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domingo, 1 de dezembro de 2013

A cidade leve

                                                                             foto de Lara Rocha 

        Era uma vez uma cidade, que se chamava cidade leve, porque lá, tudo era leve. Ficava no pico de uma montanha muito alta, onde quase ninguém conseguia chegar a pé…só de carro, e mesmo assim, era difícil. Um dia, Carolina, uma menina de 5 anos, quis ir visitar essa cidade de que todos os seus amigos, e muitos adultos falavam. Ela não sabia como se ia para lá, mas queria muito conhecer.
- Óh, mãe…onde fica aquela cidade que toda a gente fala?
- Fica naquela montanha…lá muito em cima. Porquê?
- Tu já foste lá alguma vez?
- Sim, algumas vezes. Foi lá que eu conheci o teu pai.
- Áh! Que lindo! (sorri) Eu queria ir lá!
- Para quê?
- Para conhecer, e encontrar lá o meu príncipe.
(A mãe ri-se)
- Um dia irás.
- Um dia?
- Sim. Quando fores mais crescida.
- Tu gostaste de ir lá?
- Sim! Muito.
- Então porque é que não vais lá outra vez, e levas-me…e o pai vai também.
- Filha, o teu pai está a trabalhar muito longe.
- Mas quando vier.
- É, pode ser…se ele quiser ir vamos, mas ainda não é já.
- Porque não vamos agora?
- Porque não dá para ir a pé.
- Mas podemos ir de carro…!
- Não!
- Porquê? Não tens carro?
- Tenho, mas agora estou muito ocupada.
- Óh!
- Já te disse que vamos lá um dia. Agora brinca.
Passou uma borboleta linda, gigante, nunca antes vista por aqueles lados, e ouviu a pergunta da menina. Pousou na janela e bate levemente no vidro, para a menina reparar nela. A menina olha para a janela e vê a borboleta.
- Áh! Que linda borboleta… (Abre a janela e sorri) Gigante! Uau! Olá!
- Olá! – Diz a borboleta com as asas a abanar levezinho.
- Que asas tão fininhas que tens, borboleta!
- Sim, são para eu voar.
- Não partem?
- Não!
- Nunca vi uma borboleta com umas asas como as tuas!
- É normal…eu não sou daqui.
- Não? De onde és?
- Sou da cidade leve. Conheces?
- Não…! Estava mesmo a dizer à minha mãe que gostava muito de ir a essa cidade, mas ela disse que é muito longe.
- Sim, é um pouco. Pode-se ir lá a pé ou de carro. É ali muito em cima.
- Como é que tu vieste cá para baixo? A pé?
- (ri) A voar, é claro.
- Óh. Quem me dera ser uma borboleta, assim como tu, tão bonita, e com essas asas…para poder voar até essa cidade, sempre que eu quisesse. Assim a minha mãe já não me dizia que ia lá um dia…!
- (sorri) Eu posso levar-te lá agora, se quiseres.
- A sério? (sorri) Sim, quero! Leva-me…por favor. Como vamos para lá?
- A voar!
- Mas…eu não tenho asas, como é que eu vou a voar? Lembra-te que sou uma menina…com pernas.
- Sim, eu sei. Mas eu tenho asas, e basta agarrares-te a mim.
- Áh! Está bem. Já percebi.
        A borboleta envolve a menina nas suas asas, e ela transforma-se numa menina muito leve…parecia quase uma boneca de ar…a borboleta leva-a para o pico da montanha, e pousa-a. Ela está encantada.
- Áh! Que linda paisagem! É tão alto…! E eu, estou tão levezinha…pareço uma borboleta. Que giro!
- Sim, é muito alto, mas vale a pena entrar. Deixo-te aqui, minha querida. A entrada é ali, naquela gruta.
- Tem bilhete?
- Sim.
- Mas eu não tenho dinheiro.
- Não é a pagar…na entrada vão-te dar o bilhete.
- E tu, não vais?
- Ainda não…ainda vou dar umas voltas lá por baixo.
- Mas vives aqui?
- Sim, vivo aqui, foi por isso que te trouxe, e é por isso que sou tão leve!
- Áh! Boa! Obrigada.
- Bom passeio.
- Obrigada, para ti também.
- Vemo-nos por aí…!
- Espera…como é que eu volto lá para baixo?
- Depois lá dentro, vão dizer-te como…
- Está bem.
- Diverte-te!
- Obrigada, tu também.
