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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Um amor bruxo-esquelético

Era uma vez uma noite de Lua Cheia, no Verão, numa cidade comum a todas as nossas cidades. Enquanto de um lado, havia barulho de discotecas, música prestes a rebentar tímpanos, gente por todo o lado, que mais pareciam ratos a sair de esgotos, numa correria e euforia loucas, bares, cafés, gritos, risos e discussões, abraços, beijos, e muitas outras coisas mais…do outro lado, existia um mundo paralelo. Muito diferente do citadino. Um sítio muito mais calmo, mais silencioso, com menos gente, pouco iluminado, e rodeado de montes, com casas, túneis, grutas e uns locais de diversão nocturna muito particulares, com uma música horrivelmente diferente daquela que se ouve nas discotecas citadinas. Nessa noite, uma linda e sexy bruxa nova, recebeu a visita de um demónio pequenino, vestido de vermelho, caudinha a dar a dar, corninhos que davam luz, e uma voz diabolicamente doce. Ele lamenta-se:
- (canta) Menina que estás à Lua com os teus cabelos… ai…varreu-se-me! Há aqui muitas bruxas à volta…eu sinto as interferências. A minha sorte é que nem preciso de cantar, para todas gostarem de mim…lindo como eu sou…! As bruxinhas não me resistem! É pena depois aparecerem intrusos que estragam tudo…! No inicio é tudo muito bonito, muito bom…mas depois…tudo voa nas vassouras delas…só pedem aqueles incógnitos…ai, meninas, meninas…que faltinha de gosto! Mas…quem sou eu para discutir gostos…só…faço o que me pedem! Estou para ver quando vai aparecer a minha diabinha metade! Pena…acho que não tenho tempo para…amores…só para…fedores. Ai, que triste sorte a minha. Uau, que jeitosa…! Óh filha, para que pedes um esqueleto…estou eu aqui, e sou bem melhor…!
(Bate na janela da bruxa)
- Boa noite, princesa bruxoca…está alguém em casa?
- Lá vem mais um…que chatos…! Ainda se fossem jeitosos…
(Ela levanta-se, e olha para a janela. Dá um grito assustada, e abre a janela)
- Ááááhhh…o que fazes aqui?
- Olá minha bruxosa linda…
- Mas que descaramento…não me conheces de lado nenhum.
- Conheço-te sim! Vim realizar o teu desejo…
- Que desejo? Não pedi nenhum desejo.
- Pediste sim…pediste…um amor…
- Ááááhhh…já me lembro. Mas eu não pedi um amor por…uma figura como tu.
- (sorri vaidoso) Ai, que simpática! Meu amor…desculpa, mas não posso corresponder-te.
- Que nojo. Eu não estava a falar de ti…nunca escolheria uma coisa como tu.
- (sorri) Óhhh…tão fofinha…Olha que se continuas com esses elogios todos, quem se vai apaixonar por ti, sou eu.
- (ri) Convencido!
- (ri) Ai…que riqueza…o esqueleto vai derreter…
- Esqueleto? Que esqueleto?
- O esqueleto dos teus sonhos.
- Onde é que ele está?
- Vais encontrá-lo hoje.
- (entusiasmada) Hoje? Onde?
- Por aí!
- Que resposta esclarecedora…por aí…por aí…é muito espaço! Como é que eu vou saber quem é?
- Vais saber.
- Como?
- Ele vai dar-te sinais.
- Ele quem?
- O teu esqueleto.
- Mas eu não pedi o meu esqueleto…pedi outro esqueleto.
- Ai, valha-nos todos os monstrengos e mais alguns…! Óh bruxa…acorda…não é o teu esqueleto que vais encontrar…esse já o tens debaixo da pele… é o esqueleto dos teus sonhos…o que me pediste!
- Áh!
- Ele vai ter contigo, não te preocupes.
- O que é que eu tenho que fazer?
- Tens de sair…e passear por aí.
- Só isso?
- Sim. E deixar que tudo aconteça naturalmente.
- Áh…está bem! Se era só isso, porque demoraste tanto?
- Porque tenho muitos pedidos.
- Invejosas.
- Todas querem o mesmo…! Não posso fazer tudo ao mesmo tempo, nem no mesmo dia.
- Está bem.
- Agora vai.
