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sábado, 1 de fevereiro de 2014

A ESTRELA BONECA DE LATA



Era uma vez uma boneca de lata, muito bonita, mas ninguém gostava dela porque fazia muito barulho. Ela ficava muito triste porque via toda a gente a brincar em grupo, felizes e a rir, e ela…sempre sozinha. Logo que se aproximava dos outros meninos, todos fugiam. Os seus pais já não sabiam o que fazer.
Um dia, estava ela a choramingar na beira do rio, a ouvir a água a cantar docemente, quando passava nas pedrinhas e nas cascatas.
- Óh! Quem me dera cantar tão bem como esta água que passa pelas pedras! Quem me dera andar levezinha…de sapatos…quem me dera não ser assim. Porque é que eu tinha de ser assim!
- Porque reclamas tanto, latada? – Pergunta um sapo do rio
- Latada? Até tu…?
- Óh, desculpa…não te quero ofender!
- Tudo bem, já estou habituada.
- É que eu não sei o teu nome.
- Podias-me ter chamado menina, por exemplo, e depois perguntavas o meu nome! Só reparaste no que sou feita.
- Sim, é verdade. Tens razão, desculpa. Tu és feita de lata.
- Eu sei…não precisas de me lembrar.
- Porque estás tão queixinhas?
- Não estou queixinhas, só estou a desabafar.
- O que é isso que estás a fazer?
- Estou a desabafar.
- E para que fazes isso?
- Para não ficar tão triste.
- E resulta?
- Mais ou menos.
- Então se não resulta, porque fazes isso?
- Eu não disse que não resultava! Resulta alguma coisa…mas continuo triste. Tu também ficas triste?
- Claro que sim. Muitas vezes.
- E o que fazes nessa altura?
- Canto…ou…choro…ou…suspiro…sei lá…muitas coisas.
- E resulta?
- Resulta. E tu como é que desa…b…qualquer coisa…aquilo que tu disseste?
- Desabafo?
- Isso!
- Transformo as minhas lágrimas em palavras!
- Áh! Tens poderes especiais?
- Não. Nem isso.
- Então como é que transformas lágrimas em palavras? É que…que eu saiba, só quem tem poderes especiais é que transforma.
- Não é desses poderes que estou a falar…estou a falar daquelas pessoas como os poetas, os pintores, cantores ou actores e dançarinos, que mostram o que sentem de outra maneira.
- Áh! Estou a perceber! E tu és uma dessas pessoas?
- Não! Sou só uma boneca de lata. Falo em vez de chorar.
- Muito gosto…eu sou um sapo! E porque não choras?
- Às vezes também choro. E tu?
- Com certeza que sim. Mas porque é que estás tão triste?
- Porque todos se afastam de mim…! Não gostam de mim.
- Como é que sabes? Já lhes perguntaste?
- Nem preciso de lhes perguntar, eles mostram.
- Como?
- Todos fogem quando apareço, e não me convidam para brincar.
- Porquê?
- Porque faço muito barulho.
- Fazes muito barulho…como assim?
- Eu sou feita de lata, e ao andar faço barulho.
- Mas é só por isso que eles não gostam de ti?
- Sim. Acho que sim!
- E que culpa tens tu de ser feita de lata? Eu sou um sapo…podemos ser amigos, eu e tu, não?
- Claro que sim. Só se não gostares de mim.
- E porque não haveria de gostar de ti…? Mas…que barulho é que fazes? Ora…anda um bocadinho para eu ouvir.
- Tu queres ouvir o meu barulho?
- Quero.
- De certeza?
- Sim…caso contrário não te pediria para andares.
         A boneca de lata anda um pouco e faz barulho.
- Estás desafinada!
- Desafinada? Eu…? Eu não sou um instrumento de música!
- Tu fazes música…tocas música…ao andar, ao correr…
- Sou uma boneca de lata…
- Que toca música.
- Onde estás a ouvir a música?
- Em ti…vou fazer de ti uma estrela.
- O quê?
- Sim. O teu som…é música! Só precisas de uns pequenos acertos!
- Não estou a perceber.
- Eu sou um sapo…
- Sim, já reparei, e eu…sou uma boneca de lata!
- Bem sei, e depois?
- Depois…tu és música, e eu sou canto!
- Tu cantas?
- Canto.
- Pois…que sorte! Eu não! eu só faço barulho.
- Barulho? Onde está o barulho?
- Em mim!
- Não ouvi barulho nenhum…ouvi…música! Música não é barulho.
- Porque dizes que sou música? Eu não toco, nem canto, nem sou instrumento…ui…sapo…que olhos são esses? Estás bem?
- Estou a pensar…
