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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

AS MEIAS DA Meia-lua E A MENINA

                                                          
desenhada por Lara Rocha 

Era uma vez uma menina que pediu um desejo muito diferente às estrelas, porque o que todos os outros meninos, e ela própria, já tinham pedido muitos desejos.
- Olá estrelas...eu sei que estou sempre a pedir-vos desejos, e todos os outros meninos…às vezes pedem ainda muito mais que eu! Hoje, peço-vos uma coisa diferente! Quero que me mandem meia-lua para eu estar sempre com ela. Quero uma amiga feita de meia-lua. É que eu peço à minha mãe para brincar comigo, e ao meu pai, estão sempre na porcaria daquela máquina, cheia de botões, e esquecem-se que têm filhos. Os manos não querem brincar comigo, têm os brinquedos deles…são grandes, e muito estranhos…até penso que não ouvem nem falam…são mesmo tolinhos estes grandes! E eu sinto-me sempre muito sozinha. Se soubesse que os meus pais não me iam ligar nenhuma, eu tinha pedido à cegonha para me deixar lá naquele sítio, sossegada! Grandes palermas! Não são vocês, estrelas, são eles…os grandes que não querem saber de mim…! Perceberam? Obrigada.
            As estrelas estão às gargalhadas lá em cima. Nunca ouviram um pedido como este e tanta reclamação vinda de um ser tão pequeno, como gente grande! A menina tinha razão.
Ela tinha muitos brinquedos, mas não tinha o que mais queria…os pais estavam sempre muito ocupados, os irmãos mais velhos tinham outros interesses, e a menina estava muito tempo sozinha.
As estrelas percebiam isso, e comunicaram o desejo da menina à Lua grande. Ela desata às gargalhadas:
- Ai, estas crianças são de rir…! Ela quer o quê? – Pergunta a Grande Lua
- Coitadinha é mesmo inocente… - Diz uma estrela
- Acha que o mundo é mágico, e que tudo acontece só com o querer, e a vontade…só porque deseja, e pede às estrelas, já acha que vai ter. – Acrescenta outra estrela
- Era bom que assim fosse! – Suspira outra estrela
- Pois era! – Diz a Lua
- Onde vamos arranjar isso? Nunca outra tinha ouvido. Acham que é possível? – Pergunta a Lua
- Sim! – Dizem as estrelas em coro
- São tão inocentes como elas! – Diz a Lua a rir
- Para nós não há impossível, quando se trata de desejos de crianças. – Diz outra estrela
            As estrelas fazem uma pequenina magia, e criam um pedaço de meia-lua, feito de esponja, com um belo cabelo escuro, liso, comprido, brilhante, olhos azuis, nariz, boca, orelhas, braços, mãos, pernas, pés e umas lindas meias calças, às riscas, todas coloridas.  
- Áh! Que linda obra! – Diz a Lua a sorrir
- Eu disse que para nós, não havia coisas impossíveis quando se trata de crianças! – Reforça a estrela
- Tens toda a razão! Muito bem! – Diz a Lua
            As estrelas agradecem e enviam a meia-lua para o quarto da menina. A menina primeiro assusta-se, encolhe-se, mas reconhece a Lua.
- Áh! És a meia-lua que pedi às estrelas?
- Boa noite…sim, isso mesmo! Foste tu que me pediste?
- Fui. Vou mostrar-te a minha casa toda!
            A menina dá a mão à meia-lua, e mostra-lhe a casa toda, os pais, os irmãos, os animais. As duas têm longas conversas, dão belos passeios, partilham segredos, brincam juntas, cantam e dançam, riem, e tornam-se grandes amigas.
            O cãozinho dela é que não acha piada nenhuma, ter de dividir a atenção e o carinho da dona, com outro ser…que ele nem sabia muito bem quem era, nem o que estava lá a fazer. Ficou muito ciumento.
            Um dia, o cão perseguiu a meia-lua, ladrou-lhe, rosnou-lhe, correu atrás dela, saltou-lhe, tentou mordê-la mas não conseguiu atacá-la, ela fugiu a tempo muito assustada.
            Quando estava a salvo outra vez no espaço, a meia-lua muito triste, envia as suas meias calças às riscas, todas coloridas para a menina com um bilhetinho a dizer: «quando quiseres que vá ter contigo, ou brincar contigo, calça estas meias, e prende o malvado do teu cão».
            A menina chega ao quarto e não vê a sua amiga meia-lua. O cão estava comprometido. A menina chama:
- Meia-lua…meia-lua…onde estás? Foste dar uma volta?
            Ela olha para o cão, e este está a tremer, encolhido e a ganir.
- Tu sabes de alguma coisa…!
            Olha para cima da sua cama, e vê as meias da meia-lua.
- Estão aqui as meias da meia-lua, e a meia-lua, onde está?
            Ela lê o bilhete que está escrito com estrelas brilhantes. Fica muito zangada, e começa aos gritos com o cão, a ralhar, pois está-lhe com muita raiva, de ter assustado a sua amiga. O cão fica envergonhado, encolhe-se e gane.
- Cão palerma! – Grita a menina – Vou chamá-la e vais pedir-lhe desculpa, ouviste? Ou ponho-te fora de casa.
            O cão fica triste e encolhido. A menina calça as meias calças coloridas da meia-lua, e a meia-lua aparece. Ela grita nervosa e assustada:
- Outra vez, este? Tira-mo da frente, se não vou ficar muito zangada contigo e não venho mais brincar contigo. Foi ele que me tirou daqui. Quase de desfazia toda…não faltava muito para eu ficar em pedaços. – Diz a meia-lua assustada
- Tens toda a razão, meia-lua. Desculpa! Este palerma já teve o castigo, e já ouviu um ralhete. Quer dizer-te uma coisa.
            O cão pede desculpa e lambe a menina.
- Não é a mim que tens de me dar beijos. Estou muito zangada contigo! – Acrescenta a menina
- Ele não fez por mal…deve ter ficado com ciúmes. Até o percebo. – Diz a meia-lua.
            O cão ladra, abana o rabo, enrosca-se à volta da meia-lua, e á volta da menina. A menina faz festas ao cão.
- Podes fazer-lhe festas…ele é meigo! – Garante a menina
            A meia-lua faz festas ao cão, ri-se, e ele brinca com as duas. Desse dia em diante, a menina e a meia-lua não voltaram a separar-se, e muitas vezes a menina até vestia as lindas meias-calças da meia-lua. A menina levava a meia-lua para todo o lado, e as duas divertiam-se muito…ela nunca mais se sentiu sozinha.
            E vocês? Gostavam de ter uma amiga feita de meia-lua? E umas meias tão bonitas como as da meia-lua?


            FIM
           Lálá
(16/Dezembro/2014)
           



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