            A bruxa arranja-se toda, e sai de casa, pronta para a conquista. O diabinho continua o seu trabalho. A bruxa desfila sexy, e olha para todo o lado. De repente, ouve um esqueleto a tocar violino e a cantar, sentado no chão, encostado a um tronco de uma árvore. A bruxa pára, e fica maravilhada com o que ouve, parece que fica hipnotizada. O esqueleto olha para ela, e o seu coração dispara, salta do peito e saltita pelo chão. Ele volta a meter o coração no peito, e olha para a bruxa a sorrir, encantado com ele. Está todo a tremer. A bruxa sorri.
- Olá…estavas a tocar tão bem, e a cantar maravilhosamente…porque paraste?
            O esqueleto fica cheio de luz, embaraçado, e o coração lateja com luz.
- (sorri) Ah…eu…gostaste?
- (sorri) Sim, muito!
- (sorri) Obrigado. Senta-te.
- Toca outra vez, por favor…
- Está bem…
            O esqueleto toca uma linda melodia e canta, feliz. A Bruxa ouve-o deliciada, e suspira. Aplaude. O esqueleto tira do violino uma rosa vermelha e oferece à Bruxa. Ela fica toda derretida e dá um beijo ao esqueleto. Ele treme todo e sorri.
- Ai…és um verdadeiro cavalheiro.
- (sorri) E tu ainda não viste nada.
- Ai…até me arrepio…
- (sorri) Isso é bom!
- É.
- Vamos dar uma volta?
- Sim…onde quiseres.
- Estás sozinha?
- Sim…quer dizer…agora estou contigo.
- Eu quero saber se…
- Não, não tenho namorado, nem filhos, nada…e tu?
- Eu também não.
            Os dois vão passear, completamente encantados um com o outro. Conversam, riem, e vão para a beira de um lago. Sentam-se a apreciar a lua, e do lago saem coraçõezinhos brilhantes a latejar. Circundam o casal, e desaparecem na pele dos dois. Os dois olham-se fixamente, a sorrir, e o esqueleto pega na mão da bruxa, delicadamente. Beija-lhe a mão, a bruxa estremece toda, derretida, e ele sorri.
- Que bruxa mais linda…nunca tinha visto igual.
- Mentiroso…com tanta bruxa bonita.
- É verdade, são bonitas, mas nenhuma fez saltar o meu coração como tu!
- (sorri) A sério?
- (sorri) Sim!
- Então quer dizer que…
- Que és especial. Eu sei que és tu o esqueleto dos meus sonhos.
- Óh…tu és a bruxa dos meus sonhos…
            Os dois beijam-se, e os mochos e as corujas começam a cantar.
- Sim, é verdade! – Dizem os dois em coro
- (esqueleto a sorrir) Nascemos um para o outro!
- (sorri) Sim, agora sei que sim…
- Óh minha bruxinha…porque demoraste tanto a aparecer?
- Não sei, minha rainha terrorífica…! Também esperei muito tempo por ti, mas o que importa é que apareceste.
- Pois é!
- Vamos recuperar o tempo perdido, amor...meu esqueleto metade!
- Sim...vamos ser felizes…!
            Os dois beijam-se, e passeiam de mãos dadas, abraçam-se felizes, caminham, conversam.
- Toca para mim, meu esqueleto elegante.
- Tudo o que quiseres, minha preciosidade…
            O esqueleto põe-se de joelhos e toca para a bruxa. A bruxa fica maravilhada, e aplaude. Um coro de morcegos canta, e os dois dançam muito abraçadinhos as músicas românticas. Aplaudem e agradecem. Depois, o esqueleto leva a bruxa a passear para uma praia romântica, numa vassoura, que a bruxa transforma numa potente mota. O esqueleto aplaude, e deliciam-se com o passeio de mota. E ao amanhecer, os dois vão dormir juntos para uma gruta. Este amor durou para sempre, com momentos muito românticos e foram felizes para sempre...

                                                           FIM
                                                           Lálá
                                               (7/Fevereiro/2014)
Desenho de Lara Rocha 



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