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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O CARRINHO DAS FLORES




     Era uma vez uma menina que vendia flores, depois da escola para ajudar os seus pais. Montava na sua bicicleta e no atrelado levava várias dezenas de flores, de todas as cores e espécies.
   Passeava pelas ruas todas da sua aldeia, sempre com um belo sorriso na cara, e muita gente comprava as suas flores, até pediam encomendas.
     Geralmente, chegava a casa sem uma única flor, e isso deixava os seus pais felizes, orgulhosos. Eles não queriam que ela trabalhasse, por causa da escola, mas tinha de ser. 
  Numa ida às ruas, duas bruxinhas transformaram-se em abelhas, que foram atraídas pelas cores e pelo cheiro. Um gato vadio reconhece-as e murmura de uma esquina:
- Lá estão estas! O que é que elas vão inventar desta vez…? Que chatas! – Comenta um gato
        Ele vai ter com elas:
- O que estão a tramar, sua malditas?
- Cala-te! – Gritam as duas
- Não tens nada com isso. – Resmunga a outra bruxa
- Vai-te embora! – Grita uma bruxa
- Essa agora… A rua é de todos! Se vocês que são umas víboras entram aqui, eu que sou bom, ainda mais. - Diz o gato a rir
- Xiu. – Ordenam as duas
- Tu vais estar caladinho, não vais? – Diz uma bruxa
- Quieto! – Ordena a outra
- Olha…lá vem ela.
- Transforma-te.
- É melhor mandarmos este gato para outro sítio, antes que ele estrague tudo.
- É.
        Dão um pontapé no rabo do gato, este desata a correr e esconde-se atrás de um caixote do lixo, mas fica atento ao que elas vão fazer.
- Malditas! E vão logo chatear a menina das flores, que é uma flor. Um dia destes tramo-vos! Acho que a menina é mais inteligente que elas, e não se vai deixar levar por elas…cuidado, menina! – Murmura o gato  
     Transformam-se em abelhas quando vêem a bicicleta a aproximar-se, seguem a menina, seduzindo-a:
- Menina…que lindas flores! – Repara uma bruxinha
- Obrigada! – Diz a menina a sorrir
- E cheiram bem… - Diz a outra bruxinha
- É! – Diz a menina
- Olha…desculpa estarmos aqui a rondar…
- E a elogiar as tuas flores…
- Bem, os elogios são sinceros, mas, nós podemos experimentar…
- Só um bocadinho…
- Do pólen de uma dessas flores?
- Por favor…
- Se não te importares, claro!
- Claro que podem. Á vontade! – Diz a menina
- Óh, mas que querida! – Diz uma abelha feliz
- Muito obrigada, pela tua bondade e simpatia… - Diz outra abelha
- Gosto muito do vosso mel…! – Diz a menina
- Áhhh…! – Exclamam as duas abelhas
- Nunca ninguém elogiou o nosso mel…só tu! – Diz a abelhinha a sorrir
- E é graças às tuas flores…ah…quer dizer…a todas as flores da tua aldeia. – Afirma a outra abelhinha
- Claro! – Diz a menina
   As duas abelhinhas provam o pólen de algumas flores e deliciam-se.
- Hum! – Suspiram as duas
- É mesmo bom!
- Delicioso!
- Mas agora não me suguem as flores todas, por favor…! – Pede a menina
- Óh! Claro que não! – Dizem as duas
- Já vamos embora. – Garante a abelha
- Muito obrigada, e boa sorte para as tuas vendas! – Diz outra abelha
- Obrigada. – Diz a menina a sorrir
        Nessa noite, as bruxas convidam as amigas e vão todas fazer uma grande festa no jardim e nos campos onde mora a menina, e onde há imensas flores.
  Fartam-se de comer…sugam pólen com palhinhas, tiram pólen com pás e colheres, misturam em sumos e barram nos pães, enchem frascos com pólen e saquinhos com pólen e pétalas de flores.
        De manhã, a menina acorda e repara que as flores estão murchas, com os centros despidos de pólen. A menina grita:
- Ááááhhh…quem fez isto?
- As abelhas! – Respondem as flores em coro
- Ai…! – Suspiram
        A menina fica muito raivosa. Volta a regar as flores, planta outras novas, mas fica vários dias sem vender. Quando vê abelhas chuta-as e grita-lhes:
- Vão trabalhar, palermas! Invejosas.
        De repente, umas fadinhas voam e despejam pólen em cima das flores. Elas voltam a ficar enormes e lindas. 
     A menina vai tentar vendê-las e quando chega ás ruas, estão lá as duas bruxas, muito atraentes a tentar vender as flores que roubaram e que fizeram com o pólen que tiram das flores da menina. Até o carrinho é igual.
  Embora sejam perfumadas, são flores artificiais. A menina fica assustada e muito zangada. Como já todos a conhecem, compram as flores verdadeiras da menina.
       As bruxas tentam destruir todas as flores do carrinho da menina, por inveja e por maldade, mas as flores disparam os seus espinhos, pó dos pinheiros e enchem as bruxas de picos.
       Elas gritam e desatam a fugir aos gritos e aos espirros, a coçarem-se sem parar.
- Bem-feita! – Grita uma senhora
- Mereceram! – Diz outra senhora
- Vigaristas. – Gritam várias senhoras
- Roubaram o nosso pólen! – Diz uma flor
- Eram flores falsas! – Confirma outra senhora
    E as flores da menina são visitadas pelas fadinhas, borboletas, joaninhas e abelhinhas verdadeiras, e até passarinhos pousam e mimam as flores, dançam delicadamente com os seus pezinhos levezinhos, transportam bocadinhos de pólen por todo o lado.
     Depois dos picos, as bruxas disfarçadas nunca mais voltaram a roubar o bom pólen das flores, nem fizeram mais festas que deixavam as flores murchas, e as flores voltaram a estar sossegadas nos seus campos, sem visitas indesejadas.
      Não lhes valeu de nada a maldade com que destruíram as flores da menina, pois não?

FIM
Lara Rocha 

(11/Novembro/2014)

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