        A borboleta segue a sua viagem, e a menina entra na gruta. A entrada para essa cidade, era feita numa gruta de espuma, com milhares de bolas de sabão que flutuavam por todo o lado. O bilhete para quem quisesse entrar era uma pena de pato. Quando entravam nesta gruta, todas as pessoas ficavam muito leves.
Os visitantes eram recebidos de forma muito simpática, e sorridente, por uns guardas com fatos de asas de borboletas, que recebiam os bilhetes, e levavam as pessoas que queriam a um comboio, com carruagens feitas de nuvens, guiadas por balões. Era uma viagem encantadora por toda a cidade.
- Eu quero andar no comboio! Que giro…um comboio de nuvens…Áh! Nunca pensei que houvesse comboios de nuvens… é muito confortável. Os bancos são macios, fofinhos.
(Carolina anda de comboio, feliz, e encantada com o passeio. Admira tudo o que vê, e sorri. Sai do comboio, e vai para o jardim).  
Quem não queria ir de comboio, ia a pé, pelo chão que era um enorme colchão fofo, de cor verde, e relva muito macia. As pessoas andavam descalças ou em meias, e era muito confortável, de forma muito leve, uns mais depressa, outros mais devagar. Parecia que de repente estavam no espaço.
As árvores eram feitas de esponja, e de espuma, as folhas eram de veludo, as flores eram de todas as cores, feitas do mesmo material que as árvores e as folhas, e de gelatina. Dava gosto tocar.
Carolina toca em tudo saltita, rebola, ri, e segue o passeio, pelos bairros, onde umas casas eram feitas de nuvens e de bolas de algodão, outras eram de espuma, outras eram de esponja, outras de penas, e outras de veludo.
Umas casas eram redondas, em forma de cogumelos, outras em forma de planetas, outras em forma de lua, e de sol, outras em forma de gotas, e de muitas outras formas.
Havia laguinhos com água muito fresca e leve, piscinas de espuma, e água quente, o vento quando havia era leve, e suave, agradável, e a chuva era quase sempre leve.
Também havia lá animais, que eram leves, voavam livremente. Carolina ainda tem tempo de fazer novos amigos, brincar com eles, e provar petiscos da cidade.
A menina adorou tudo! Depois de correr toda a cidade, a pé e de comboio, de brincar muito, encontrou outra vez a borboleta gigante, e pediu-lhe para a levar para casa. A borboleta envolve-a outra vez nas suas asas, e leva-a.
A menina regressa a sua casa, feliz. Era o que acontecia com quem ia lá visitar essa cidade: era tudo tão leve, tão bonito e agradável, que até os corações e as cabeças das pessoas ficavam em paz, leve.
Quem lá ia, voltava para o planeta terra, leve, feliz, cheio de bons sentimentos, e diferente.
- Obrigada, linda borboleta! Adorei! Volta sempre.
- (sorri) De nada…sim, voltarei. Sempre que quiseres ir lá. Há muito por descobrir.
- Está bem. Obrigada. Não queres ficar mais um bocadinho?
- Não…! Tenho de voltar.
- Boa viagem…
- Obrigada.  
A borboleta levanta voo. Carolina deita-se no chão da sua sala, perto da lareira, coberta com uma manta, e com o seu cão aos pés, também a dormir. A mãe vai ter com ela.  
- Mamã…eu fui à cidade leve! É linda. Quero ir lá contigo outra vez contigo.
- Estavas a falar com quem?
- Com a borboleta que vive na cidade leve, e que me veio buscar.
(A mãe ri-se e faz de conta que acredita)
- Ai foi? Áh. E gostaste?
- Sim, adorei. Vou voltar lá mais vezes.
- (sorri) Está bem, mas agora vais lanchar.
        A mãe pensou que era tudo imaginação da Carolina. Mas Carolina voltou mais vezes, nas asas da borboleta gigante, e cada vez, conheceu melhor a cidade leve…cada vez gostou mais. Depois, tal como a sua mãe tinha prometido, passado muito tempo ela foi com os pais à linda cidade leve.

FIM
Lálá
                                               (1/Dezembro/2013) 

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