Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A PONTE DE LUZ

                           
    
                                                                        foto de Lara Rocha 


            Era uma vez um menino que estava muito triste, e farto de ouvir notícias sobre Guerra. Um dia, perguntaram-lhe qual era o seu maior sonho, e ele respondeu que era o mundo e os povos viverem em paz.
Todos riam desse seu sonho, e pensavam que só dizia isso para não revelar o seu verdadeiro sonho. Ele não se importava que se rissem, e garantia-lhes que ia conseguir.
Parecia que quanto mais se riam, mais vontade ele tinha de levar o seu sonho adiante e torná-lo realidade. Todos os que o rodeavam, sabiam e achavam que esse era um sonho bonito, e bondoso, mas nunca seria possível de realizar…só nos seus sonhos.
- Não vou desistir do meu sonho…o mundo precisa do meu sonho! Mesmo que ele pareça difícil, vou tentar.
Decidiu que ia construir uma ponte para unir os povos que andavam em Guerra. Mas não era uma ponte qualquer, de ferro. Era uma ponte de luz.
Pegou num globo terrestre, em forma de candeeiro, e pousou numa duna de uma areia. À volta do globo, pôs várias velinhas acesas e em silêncio, rezou pela paz no mundo.
O vento soprou forte, e apagou as velas. Ele respeitou o vento, e acendeu-as de novo, sem protestar. Rodou o globo devagar e rezou pela paz, e as velas voltaram a apagar.
- Então? Porque estás a apagar as minhas velas?
            Uma planta da areia respondeu:
- Porque tu estás a fazer fogo, e eu tenho muito medo.
- Mas é por uma boa causa…é um fogo controlado.
- Não interessa. É fogo.
- São velas…luz…para o mundo que anda em guerra.
            A planta dá uma gargalhada, juntamente com o vento, mar e as gaivotas.
- Essa é boa! – Diz a planta às gargalhadas
- Deves achar que és um super herói com poderes não? – Acrescenta o vento a rir às gargalhadas
- Achas que vais fazer milagres? Só se mudares cabeças…isso, amigo, só nos teus sonhos, porque essas estão cada vez pior…cada vez mais loucas. – Comenta uma gaivota
- É por isso que andam em guerra! Por muito que queiras, nunca vais mudar isso! – Comenta o mar
- Porque não? – Pergunta o rapaz
- Coitado…ainda vives num mundo da fantasia, da ilusão… - Diz a gaivota a rir
- Porque é que estão a ser tão pesados…? – Pergunta o rapaz
- O que tu queres fazer é lindo, mas é impossível. – Diz a planta
- Porque não? – Pergunta o rapaz
- Porque o ser humano está louco, desequilibrado, cheio de maldade. Basta ver o que fazem comigo, e com o outro igual a ele. – Diz o mar
- Sim, isso é verdade…mas por isso mesmo é que precisa de luz! E eu vou construir uma ponte de luz, para unir os povos, para a paz… querem ajudar-me?
            Todos riem.
- Está bem, super poderoso…como vais fazer isso? – Pergunta a planta
- É. Eles não vão ver as tuas velas, de que é que adianta? – Comenta a planta
- Vão…claro que vão. – Garante o rapaz
- Vais tirar uma foto, e publicar algures…por todo o lado? – Pergunta o vento
- Pode ser uma ideia…mas a minha intenção, o meu pensamento vai para o Universo…! Os meus pensamentos de paz, de amor…
- Ááááhhh…ele não diz coisa com coisa! Coitadinho… - Comenta o mar
- Verão! – Diz o rapaz
- O que tem o verão? É bom, mas ainda falta muito para chegar. – Diz a gaivota
- Verão, com os olhos o que vai acontecer. – Responde o rapaz
- Tu estás bem? – Pergunta a planta
- Estou óptimo. – Garante o rapaz
- Estou para ver! – Diz o vento a gozar
- Deixemo-lo sonhar. Não ofende ninguém. – Diz o mar
            E faz-se silêncio. Todos ficam muito atentos ao que ele vai fazer. Ele volta a acender velas, e agora ficam acesas. Nessa noite, outro jovem bondoso, vê as velas a arder na areia à volta do globo. Aproxima-se, e fica pensativo.
- Para que será isto? – Pergunta o rapaz
- É para a paz no mundo…uma ponte…que um rapaz diz que vai construir. – Responde a planta
- O quê?
- É.
- Áááhhhh…está bem. É giro. A intenção é boa…
            Ele levanta-se, olha para as velas, e reza. Vai a casa, traz várias velas, e acende-as, juntamente com as outras. No dia seguinte, o rapaz que começou fica comovido ao ver que tinha mais velas acesas.
- Afinal não sou só eu que tenho este sonho…
            E acende mais velas. O outro rapaz, informou os amigos, e os familiares, e toda uma aldeia juntou muitas velas, e acendeu-as à beira das outras. Todos rezam.
De dia para dia, as velas aumentam, e o rapaz criador do sonho, fica cada vez mais feliz, desenha o nome dos países que estão em guerra na areia, e une-os com as velas acesas. E o globo no cento.
E há cada vez mais velas. Gente de todo o lado, acende velas. Ao fim de algum tempo, depois de todos se juntarem de mãos dadas, e rezaram, de olhos fechados, aconteceu algo mágico: o cordão humano transforma cada vela numa linda pomba cheia de luz.
Quando abrem os olhos, ficam de boca aberta, e encantados com as lindas pombas, que voam ao mesmo tempo. Todos aplaudem e o jovem que começou, grita:
- Paaaaaaaaaaaaaaaaazzzzzzzzzzz! A ponte vai começar a ser construída…muito obrigado a todos. Quem quiser colaborar…
            Todos se oferecem de imediato. Na areia escrevem outra vez o nome dos países que andam em guerra e fazem uma ponte de velas a uni-las.
Durante vários dias e noites, o rapaz e os que quiseram colaborar, juntaram-se, deram as mãos e acenderam velas. Pelo menos naquele momento sentiam uma imensa paz, e muitas outras pombas de luz voaram.
            Correu mundo, e em muitos países, milhares de pessoas seguiram o seu exemplo. Ao fim de vários meses, as pombas de luz, e as pontes, fizeram sentir os seus efeitos: o mundo acordou com a notícia de que a guerra tinha acabado, que todos se davam bem, todos respeitavam a diferença, e todos conviviam alegremente em grandes festas.
Óh! Afinal era só um desejo de um ser humano bom, puro, que queria paz para o mundo, mas infelizmente não depende só dele, nem do querer…é preciso o mundo inteiro agir, juntar-se, e construir pontes de luz, ou fazer voar pombas de luz…e acreditar que essa união é possível, sempre com o bem, e para o bem! E que isso aconteça.
                                               FIM
Lálá
                                   (8/Janeiro/2015)



Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras