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domingo, 9 de agosto de 2015

ESTRANHA FLOR















            Era uma vez uma varanda cheia de flores, de todas as espécies, cheias de cor onde não vivia ninguém, a casa não estava mobilada, nem tinha luz. Ninguém sabia como é que aquelas flores estavam naquela varanda, numa casa de ninguém…se ninguém cuidava delas não as regava, como estavam na varanda tão bonitas?
Os vizinhos achavam aquilo muito estranho. Durante o dia só viam flores, de todas as espécies e cores, mas havia entre elas, uma flor muito diferente…a que destacava pelo seu tamanho, cor e altura de pé.
Era enorme, as suas pétalas de cores vivas, macias, de dia…umas vezes viam-nas abertas, outras vezes viam-nas fechadas. Quando abriam as pétalas da flor cobriam todas as outras, que se protegiam do calor e da chuva, do vento, como se fosse um guarda – sol, e um guarda-chuva.
Como é que ela abria e fechava sem mãos? Será que ela sentia as diferenças de temperatura e de cor? Pensavam que já tinham visto todos os mistérios dessa flor, mas estavam muito enganados…numa noite de Verão quente e estrelada, os vizinhos reuniram-se no largo do bairro e olharam para o jardim…silencioso, mas um novo enigma surge diante dos olhos deles…a flor gigante estava aberta e iluminada.
Lá dentro, uma sombra de uma mulher magra, de puxo no cabelo, a andar de um lado para o outro, a transportar coisas e a falar sozinha. Todos ficam gelados:
- Uma senhora a dormir numa flor?
- Ai, que até fico toda arrepiada.
Aproximam-se mais da flor, e afinal…a sombra não vivia na flor, mas dentro da casa, num quarto num sofá cama e coberta com dois sacos-camas. Era uma velhinha fugida da guerra, de muito longe, que só agora tinha conseguido arranjar um trabalho para juntar dinheiro.
Aquela casinha foi o único lugar que encontrou para ficar protegida e onde não pagava. Algumas pessoas na cidade davam-lhe de comer, e roupas, deixavam-na fazer a sua higiene e faziam-lhe companhia, deixavam-na cuidar de animais domésticos e abandonados que andavam pela cidade. De noite ela ficava ali.
Adorava flores, e plantou sementes que lhe ofereceram, e afinal a flor diferente? Não era uma flor verdadeira como as outras…era um guarda-sol, e guarda-chuva, e candeeiro que tinha sido oferecido à senhora de um colégio que a acolheu temporariamente.
A senhora apareceu na janela, todos estremecem, e quase congelam de medo. Disse:
- Boa noite! Posso juntar-me a vocês? Estou sem sono.
            Todos respiram de alívio, sorriem:
- Claro! Boa noite!
- Bem-vinda!
- Junte-se a nós.
- Nunca a tínhamos visto por aqui!
            Ela senta-se no meio do chão, no seu colchão, apesar da sua idade, ela ainda estava cheia de vida e energia. É muito simpática e bondosa; a sua luz interior sai de si por todo o corpo.
Encantou todos, e contou a sua história. Todos ficaram comovidos, e enternecidos com a senhora e com a sua história. Depois de tantas emoções, os vizinhos ajudam-na com o que podem para lhe proporcionar todo o conforto que ela merecia. Não lhe faltaram com nada. A pequena casa num instante, transformou-se numa casa completa.
A senhora ganhou uma segunda família, que a encheu de mimos, e dedicação, faziam-lhe muita companhia, e fica feliz, cheia de saúde. Na verdade…ainda bem que viram a flor misteriosa, que afinal, era uma falsa flor, candeeiro, guarda-sol e guarda-chuva e protegia um ser humano muito especial, com uma história de vida triste.
Mas ela voltou a ser feliz. E uns tempos mais tarde, os vizinhos encontraram a família da senhora que também tinha fugido, e ficaram na casa da senhora. Aquela casa enche-se de luz…a luz da flor, a luz da senhora e a luz dos bons e belos sentimentos, como a amizade, a dedicação, o carinho, a troca, e a bondade.
Mistério desfeito!
Fim
Lálá

26/Julho/2015

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