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quinta-feira, 26 de março de 2020

monólogo Crise de identidade

      


    Quem sou eu? Não sei. Sei lá! Sou... um poeta sem nome! Poeta, ou poetiza, mistura dos dois, características de um e de outro. Não sei. Não conheço, nem reconheço aquela imagem aqui à minha frente! Estou confusa. Dizem tanta coisa de mim, mais más, do que boas. 
    Toda a gente fala de mim, sobre mim e acham que sabem exatamente quem eu sou! Sabem mais do que eu, ou acham que sabem? Se eu não sei, como é que eles sabem? E agora, quem tem razão? Eles, ou eu? 
    Devem ser eles. Se dizem que sabem bem quem sou...Talvez nem eles próprios saibam quem são, e estão agora armados em sabicholas, a pensar que me podem ajudar muito, e que só eles é que sabem quem sou. Não interessa! 
    Também, tanto faz, não interessa o que sou. Sou muitas coisas, muitas pessoas, muitas vozes, muitas almas, muitos sonhos, muitas desilusões.
Muito amor, muita dedicação, muito carinho...Sou principalmente uma porta 
aberta para deixar voar as palavras. 
    Aquelas palavras...As minhas, as tuas, as de muita gente que tem de as calar! Sou a voz das vozes, aquelas vozes que são caladas, aquelas vozes consideradas pecadoras, aquelas vozes que têm de ser sufocadas. 
    Sou os gritos calados, das dores não expressadas. Sou as transformações, sou as dores, sou os desgostos, sou as realizações. Sou as almas tristes, solitárias, dolorosas, incompreendidas. Sou às vezes a maldade, sou a revolta, mágoa, rancor...Sou eu! Sou tu, sou o Mundo. 
    Sou o amor, sou o riso, sou as lágrimas, sou a infância, sou a brincadeira, a dança, a alegria, a tristeza, a festa. Sou quem já não sou, sou quem já fui e que não sou agora, mas sou eu! 
    Sou corpo, sou alma, sou água, sou leveza, peso, sonho, realidade. Sou pureza, mistério, escuridão, luz, brilho. Sou caminho, e caminhos...Sou trilho, encruzilhada.     Sou lobo, sou mocho ou coruja, sou joaninha, borboleta, coelho, formiga, ave, Águia. Sou anjo, sou demónio, sou cavalo com asas, gato, e cão, tigre, raposa... Sou humana! Sou eu! Como tu! Sou, somos... Diferentes! 
    Sou raça, sou selvagem, sonhadora, guerreira, sábia. Sou silêncio e ruído, sou montanha, sou rio, riacho, praia, selva, floresta, cidade. Sou gaivota, pérola, fantasia, amizade, vaidade. Sou tudo o que tu és. 
    Sou eu! Sou humana! Sou, somos... Sou medo, sou sensível, sou meiga. Sou simpatia e antipatia, sou verdadeira, sou mel e fel. Sou doce e amarga, boa e má, Luz e escuridão, Serenidade e revolta. 
    Sou palco, palmas, risos, ilusões. Sou quem sou! Sou eu, sou humana. Sou! Sou paz. Somos! Sou as palavras soltas de um poeta sem nome! 
                                                                 
                                                         Lara Rocha

                                                       
 

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