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sexta-feira, 2 de maio de 2014

OS OVOS

      

desenhado por Lara Rocha 

       Era uma vez um coelho que vivia numa floresta. Todos os anos, na altura da Páscoa este e muitos outros coelhos não tinham descanso.
    Trabalhavam dia e noite, horas e horas, trocavam uns com os outros para descansar à vez, e mesmo assim não paravam muito tempo.
      Tudo tinha que estar lindo, perfeito e pronto nos poucos dias que tinham. Era uma grande agitação, mas também uma grande alegria.
    Eram ovos e coelhos por todo o lado. Uns punham os ovos a cozer, outros punham-nos a secar, outros pintavam-nos cheios de cores, outros embrulhavam-nos em lindos papéis e outros punham-nos nas cestas para distribuir.
   Chegou a véspera do grande dia, e os coelhos responsáveis pela distribuição estavam eufóricos, felizes e vaidosos. Mas infelizmente, houve um coelhinho que ficou doente, e foi substituído por outro. 
        O coelho FLOCO de pelo branquinho e brilhante era muito despachado e gostava muito de ajudar. Foi ele que substituiu o coelhinho que ficou doente. Distribuiu os primeiros, ainda de madrugada, mas de repente, sentiu-se fraco e cansado. Olhou para as horas e disse:
- Ainda é cedo…ai…estou tão cansado! Acho que vou descansar só uns minutinhos. Desculpem meninos.
        E deita-se, adormecendo logo a seguir. Entretanto, com os primeiros raios de sol, passa pela floresta um menino misterioso, com os passos muito levezinhos, e vê os ovos na cesta. Ficou com água na boca, pega na cesta e desata a correr com ela.
        Deixa as pegadinhas no chão. O coelho acorda sobressaltado.
- Óh…já é de manhã. Tenho de me despachar…como é que eu dormi tanto? Ai… (prepara-se para pegar na cesta) Onde está a cesta? Eu deixei-a aqui. Levaram-ma? Óh, não…não pode ser…! E agora…? Ai…que vão dar cabo de mim. Mas quem é que os levou?
        O coelhinho começa a correr, a olhar para todo o lado, e olha para o chão.
- Há aqui pegadas…
        O coelhinho segue as pegadas e vai ter a uma gruta onde estão meninos de rua.
- As pegadas acabam aqui. Então…o ladrão está aqui.
        Entra na gruta e grita:
- Ei, óh, ladrão…devolve os meus ovos…esses são para os meninos. Tu não pediste, de certeza.
        Os meninos encolhem-se todos e choram a tremer. Estão com aspecto descuidado e sujo, mas na verdade não fazem mal. Só procuram comida e carinho. O coelho grita:
- Vamos…devolvam os ovos…
        O menino mais velho devolve a cesta inteira.
- Não falta nenhum? – Pergunta o coelho e conta-os – Está tudo. Seu atrevido. Vou-te dar uma coça!
        E os meninos desatam a chorar.
- Escusas de te esconder…e de fazer de conta que choras muito. Isso não me preocupa. Tu roubaste ovos…isso é muito feio! Depois, tive muito trabalho a fazê-los! Eu e os meus familiares! Passamos dias, noites, e horas a preparar os ovos, e ficamos muito cansados. Foi por isso que eu adormeci, e vocês, seus bandidos, aproveitaram logo! - Explica o coelho
- Desculpe…não foi por mal! – Diz o menino mais velho a tremer e a chorar
- Onde estão os vossos pais?
- Não sabemos. – Respondem em coro
- O quê? – Pergunta o coelho
- É. – Dizem em coro
- Os nossos pais abandonaram-nos na rua! – Diz uma menina
- Não sabemos quem são! – Diz outra menina
- Nunca nos foram buscar! – Diz outro menino
- Mas…como assim? – Pergunta o coelho
- Fomos abandonados. – Diz o menino mais velho
- Vivemos na rua, desde que nascemos. – Diz uma menina
- As roupas que temos, e alguma comida que vamos metendo para a barriga, são umas pessoas muito boas que nos dão… - Acrescenta outra menina
- Nós encontramos aqui esta gruta, e aqui estamos já há muito tempo. – Diz o mais velho
- Pelo menos aqui estamos protegidos, e temos quase tudo. – Diz outra menina
- Só nos faltam os pais. – Suspira um menino pequenino
- Sim, porque somos uma família. – Diz outra menina
- Sabe…é muito triste. Mas tem toda a razão, eu não devia ter roubado! Estava com tanta fome...hoje ainda não chegaram.
- Que pouca sorte! Eu posso ajudar-vos! – Suspira o coelho triste.
- Pode? Como? – Perguntam em coro
- Vão trabalhar para a minha fábrica, os meus pais dão-vos dinheiro, alimentação e tudo o que precisarem.
- Não.
- Não queremos ser um peso para ninguém!
- Não são peso. Eu quero ajudar-vos. Querem ajudar-me a distribuir os ovos?
- Sim! Vamos…-Gritam todos
- Mas antes, vão tomar um bom banho, e vestir roupas novas.
- Isso não temos.
- Mas tenho eu. Venham comigo.
        O coelho leva os meninos para casa dele, e eles tomam um belo e delicioso banho, muito felizes, por ter água quente, e sabão. Limpam-se, e vestem umas roupas do coelho. O coelho prepara-lhes um delicioso pequeno-almoço, e comem com apetite, com um grande sorriso.
- A tua casa é maravilhosa! – Elogia uma menina
- Sim, parece de bonecos. – Acrescenta outra menina
- Muito obrigado. – Diz o coelho sorridente
- Muito obrigado nós. – Diz o menino mais velho
- Vamos. – Diz o coelho
        O coelho explica a cada um o que tem de fazer com os ovos da cesta. Todos estão muito atentos, e fazem o que ele diz. Num instante, todos os ovos ficam entregues aos meninos a tempo, apesar dos atrasos que o coelho tinha passado.
        Uns para um lado, outros para outro, outros para outro e para outros sítios. Os meninos fazem essa tarefa com um lindo, e aberto sorriso.
    Depois da distribuição, o coelho apresenta os meninos aos seus pais, que os empregam imediatamente na fábrica, e prometem ajudá-los em tudo o que precisarem.
Os meninos começam logo a trabalhar muito bem, e com gosto, com grande dedicação. Os pais do coelho estão orgulhosos do seu pequeno, e são muito bons. Acolhem os meninos, e tratam-nos como se fossem verdadeiros filhos.
Desde esse dia, os meninos encontraram uma verdadeira família, embora fossem coelhos, tratavam-nos com muito amor e carinho.
Afinal…o quase roubo dos ovos, foi um caminho para os meninos encontrarem uma verdadeira família. E nunca mais voltaram a roubar nada, nem a ter fome, nem frio.
E vocês?
Se fossem coelhinhos e encontrassem meninos de rua numa gruta, faziam a mesma coisa?
Também teriam roubado os ovos? Isso não se faz! Roubar é mau, e pode trazer-vos muitos problemas. Além disso, para os vossos papás, ia ser uma enorme tristeza, que soubessem que vocês roubavam.

FIM
Lara Rocha 
(2/Maio/2014)



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