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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

GATINHA E COMPANHIA

            
Era uma vez uma gatinha ainda jovem que se chamava ESTRELA. Saiu de casa bem cedo, e foi passear. Vivia sozinha num tronco de uma árvore, na mesma floresta que os seus pais, uns troncos mais à frente. Antes de sair, passou na casa dos pais e disse-lhes que ia estar todo o dia fora, porque ia dar um passeio.
            Seguiu pela floresta, a cantarolar, e na fonte amarela estava uma amiga sua, outra gatinha, que se chamava MIZA e era uma excelente cozinheira. Estava a encher uma garrafa de água. As duas cumprimentaram-se:
- Olá MIZA! Queres ajuda?
- Olá ESTRELA, não obrigada. Estou a encher água para os meus cozinhados. Mas já tenho mais água lá.
- Áh! Está bem. Eu vou passear.
- Fazes muito bem. Aproveita porque não falta muito para vir a chuva!
- A sério?
- Sim. Ouvi a Dona Mariana a dizer.
- Bem, então se foi a Dona Mariana a dizer, acredito!
- Pois.
- E quando é que ela se queixou?
- Já ontem se queixou!
- Áh…então vem já amanhã.
- Sim, é o mais certo.
- Até logo, então!
- Até logo. Bom passeio.
- Obrigada.
            A ESTRELA segue o seu passeio, e a MIZA vai para o seu restaurante. A gata Mariana é uma gata velhinha que sente nas suas patas as mudanças de tempo. Quando lhe doem, já todos ficam a saber que vai haver chuva ou frio. E nunca falha, é mais certo do que um boletim meteorológico.
Nem de propósito, quando a ESTRELA passa, estava a gata Mariana estava ao sol, com a cabeça coberta, a gemer um pouco.
- Bom Dia, Dona Mariana.
- Bom Dia, filha. Estás boa?
- Sim, obrigada, e a Dona Mariana?
- Ai, eu estou cheia de dores nas minhas patas. É por isso que estou a apanhar sol, porque faz-me muito bem.
- Alivia as dores?
- Sim, bastante. Mas prepara-te, porque vem aí uma mudança daquelas que está capaz de nos levar pelos ares.
- Ui…vento?
- Vento, frio e chuva. E olha que pela minha experiência de vida, que já é muita, será já amanhã.
- Que medo! Então vou mesmo aproveitar hoje.
- Isso mesmo. E queres um conselho? Não te afastes muito, porque vai piorar ainda hoje.
- Onde ouviu isso?
- Os meus ossos disseram-me.
- Áh! Realmente, já está mais fresco…
- Está. Vai, filha, não percas mais tempo.
- Não precisa de nada?
- Não, muito obrigada.
- Até logo, então.
- Até logo.
            A gata Mariana fica a apanhar sol, e a gata ESTRELA segue caminho, pensativa.
- Está um sol tão bom, que até custa a acreditar que vai piorar.
            Encontra três gatinhas: a DÁRA, a CLARA e a LUA. Amigas desde a infância. Abraçam-se alegremente, e vão passear as quatro juntas. Pelo caminho apanham flores, conversam, riem, brincam, e nem se apercebem que está uma armadilha montada no chão. Tem um buraco não muito fundo, tapado com folhas. Lá dentro está um lobo.
            Elas caem ao buraco, a gritar, e gritam ainda mais quando vêem o lobo. O lobo grita com elas, porque também se assustou. Elas pensaram que o lobo lhes ia fazer mal. Mas estavam enganadas.
            Depois do primeiro susto, o lobo pergunta:
- Estão bem? Magoaram-se?
            Elas ficam muito surpresas com aquela pergunta.
- Vais-nos comer? – Pergunta a gata Clara
- Óh não! – Dizem todas.
- Não! – Diz o lobo.
- É por isso que estás a fazer-te de preocupado? – Pergunta a gata Dára
- Não! Calma…peço desculpa. – Diz o lobo
- Ãh? – Exclamam todas
- Um lobo a pedir desculpa…? – Pergunta a gata Lua
- Muito estranho! – Diz a gata Estrela
- Posso explicar, por favor? – Pede o lobo
- Foste que fizeste esta armadilha? – Pergunta a gata Dára
- Para nos caçares? – Acrescenta a gata Lua
- Não! Não é uma armadilha, muito menos para vos caçar. – Garante o lobo
- Não? – Perguntam todas
- Não. Eu é que tive de me esconder aqui, de um maldito cão. – Disse o lobo
- O quê? – Perguntam todas
- Sim! Isso mesmo. Eu estava muito sossegado, a dar o meu passeio, e esse cão, deve ter pensado que eu ia comer as ovelhas, começou a correr atrás de mim, a ladrar, e a mostrar os dentes…que medo! Comecei a correr, e vi este buraco aqui, que já é desviado do campo, para me esconder daquele cão maluco. Pus as folhas por cima. Ia sair daqui a bocado, mas fiquei cansado do medo. Eu ai ser comido! – Conta o lobo
