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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O ÍNDIO DA FLORESTA

                                              
Era uma vez um índio que comandava toda uma enorme comunidade de famílias de índios. Todos tinham bons corações, viviam em paz e em comunhão com a natureza.
     Um dia, um dragão com penas enormes, muito belas e cheias de cor atraiu os índios, que ficaram hipnotizados com a beleza e os movimentos misteriosos desse dragão.
      O que eles não sabiam é que esse dragão tão bonito tinha sido criado por uma bruxa malvada que vivia na caverna de um vulcão adormecido. Essa bruxa criou o dragão para tornar os índios muito frios entre si, e para que andassem sempre zangados.
        Como os índios não sabiam isso, aconteceu mesmo. O dragão sobrevoou durante muito tempo a comunidade, e de um dia para o outro os índios começaram a relacionar-se muito mal!
Deixaram de se respeitar, estavam sempre a provocar-se e a implicar uns com os outros, parecia que se tinham esquecido de como se sorria, e que de repente não se conheciam, todos gritavam uns com os outros, lutavam, agrediam-se, chutavam-se.
A bruxa estava disfarçada entre as penas coloridas do dragão, e via tudo o que estava a acontecer. Estava a ficar realmente muito satisfeita e feliz, por ter conseguido o que queria. Por isso, sentia-se muito poderosa e ria às gargalhadas.
O índio não gostou nada do que viu. Começou a achar tudo muito estranho, e que talvez fosse mesmo um feitiço, mas não tinha a certeza, por isso, decidiu reunir a comunidade, muito preocupado.
Até nesta reunião não se entenderam. Em vez de se cumprimentarem. Peguinharam uns com os outros, até a escolha do lugar onde cada um ia ficar, provocou discussão. Nunca outra tinha acontecido antes.
O Índio grita:

- Silêncio!

        Todos obedecem.

- Mas o que é que se passa convosco? Não estou a perceber! Nós, que éramos uma família, que nos dávamos todos muito bem, e vivíamos em paz…éramos simpáticos e carinhosos…e agora…andamos à luta, discutimos…por tudo e por nada?! Não estão a cumprir as nossas leis! Um dia destes teremos as consequências dos nossos antepassados. Eles estão com certeza muito desiludidos. E os vossos olhos, que estranhos que estão…

        Faz-se silêncio. Ninguém responde.

- Então? Alguém vos ofereceu alguma bebida estranha?

- Não! – Respondem todos os índios

- Então, porque mudaram tanto?

- Não sei! – Respondem todos

- Como não sabem?

Ele olha para cima e vê o dragão

- Óh não…-Suspira o dragão.

- Acho que fomos descobertos! Maldição! – Diz a bruxa.

- Estava tudo a correr tão bem… - Murmura o dragão  

– Até eu, estou fora de mim! Acho que este dragão tem alguma coisa a ver com isto.

- Eu não! Não tenho nada a ver com isto. – Grita o dragão

- Mas eu sim! – Grita e ri a bruxa às gargalhadas

        O dragão aterra.

- Claro…só podias ser tu! Maldita! – Comenta o índio

- Olá! Estava com saudades tuas…! – Diz a bruxa com gozo fininho

- Cala-te! Não sabes o que é ter saudades. Porque não deixas a minha comunidade em paz…? – Pergunta o Índio

- Já disse…porque tinha saudades tuas. – Insiste a bruxa

- Mas estás louca? Quer dizer…sempre foste…

- Não estás a ser simpático comigo…

- Nem tenho de ser… tu não mereces.

- Ai…

- Ai…digo eu! Foste tu que puseste a minha comunidade assim, não foste?

- Fui!

- O que pretendes com isso?

- Adoro vê-los a dar-se mal…odeio como vocês se entendem.

- O quê?

- Claro é horrível aquela meladice deles…que seca! Que monotonia…assim estão muito melhores.

- Para ti, minha monstra. Claro, como não estás bem, nunca soubeste o que é uma família, nem o que é o amor…achas que ninguém tem direito a ter… sabes uma coisa…no fundo tenho pena de ti! Sentes falta de alguém que te ame, que te mostre como é bom ser amado, e amar…! Mas não sou eu quem te vai mostrar.

- Tantas palavras horríveis! Nunca precisei dessas porcarias.

- Mete essa língua nojenta e poluída no saco, quando falas sobre o bem, e sobre o amor…porcaria és tu!

- Ai, até fiquei vaidosa, agora! Obrigada! – Diz a bruxa

- Não te fiz nenhum elogio.

- Para mim, é um elogio, chamares-me porcaria!  

- És uma infeliz… Põe-te a andar para a tua toca…deixa-nos em paz.

- Mas eu não quero.

- Mas eu não quero saber o que é que tu queres, ou não. Já sei que só queres o mal, mas nós queremos o bem…por isso, aqui não és bem-vinda.

- Estás a expulsar-me?

- Sim, estou.

- Não pode ser…estou destroçada. – Ri a bruxa

- Cala-te…e põe-te bem longe daqui…fizeste algum feitiço com o meu povo?

- Fiz. Não gostaste?

- Não. Desfaz imediatamente, antes que tenhamos mais problemas.

- Óh…que ingrato…eu ofereci-te uma prenda com tanto carinho, e agora estás a escorraçar-me? – Diz a bruxa com ar de gozo

- Não sabes o que dizes…desaparece…!

- Não sejas assim…

- Espero que um dia, alguém te ensine e te mostre o que é o bem, e o que é amar.

- Só nos meus maiores pesadelos.

- Tens medo das coisas boas…claro!

- Não preciso de nada dessas coisas.

        Um antepassado em forma de águia voa, dá um sonoro grito, e atira setas à bruxa e ao dragão, que gritam e desaparecem, e o povo desperta, voltando ao normal.

- Mas o que é que aconteceu? – Pergunta um índio

- O dragão cheio de cor que viram, com as penas cheias de cor, afinal era uma armadilha da bruxa! Era ela que estava a fazer com que se tornassem uns autênticos primitivos selvagens. Para a próxima tenham muito cuidado com as belezas que vêem os vossos olhos. A beleza é perigosa.

- Fomos enfeitiçados? – Pergunta uma Índia

- Sim! Mas já passou.

        Os índios fazem uma roda à volta de uma fonte e deixam-se molhar pelos jactos de água potentes, de vários pontos da fonte. Depois, mergulham num mar paradisíaco, com águas muito limpas, serenas, de mãos dadas. Largam as mãos, e nadam livremente.
No fim, secam-se ao sol, na areia e por cima voam lindas fadas que espalham pós de amizade, amor, carinho, respeito e felicidade. É um ritual de purificação, quando são invadidos por más energias.  
Aparece também a fada da família que envolve toda a comunidade numa luz brilhante que os vai defender da maldade. Pedem desculpa uns aos outros, abraçam-se e tudo volta à paz de sempre.
        Fazem um belo jantar, onde antes de comer e beber, agradecem aos antepassados e pedem protecção contra as maldades da bruxa invejosa…e a festa dura até de manhã, com muita alegria, risos, trocas de carinhos, danças e brincadeiras.
        Toda a comunidade volta a viver como uma grande e verdadeira família, amiga, unida e feliz. o chefe índio está realmente orgulhoso.

FIM
Lálá
                                         (15/Janeiro/2015)



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