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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Os ninhos da gata sem nome

desenhada por Lara Rocha 

Era uma gatinha pequenina, de pelo branco, e olhos verdes que foi abandonada pelos donos que ficaram com a sua mãe. Deixaram-na no parque da cidade, debaixo de um banco para quem a quisesse adotar, ou então se a encontrassem.
A gatinha estava cheia de frio e fome, e miava fininho, baixinho, mas uma senhora de muita idade reparou nela. Olhou-a, e levava consigo um saco e um pacote de leite.
Pegou na gatinha carinhosamente, e meteu-a no saco. Chegou a casa, encheu uma tigela de leite e deu à gatinha, e enquanto a gatinha se alimentava, a boa senhora preparou um ninho para ela, no chão da sala com lareira, à beira da sua cadeira de baloiço, lamentando a pouco sorte da gatinha, e sempre a resmungar por abandonarem os animais.
Pegou numa almofada e numa das suas mantas, pôs por cima da almofada, pegou na gatinha, deu-lhe um banho quente, e encheu-a de mimos.
Mas de noite, a gatinha não parava de miar, e a senhora ficou muito irritada, porque não conseguia dormir com os seus miares. Na manhã seguinte, deu leite à gatinha e meteu-a outra vez no saco.
Saiu de casa e foi a casa de uma amiga, também já com muita idade, e perguntou-lhe se queria ficar com a gatinha. A senhora aceitou, e a gatinha lá ficou…a senhora deu-lhe leite, mimos, e preparou-lhe um ninho muito confortável, dentro de uma caixa de sapatos, com uma mantinha, e na sala de jantar.
A gatinha estava muito contente, até que a senhora começou a coçar-se toda, a tossir e a espirrar. Deixou a gatinha e à noite foi ao médico, porque já não aguantava mais…o médico disse-lhe que era alergia ao pelo dos gatos.
A senhora tomou uns medicamentos, ficou muito zangada com a gatinha, e pô-la fora da porta sem ninho. A gatinha miou sem parar, para pedir abrigo, mas nessa noite teve mesmo de dormir fora da casa, porque estava muito escuro, e ela não conhecia o sítio, dormiu enroscadinha sobre si mesma para tentar aquecer-se.
De madrugada, a senhora pegou no ninho que tinha feito para a gatinha e pô-lo fora da porta com a manta, a gatinha ainda se pôs a miar para ver se a senhora tinha pena dela, e se a deixava entrar, mas a senhora não lhe abriu a porta, então, meteu-se dentro da caixa de sapatos e conseguiu cobrir-se com a manta.
Na manhã seguinte, a senhora saiu a porta, ainda mal-humorada e deixou uma tigelinha com leite para a gata, mas gritou-lhe que fosse embora, e chutou-a. A gatinha tomou o leite, e foi embora muito triste.
Caminhou um bom bocado, muito assustada, a miar, para ver se alguém a encontrava, mas não teve sorte. Muito mais à frente, encontrou um acampamento, cheio de tendas, e tentou a sua sorte…recebeu muitos mimos, alimento, e prepararam-lhe um ninho confortável, feito numa boia de uma criança com uma toalha de praia, e cobriram-na.
A gatinha miou a noite toda, porque queria mimos, e tinha medo… muita gente começou a atirar-lhe objetos para a chutar, gritaram com ela, bateram com os pés no chão e deram pontapés no seu ninho…a gatinha fugiu sem olhar para trás, correu muito triste, e parou numa casa, fraca, com frio e com fome.
De manhã bem cedo, a dona da casa saiu a porta e olhou para a gatinha. Ficou cheia de pena, e voltou a entrar para lhe dar leite…nessa casa já havia uma gata, que tinha sido dada por uma amiga sua no dia anterior, e…áhhh…que surpresa…era a sua mãe.
As duas gatas reconheceram-se, lamberam-se, festejaram e nunca mais se largaram. A dona não percebeu que as duas eram mãe e filha, e não sabia que a gata que a amiga lhe tinha dado no dia anterior, tinha tido gatinhos, com quem ela não podia ficar, então deu alguns e abandonou outros.
Achou aquela proximidade e aquele carinho imediato entre as duas, eram as duas tão bonitas, e como a pequenina até era parecida com a grande, ficou com as duas, pois para ela seriam uma companhia já que vivia sozinha.
Enquanto a rapariga foi trabalhar, a gata mãe recuperou o tempo perdido, encheu a sua cria de mimos, alimentou-a, foi passear com ela pela casa, brincaram uma com a outra, muito felizes, descansaram encostadas uma à outra, alimentaram-se com o que a dona tinha deixado.
À noite, a dona voltou, encheu as duas gatas de mimos, brincou com elas, e deu-lhes um nome: à mãe chamou Gata Vénus, e à filha gata Lua.
Conversou muito com elas, ensinou-lhes algumas regras de higiene, passeou com elas pela casa e pelo jardim, e preparou um ninho para as duas, muito especial…uma alcofa que tinha comprado de propósito para elas, com um lençol e alguns brinquedinhos para gatos, para a pequenina.
As duas eram tratadas como rainhas, e retribuíam a todo o momento, todo o carinho e tudo de bom que a dona lhes dava. Eram umas companhias maravilhosas, a dona era louca por elas, quando cresceram um bocadinho mais, a dona levava-as para o parque, onde andavam à vontade, mas sempre debaixo do olhar muito atento da dona…e elas adoravam esses passeios. A dona era maravilhosa com elas, e elas adoravam-na.
Depois de serem abandonadas e maltratadas encontraram um lar que lhes deu amor, carinho, dedicação, ninho, alimento e ainda melhor…mãe e filha estavam juntas, e ainda ganharam um nome.
Fim
Lálá
(26/Agosto/2016)
Atividade:
Quantos ninhos teve a gata que não tinha nome?
De que eram feitos os ninhos?
Porque é que elas foram abandonadas?
E vocês? Acolhiam uma gatinha ou várias?
Que nomes lhes davam?
Como fariam os ninhos delas?

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