- Ááááááhhhh…!
- Mas dizem que os lobos é que comem outros animais. – Diz a Lua
- Sim, isso é fantasia dos homens. Quer dizer…pode haver alguns da minha espécie, que com a fome, não tendo mais nada atacam…mas a maior parte, agora, já não tem de fazer isso. Felizmente! Eu…sempre tive que comer, nunca precisei de atacar…só para me defender. E mesmo assim, antes de atacar, tento conversar. Quando vêem um lobo, acham logo que é mau. Os lobos também têm medo de outros animais, principalmente daquele de duas patas. – Explica o lobo
- Duas patas? – Perguntam as gatinhas
- Sim…o homem! – Diz o lobo
- Áh! – Respondem em coro
- Então és um lobo bom. – Diz a Lua
- Sim. – Garante o lobo
- Será que podemos confiar nessa tua bondade? – Pergunta a Clara
- Podem. Não acreditem em tudo o que vos dizem, principalmente sobre nós. – Garante o lobo
- Podes ajudar-nos a sair daqui? – Pede a Estrela
- Claro que sim. Subam para as minhas costas. – Diz o lobo
            Elas sobem para as costas do lobo, e ele sai do buraco com elas, num salto. Já em terra firme, fora do buraco, respiram todos de alívio.
- Obrigada! – Sorriem as gatinhas
- De nada…foi um gosto. – Diz o lobo
- E agora, vais embora? – Pergunta a Dára
- Sim. Vou para casa. – Diz o lobo
- Queres fazer-nos companhia? – Pergunta a Estrela
- Por onde vão? – Pergunta o lobo
- Por aqui…sem nenhum sítio específico. – Diz Estrela
- Está bem. Posso levar-vos a sítios fantásticos que tenho a certeza que não conhecem. – Sugere o lobo
            E o lobo acompanha as gatinhas, numa conversa muito animada. Afinal este lobo é mesmo bom, simpático, e brincalhão. Elas riem muito e brincam com ele. Ele leva-as a cantinhos da floresta que as gatinhas nem faziam ideia que existiam.
Passam por cascatas entre rochas, campos muito verdes cheios de cavalos a correr livremente, pequenas praias selvagens de areias brancas, e águas muito limpas, cheias de pássaros raros, coloridos.
Provam algumas frutas que cheiram bem e sabem ainda melhor, e elas nem sabiam que existiam, almoçam juntos num restaurante de sonho que o lobo conhecia muito bem, e comem maravilhosamente.
De tarde, visitam umas grutas com candeeiros feitos de estalactites brilhantes, e luzes de várias cores, lagos com cristais e pedras preciosas, e uma feira com divertimentos para gatos.
Na feira, elas experimentam todos os brinquedos, e jogos, felizes, riem, e fazem novas amizades com novos gatos e gatas. Trocam contactos uns com os outros, e prometeram voltar a encontrar-se em breve, porque adoraram conhecer-se e brincar juntos.
Quando saem, de repente, olham para o céu, e reparam que está cheio de nuvens carregadas, escuras.
- Ááááááhhhh… - Exclamam todos surpresos
- Olha que escuro que está! – Repara o lobo
- Ainda de manhã estava sol… - Diz a Lua
- Pois estava. Mas a Dona Mariana bem tinha dito que ia haver uma mudança daquelas de nos levar pelo ar… - Lembra a Estrela
- A sério? – Perguntam todas
- Sim.
- Acho melhor voltarmos para casa…não? – Sugere o lobo  
- Claro que sim.
- Óh…eu estava a gostar tanto de estar aqui… - Diz Lua
- Eu também! – Acrescentam todas
            E voltam para casa, com o lobo. Afinal não se desviaram muito, só que nunca tinham andado por aqueles lados. Conversam alegremente, e riem bastante.
            Mas que sorte…quando elas iam quase a chegar a casa, começam a cair as primeiras pingas. O lobo fica com o contacto delas, para se encontrarem outra vez, e segue para a sua toca, e as gatinhas para as suas casas.
Desata a chover torrencialmente, com um forte vento. Felizmente estão todos recolhidos. A gata estrela liga aos pais, para ficarem descansados que já está em casa, e que passou um dia fantástico, conheceu novos amigos, e viu sítios mais que bonitos…prometeu levá-los lá quando estivesse bom tempo.  
            Este foi o passeio da gatinha Estrela, das suas amigas, e do lobo bom.

FIM
Lálá
(30/Janeiro/2015)


  


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