brisa suave, vento fraco, vento forte, ventania, tão forte que fazia um barulho assustador, e elas até tinham dificuldade em segurar-se, rodopiavam, eram empurradas para trás, e para a frente, e andaram em baloiços de nuvens empurrados por vento.

         Ficaram maravilhadas. Tocaram em cristais de gelo, sentiram flocos de neve e brincaram muito. Comeram, beberam, divertiram-se muito, conheceram e reencontraram muitos amigos…partilharam conhecimentos e experiencias em tertúlias, sobre tudo o que fizeram e fazem na terra, e reúnem-se em longos debates sobre o mal que os humanos estavam e estão a fazer a água, e à própria terra, natureza.

         Nesse momento ficaram tristes e muito zangadas, ao ver imagens que pareciam um filme de terror, mares e rios poluídos, cheios de lixo, muitas árvores destruídas, florestas desertas, secas, animais com fome e magros, sítios com pouca ou nenhuma água, mas elas sabiam por experiência própria que eram bem reais.

Ficaram com muita vontade de dar uma boa lição ao homem, mas não sabiam como. Achavam que já estavam a dar, mas parecia que não estava a fazer efeito…não tinham aprendido nada. A saúde já estava a pagar, mas eles ainda não tinham percebido.

Apesar disso, a festa continuou, durante vários dias. Ao fim de umas semanas, soam alarmes vindos da terra, a pedir chuva e água. As gotas fizeram uma grande festa. Formaram várias tempestades, com trombas de água, inundações, trovoadas, ventos fortes e até neve.

Foi imprevisível e na terra, os habitantes ficam com muito medo…cada um pede perdão à natureza e agradecem a chuva mas uns tempos depois…volta ao mesmo…Na gotolândia ninguém ficava parado! Tanto trabalhavam, como faziam festas e debates.

Aos poucos vão tentando ensinar o homem, mas este não aprende. Quer dizer…depende de cada um de nós, e de todos.

FIM

Lálá

(8/Agosto/2016)

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