- Ficas assim quando estás a pensar?
- (grita) Já te viste ao espelho?
(A boneca estremece e encolhe-se)
- Não. Nem sei o que é isso.
- Anda cá!
O sapo puxa a boneca de lata, e leva-a a uma gruta, onde tem um espelho.
- Bem - vinda ao meu estúdio! – Diz o sapo vaidoso e feliz
- Estúdio?
- Sim! É onde me preparo para os meus espectáculos.
- Tu fazes espectáculos?
- Faço. Sou cantor, e tu vais trabalhar comigo!
- Mas…a fazer o quê?
- A acompanhar-me. Tens um som maravilhoso para acompanhar vozes de sapos.
- Estás a ser sincero?
- Muito sincero. Olha para ti…como és bonita!
- (sorri) Obrigada. Eu sou esta?
- Sim! Vamos começar hoje…vou chamar a rapaziada.
         O sapo coaxa e aparecem vários outros sapos, no estúdio.
- Olá! – Diz o sapo
- Olá! – Respondem em coro
- Temos visitas? – Pergunta outro sapo
- Temos um novo elemento na família da banda.
- Um novo elemento? – Perguntam em coro
- Sim. Ora ouçam o som dela. É lindo! Por favor…anda…
         A boneca fica tão feliz que anda e dança livremente, fazendo vários sons diferentes, uns mais suaves, outros mais agudos. Os sapos ficam de boca aberta, maravilhados.
- Ááááááhhhh…! – Exclamam os sapos
         Todos aplaudem.
- Apoiadíssimo! – Diz outro sapo
- Lindo! – Exclama outro sapo
- Maravilhoso…! – Suspira outro sapo
- Vai ser um sucesso! – Diz outro sapo entusiasmado
- Não tenham dúvidas. Bravo, minha querida! Agora, vamos cantar e tu, voltas a dançar, está bem?
- Sim!
         Os sapos coaxam e a boneca de lata dança a vários ritmos, que fazem vários sons e acompanha na perfeição os sapos. Os sapos aplaudem a boneca de lata. Nessa mesma noite, toda a floresta vai assistir ao primeiro de muitos concertos de Verão dados pelos sapos, e pelas cigarras e grilos, acompanhados com as danças e os sons da boneca de lata. O primeiro de muitos que se seguiram. Toda a plateia fica muito surpresa, aplaude de pé, oferecem flores, tiram fotografias, pedem autógrafos, e passam a dar muito valor à boneca de lata. A partir daí, todos querem ser amigos da boneca. O sapo tinha razão…transformou mesmo uma boneca de lata, que todos diziam que fazia barulho, numa estrela, e ele e os outros sapos trataram-na como um elemento da família, com respeito e carinho. Ela era para os sapos…uma mãe…ou uma irmã que os ajudava a cuidar de si mesmos e da casa… de tudo o que fosse preciso.

FIM
Lálá
(31/Janeiro/2014)


13 comentários:

  1. Que linda história. Vou utiliza-la com minha turminha de berçário! Parabéns!

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    1. Olá Deia Cris ☺ muito bem vinda, obrigada pela visita, e leitura das minhas histórias. Obrigada pelo comentário. Divirta-se e espero que os meninos gostem. Depois diga como correu e o que acharam ☺ Bjnhs.

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  2. Respostas
    1. Olá Daiana, a autora sou eu, Lara Rocha. Obrigada pela leitura e visita

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    2. Ok Lara. Muito obrigado. Irei dramatizar a sua História com a minha turma.

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  3. Respostas
    1. Olá, obrigada pela visita e por ler esta história/ blog :) Desta história não tenho imagens, mas desafio a enviar-me imagens se quiser ;)

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  4. Respostas
    1. Olá, muito obrigada por visitar o meu blog e pelo comentário. Boas leituras :)
      Lara

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  5. Parabéns a história é maravilhosa

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  6. Acabei de cotar para meus filhos eles amaram parabéns

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    1. Olá! Muito obrigada por ler as minhas histórias aos seus filhos. Fico muito feliz que as leiam e que gostem.
      Continuem a ler.
      😀😍
      Beijinhos

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