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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O ABRIGO DAS ÁRVORES

Era uma vez uma árvore despida pelo vento entre o Outono e o Inverno. Quando reparou que todas as suas belas folhas tinham caído aos seus pés, resmunga triste:
- Óh…não pode ser…estou despida! O que aconteceu às minhas lindas folhas? Ai…que frio…brrrrr…!
        A árvore não se apercebeu que durante a noite, enquanto dormia, o vento tirou-lhe folha por folha. As folhas são para as árvores, como as roupas para nós; por isso, como os seus ramos estavam sem folhas, a árvore sentia-se despida.
        Era um acontecimento novo para esta árvore, porque antes tinha sido plantada numa floresta com muito calor, onde tinha sempre belas folhas.
        Na manhã seguinte, dois meninos irmãos passam pelo parque onde está a árvore, para ir para a escola e vêem muitas folhas no chão.
- Olha, mano…tantas folhas! – Diz a menina
- Uau! Que lindas! – Dizem os dois
- Devem ser desta árvore… - Diz o menino
- Pois…se estão aos pés dela, só podem ser dela. – Diz a menina
- Esta árvore parece…triste! – Repara o menino
- Áh! Pois é!
- Claro que estou triste…estou sem folhas e tenho muito frio…vim de um país muito quente! – Resmunga a árvore
- Óh! Coitadinha! – Dizem os meninos
- Habitua-te, amiga! Aqui…é mesmo assim. Nesta altura…ninguém escapa! Olha á tua volta! Estamos todas iguais! – Diz outra árvore sem folhas
        A árvore olha em volta, suspira triste:
- Pois é! Tens razão…mas eu tenho muito frio.
- Nós também tivemos no inicio, agora já não! – Diz outra árvore sem folhas.
- Mano, vamos levar estas folhas para a nossa escola ou para a nossa casa.
- Sim! Está bem!
        Os meninos enchem um balde de folhas cada um.
- Ei, onde vão levar as minhas folhas? – Pergunta a árvore indignada
- Já não são tuas! – Diz outra árvore
- O que vão fazer com elas?
- Não sei.
- Vão levá-las.
- Para onde?
- Para…muitos sítios!
- Mas eu não dei autorização…! Já percebi tudo…foram eles que me roubaram as folhas. Devolvam-nas! – Grita a árvore
- Não preciso que tenham pena de mim…devolvam-me as folhas! – Ordena a árvore
- Impossível, amiga.
- Como é que deixam que eles façam isto? – Pergunta a árvore zangada
- Não podemos fazer nada!
- Ai…que raiva! Apetece-me desfazê-los…
- Não te zangues…não vais ter as folhas de volta.
- Mas eu quero as minhas folhas…aquelas que eles arrancaram e vão levar descaradamente! Sem vergonhas… - Grita a árvore nervosa.            
        As crianças vão para a escola com as folhas e as três árvores ficam a conversar. Na escola todas as crianças brincam felizes no recreio, espalham as folhas, saltam em cima delas, escorregam e caem na relva fofa, riem, fazem trabalhos com outras folhas, cantam músicas do Outono, e ao voltar para casa, a menina vai com o irmão cobrir a árvore, com um saco cama, velho. Os seus gatos ajudam-nos a esticar o saco cama e a prendê-lo. A árvore sente-se melhor, mais confortável e mais quente. As outras duas árvores inclinam-se para ela e os seus troncos engancham-se uns nos outros, para se aquecerem as três.
        No dia seguinte, cai neve, e as árvores ficam todas brancas, quase congeladas. Tremem de frio. Os habitantes fazem uma fogueira muito perto das árvores. Primeiro, elas ficam com medo por verem fogo, mas quando sentem o seu calor tão agradável, descongelam.
        A fogueira apaga de noite, e as árvores congelam, mas quando juntam os troncos, parte do gelo derrete. As noites seguintes trazem ainda mais neve, os habitantes constroem uma casota de madeira à volta das árvores com telhado, e porta. Que bela casa!
        As árvores estão lá quentes e confortáveis, bem juntinhas, com cobertores, durante todo o inverno, são visitadas muitas vezes por dia pelos habitantes, que se abrigam na sua casota, recebem muitos abraços de pessoas que lhes agradecem, até à primavera.
        Na primavera, as árvores saem da casa de madeira para receber o sol, e ver as folhas verdes a nascer, passam o tempo a sorrir, ao contrário do inverno em que tiveram muito frio e estavam mais tristes…o que sempre lhes valeu foi a sua amizade.
        O estarem as três juntas, debaixo da casota, tornou-as grandes amigas umas das outras, nem dão pelo inverno passar. São quase uma família. Também foi por isso que a árvore que vinha do calor, habituou-se muito rápido.  
        A casotinha ficou para elas, para se abrigarem do calor a mais, com belas folhas, do vento, e da chuva.

FIM
Lálá

(10/Novembro/2014)

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