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quinta-feira, 26 de março de 2020

o ator e as palavras - poema





O ATOR E AS PALAVRAS

O ator tem o poder de transformar,
Um conjunto de palavras num espetáculo.
Brinca com elas,
Apanha-as no ar…
Recebe-as do vento,
Da chuva que cai lá fora,
Do riso e sorriso inocente das crianças,
Dos olhares brilhantes de felicidade,
Das lágrimas e do olhar vazio de tristeza,
Da solidão,
Do silêncio,
Das estações do ano,
Das estrelas,
Dos sonhos.
O ator colhe nas ondas do mar,
A energia e a força que precisa
Para transmitir o que sente.
Mergulha no seu interior
Para dar veracidade às cenas,
Colhe as melhores palavras,
Onde quer que seja…
Para provocar nos outros que o veem,
Alguma emoção.
Desperta
O que muitas vezes está
Adormecido
Em cada um de nós!
As palavras são como um interruptor.
Saltitam em cada batida do coração…
Sobem, ou perdem-se pelo caminho…
Como bolas de sabão que se desfazem
Ao chegar ao chão.
Surgem ao ritmo do respirar…
Umas vezes lento,
Calmo…sereno…suave…
Agradável…amável…
Outras vezes acelerado,
Ansioso, inquieto, agitado, nervoso…
Agressivo, violento…intenso…
O ator usa e procura
Palavras…
Muitas, ou poucas…
Umas simples, outras mais complicadas,
Mas com elas tudo ganha um novo sentido.
O ator
Dá vida às palavras,
Escritas a preto,
Frias,
Distantes,
Umas doces, outras amargas…
Umas que fazem rir…
Outras que fazem chorar…
As que despertam nos outros
Qualquer emoção…
As que fazem sonhar…
Outras que espelham a alma.
Umas palavras são como facadas,
Quando as ouvimos…
Gelam-nos,
Arrepiam-nos,
Assustam-nos,
Atravessam-nos,
Fazem-nos tremer,
Apertam-nos o coração.
Outras…
São canções de embalar,
Delicadas como flores…
Ou como gotas de chuva…
Suaves…meigas…derretem-nos!
Despertam todos os sentidos.
Com as palavras,
O ator
Faz nascer nos outros,
Mais palavras
Quando pensam no que ouviram.
As palavras voam de uns papéis
E repousam noutros…
Como borboletas…
Livres, soltas, desordenadas,
E juntam-se a outras palavras
Para formarem muitas outras…
Essas palavras…como borboletas…
Percorrem longos caminhos,
Voam
De cérebro em cérebro,
De papel em papel,
De livro em livro,
De boca em boca,
De alma em alma,
De ouvido em ouvido,
De mão em mão,
De sorriso em sorriso,
De lágrima em lágrima…
Deslizam
Do cérebro e da alma,
Pelo braço fora, até à mão…
Que as liberta.
Elas não param.
Essas palavras
Retribuem a quem as apanha,
E a quem as faz viver…
Dando vida
Ao ator,
Ao escritor,
Ao leitor…
A toda a gente…
Pois, através delas,
Das palavras,
Pensamos,
Sentimos,
Transmitimos,
Compartilhamos,
Rimos,
Choramos,
Vibramos,
Vivemos…
As palavras são mágicas…
São um dos instrumentos de trabalho
Do ator.
Têm muito poder!
 
Lara Rocha 

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