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sexta-feira, 16 de maio de 2014

A PISCINA DAS BOLAS

                                                                        foto de Lara Rocha 


Era uma vez uma montanha muito alta, onde não vivia lá ninguém. Esta montanha ficava num sítio onde ninguém sabia sorrir. As pessoas da cidade andavam sempre carrancudas, e não se cumprimentavam.
            Um dia, os antepassados da aldeia, observaram atentamente das nuvens as reacções das pessoas.
- Não posso acreditar! Francisco olha para aquelas carantonhas? – Diz a Senhora Andreia
- Que medo! – Diz o Senhor Francisco  
- Aquilo são pessoas? – Pergunta a senhora Dára
- São. – Respondem Francisco e Andreia.
- Mas que estranhos que eles são…acho que até o homem das cavernas saberia sorrir. – Diz a Senhora Dára
- Alguma coisa não está bem! – Constata Fernando
- Pois não! – Acrescenta Emília.
- Acho que devíamos fazer alguma coisa para melhorar aqueles ares pesados. – Sugere a Senhora Dára.
- Sim, mas o quê? – Pergunta Sr. Francisco
- Tenho uma ideia…- Grita Emília
            Emília conta a sua ideia, todos estão de acordo e põem mãos à obra. Preparam uma enorme piscina de plástico, insuflável, cheia de bolas coloridas que fazem cócegas quando se pega nelas. Ao lado, põem uns trampolins com protecções, camas elásticas, arcas de bolas de sabão que saem aos milhares, pistas de gelo, piscinas quentes, corredores com sol e com neve, escorregas, baloiços e um restaurante.
            Pegam em tudo isso, e muitas nuvens levam-nas para a Terra, pousando-as no centro da cidade durante a noite.
- Tudo pronto! – Grita Emília.
- Está óptimo! – Elogia Fernando
- Agora eles vão sorrir, tenho a certeza. – Diz a Senhora Andreia, convicta.
- Com certeza! – Reforça o Sr. Francisco
- E a música, onde está? – Pergunta a Senhora Dára
            Aparece uma nuvem roxa muito pesada que traz a aparelhagem.
- Áh! – Dizem todos aliviados
- Só podias ser tu…- Comenta o Sr. Francisco
- E o que é que tem, ser eu? – Pergunta a nuvem roxa
- Estás velha e és pesada. – Responde o Sr. Francisco
            Ouve-se um trovão. A nuvem roxa estoura de zangada, em cima do Sr. Francisco, e molha-o todo.
- Olha o respeito! Já te viste ao espelho? Para a próxima mando-te um raio. – Ameaça a nuvem roxa.
- Desculpa…saiu-me! – Diz o Sr. Francisco
- Preconceituosos…só porque sou mais lenta e estou pesada, já sou velha? Faço as mesmas coisas que vocês. Mais ninguém se lembrou da música, só a velha não foi…? E a velha sou eu, imaginem se eu fosse nova como vocês! – Comenta a nuvem roxa
- Podes pôr ali a música, por favor? – Pede Andreia
- Ora vês…? Com certeza, querida Andreia. Ensina o careca como é ser educado. – Diz a nuvem roxa
- Careca? – Diz o Sr. Francisco muito indignado.
- É o que tu és…não é? – Comenta a nuvem roxa a rir
- Estás a vingar-te! Está bem…eu entendo
- Eu? A vingar-me? Não…! – E ri-se.
            Coloca a aparelhagem onde lhe pediram, sorri e todos dizem
- Muito obrigada.
            Vêm se está tudo a funcionar bem, e voltam para as nuvens. Na manhã seguinte muito cedo, as primeiras pessoas que se levantam ficam muito espantadas ao ver aqueles brinquedos todos.
- Áááááááááááhhhhhh…!
- O que é isto?
- O que vai haver aqui?
- Quem pôs isto aqui?
- Não está ninguém?
            Olha, e voltam a olhar para todos os brinquedos, e os antepassados sorriem. A nuvem roxa liga a música, todos estremecem, e olham para todo o lado. A nuvem roxa diz aos gritos:
- Bom dia! Gente…vamos lá largar essas trombas enormes…onde estão os vossos sorrisos? O sol sorri mais que vocês…sorri para vocês, e vocês retribuem-lhe com trombas! Ingratos! Vamos…tudo isso é para experimentarem. Um…dois…três…toca a sorrir.
            Os habitantes estão assustados, e não sorriem nem se mexem. A nuvem roxa chama outra vez a atenção:
- Experimentem…nada disso morde! Vamos…
            As crianças são as primeiras a experimentar. As cores das bolas chamam-lhes a atenção. Ouve-se uma música alegre e as crianças saltam para a piscina. As bolas começam a fazer-lhes cócegas. Elas começam às gargalhadas, e a mexer em todas as bolas.
Contagiam-se umas às outras, e todas começam a rir…a seguir, como se fosse uma epidemia, os adultos também começam a rir de ouvir o riso das crianças, e experimentam as camas elásticas. Eles gritam, saltam e riem como as crianças, andam em todas as brincadeiras, brincam com as crianças, riem às gargalhadas, rebolam, entram na piscina das bolas, dançam, e o melhor de tudo é que começam a sorrir uns para os outros, a trocar abraços e carinhos, a dar as mãos e a partilhar os brinquedos como as crianças.
É lindo de ver. Os antepassados estão felizes e orgulhosos.
E desde esse dia, a aldeia nunca mais foi a mesma! Desapareceram as caras trombudas, e apareceram caras com grandes sorrisos, e olhos brilhantes. Todos os habitantes da aldeia tornaram-se uma verdadeira e grande família, todos amigos, todos risonhos e sorridentes uns com os outros, começaram a fazer muitas festas, juntos. Ganharam mais saúde.
            O riso faz mesmo milagres. E vocês riem muito?
            Façam o favor de rir muitooooooo….

                                                           FIM
                                                           Lálá
                                                           (16/Maio/2014)
                                                            




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