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sexta-feira, 27 de março de 2020

monólogo - máscaras


desenhada por Lara Rocha



MÁSCARAS 


          Máscaras… O Carnaval é só uma vez por ano…Mas todos os dias, cada um de nós, crianças e adultos, usamos máscaras «invisíveis» aos outros, mas nós...temos plena consciência delas! Às vezes usamos uma só máscara, outras vezes usamos várias de acordo com os contextos por onde passamos ao longo do dia, e das pessoas com quem lidamos! 
         Essas máscaras... variam entre o sorriso...aberto, para darmos a entender aos outros que estamos felizes, que estamos bem, que somos fortes, e para cativarmos os outros, mas se tirarmos essa máscara, existe outra por baixo... a verdadeira. Que mostra sorriso amarelo, ou sorriso cínico, forçado, que depois de revela em comentários nas costas. 
         Outras máscaras não são tão atraentes, mas aproximam-se mais da verdadeira máscara por trás dessa. Quando mostramos um ar mais sério, mas aparentemente sereno, e até sorrimos ligeiramente, falamos docemente, transmitimos palavras positivas, simpáticas, bonitas, agradáveis, doces, meigas, mas essa máscara cai...nas palavras ditas em sordina com alguém que sente o mesmo, ou nas expressões de raiva, de inveja, de ciumes, nas caras pesadas, nas frustrações. 

         Usamos máscaras de anjos que quando caem, mostram diabos. Outras vezes usamos máscaras de maus, mas no fundo, deixamo-la cair e mostramos máscaras de bonzinhos. Umas vezes fingimos tão bem, que está tudo bem, quando na verdade, se nos tirassem a máscara, veriam lágrimas de tristeza, de dor, de rancor, de raiva.
         Essa máscara, serve para os outros, mas na nossa privacidade, em família ou sozinhos, tiramos as máscaras. Todas caem, ou deixamos cair, e somos apenas nós. A nu… com as nossas qualidades, os nossos defeitos, e os nossos medos, as nossas frustrações, os nossos desejos, os nossos medos, as nossas maldades, pensamentos, sentimentos, asneiras, indecisões.
         E caem as máscaras porque… somos humanos, de carne e osso, e não de ferro. Tentámos e fingimos com as máscaras...ser de ferro, ou de pedra, fingimos que somos fortes, só para não perder os outros...para que os outros nos apreciem. Fingimos que estamos bem! Fingimos que somos felizes. Para os outros. Pois...os outros, mas esquecemo-nos que os outros também usam máscaras.
        E também as máscaras deles caem. Na claridade, ou na escuridão, à nossa vista ou longe de nós. Se caem à nossa vista, muitas vezes, a desilusão é imensa. E a dor, as chatices. Outras vezes, quando caem, à nossa vista, ou longe de nós…se caem à nossa frente, experimentamos e conhecemos descobertas inacreditáveis, revelações incríveis, surpresas impensáveis. Se  não as vemos cair...às vezes «engolimos» as máscaras que nos mostram, outras vezes, quando a máscara é falsa, denuncia algo da máscara verdadeira, fingimos que acreditamos.
        Por mais transparentes que sejamos...ou que queiramos ou tentemos ser, por vezes, as máscaras caem sem querermos, e as verdadeiras máscaras mostram-se. É aqui que muitas relações começam a correr mal, pois ninguém tem capacidade de segurar a mesma máscara falsa, muito tempo e sempre.
        Os olhos, as verdadeiras máscaras, cansam-se, sentem-se sufocados, e denunciam a verdadeira máscara. Há máscaras e máscaras. Umas bonitas, outras feias, mas todas servem para alguma coisa, quanto mais não seja, para cobrir a verdadeira máscara. E não é preciso ser Carnaval para usarmos máscaras. Todos as usamos, no trabalho, em casa, no lazer...com família, com amigos íntimos, com colegas. Apenas connosco...usamos as verdadeiras máscaras, quando não temos de mostrar aos outros.

                        Lara Rocha
                     21 /Março/2018
        


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