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sábado, 20 de dezembro de 2014

A MENINA GIRASSOL

                                       
Era uma vez um lindo girassol que vivia num campo abandonado. Ninguém sabia como é que aqueles girassóis tinham aparecido lá, e sobreviviam. Talvez só sobrevivessem porque havia sol, e porque estavam na companhia uns dos outros…ou então…por magia.
            Um dia, um girassol pediu um desejo às estrelas: ele queria transformar-se numa princesa, e passear até deixar de haver sol. Ele queria sentir a temperatura e de que era feito o chão por onde andavam muitas pessoas.
Queria saber se as pessoas sentiam o mesmo calor do sol, no corpo, como ele e a sua família sentiam nas suas pétalas, e se elas ouviam da mesma maneira o canto dos pássaros, como eles, se sentiam o vento da mesma maneira que eles, e a chuva…
As estrelas fizeram-lhe a vontade, e transformaram o girassol, numa menina, linda, elegante, com o corpo humano completo, e uns maravilhosos cabelos da cor dos girassóis. A sua roupa também era da cor deles.
O girassol que era agora uma menina saiu silenciosamente da terra onde estava. Quando sentiu a terra parou, ajoelhou-se, tocou nela, mexeu-lhe e cheirou-a. Nunca lhe tinha acontecido tal coisa.
Ficou tão feliz que para experimentar as pernas, começou a tentar andar. Viu que se conseguia mexer, e saltitou, depois correu pelo campo. Sentiu o coração a bater forte, e sorriu, mesmo sem saber o que era. Ela sentia-se tão bem, tão livre, e tão feliz que não parou mais.
Pousou os pés no caminho de pedra, e sentiu frio. Estremeceu, e pôs outra vez os pés na terra para perceber a diferença. A terra era muito macia, e estava fria, a pedra do passeio estava fria, mas era áspera. Como não magoava os pés, continuou.
Sentiu um cheiro muito agradável no ar, que vinham das flores… cumprimentou e tocou em todas as flores por onde passava, e ficou deliciada com a sua maciez e delicadeza.
Tocou no tronco das árvores e sentiu que eram ásperos, cheios de altos e baixos, abraçou alguns troncos fininhos, os mais largos, ela não conseguiu.
Parou, e sentiu o vento. Uau. Percebeu que não conseguia voar como as flores, e que os humanos não sentiam o vento da mesma maneira que elas. Mesmo assim gostou muito, principalmente, porque os seus cabelos voavam leves, e riu muito com as cócegas do vento.
Entrou na cidade. Pisou um chão diferente…era de pedra, mas um pouco escorregadio. O vento era muito mais forte, e as pessoas andavam todas encasacadas. Aqui, não conseguiu ouvir o vento, só ouvia buzinas, barulhos de carros irritantes, música aos gritos, muitas luzes…ela ficou tonta.
Felizmente, desorientou-se para fugir daquele sítio rapidamente, e foi ter à praia da cidade. Que diferença! Deitou-se na areia para descansar e respirar.
- Áh! Que diferença! – Suspira a menina – Que loucura, aquele sítio por onde passei…como é possível? É muito diferente do sítio onde estou a viver, e do sítio onde estou agora.
            Ela passa as mãos na areia fofa.
- Está tão escuro…não sei o que é isto, mas não me parece terra.
            Uma luz vira-se para ela.
- Boa noite! Uma menina por aqui, a esta hora? – Soa uma voz com corpo.
            Ela fica muito assustada.
- Onde estou?
- Na praia!
- De onde vim?
- Não sabes?
- Não.
- Estás perdida?
- Estou.
- Quem te mandou sair de onde estavas?
- Vim ver como era a vida fora do sítio onde vivo.
- Áh! E então?
- Sim, é mesmo muito diferente.
- Imagino.
- Sou um girassol transformado numa menina.
- A sério?
- Sim.
- Como foi isso?
- Eu pedi às estrelas para me transformar numa menina, porque queria ver como eram as coisas.
- Áh! Estou a perceber.
- Assustei-me com aquela confusão toda. Fugi e vim ter aqui.
- Deves ter vindo da cidade.
- Sim…deve ser isso. E tu, quem és?
- Sou o farol.
- Vives aqui?
- Vivo.
- Isto não é terra, pois não?
- Não. É areia.
- Areia…! E este barulho que se ouve?
- É o mar.
- O mar?
- Sim.
- Nunca vi o mar, nem ouvi falar dele.
            Os dois têm uma longa e divertida conversa. O farol fala da cidade à menina, e a menina fala do campo ao farol. Realmente, as diferenças entre um sítio e o outro, nunca mais acabam! O farol fica com muita curiosidade em conhecer o sítio onde vive o girassol. Não sentiu tudo, nem descobriu tudo o que queria da cidade, mas porque não se proporcionou. Não estava a chover, e queria ter visto, sentido outras coisas, mas não foi possível, por um lado, ele teve muito medo da cidade, e quis fugir o quanto antes.
            No dia seguinte, com os primeiros raios de sol, o girassol adormece na praia, enquanto o sol não lhe dá. Já não é uma menina, agora, é outra vez uma flor girassol. O vento vai à praia buscar o girassol, por ordem das estrelas. Levanta-o carinhosamente, e devagar, e leva o girassol baixinho até ao seu campo. Quando chega ao campo, uma fada volta a pôr o pé do girassol na terra, e este acorda quando os primeiros raios de sol lhe batem nas pétalas.
- Áh! Que sonho tão engraçado que tive esta noite!
- Conta! – Dizem todos os outros girassóis
            E o girassol conta todo o passeio aos seus familiares, achando que foi um sonho que teve.
- Mesmo assim, eu prefiro viver aqui! – Diz o girassol sorridente
- Eu também. – Dizem todos
            E tudo volta a ser como era antes.

FIM
Lálá

(20/Dezembro/2014)

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