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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O JOVEM E AS NOTAS MUSICAIS FUGITIVAS

Era uma vez uma enorme família de notas musicais que tiveram de fugir dos instrumentos musicais onde viviam, porque eram muito maltratadas e exploradas.
Muitos artistas quiseram usá-las, mas não souberam fazê-lo e as notas cansaram-se. Assim que tiveram oportunidade fugiram e os instrumentos não tocaram mais.
Esses artistas andavam aflitos atrás de novas músicas, e não encontravam, por isso, o que faziam eram cantar as mesmas canções e tocar as mesmas melodias uns dos outros.
            As notas musicais fugiram e refugiaram-se num lindo e enorme castelo abandonado, numa montanha de difícil acesso. Instalaram-se, confortavelmente, e descansaram depois de uma longa viagem.
            De repente…na paz da noite, um jovem rapaz, saiu de casa, de mochila às costas e uma cadelinha a acompanhá-lo, e meteu pés ao caminho. Subiu a montanha, com o objectivo de encontrar paz, e inspiração para as suas músicas. Ele tinha uma voz maravilhosa, e sabia tocar alguns instrumentos, mas estava cansado, e sem inspiração. Sentiu que precisava de se isolar um pouco para mergulhar nas suas emoções e escrever músicas.
            Ao chegar ao cimo da montanha aparecem os primeiros raios de sol, acompanhados de nuvens e um vento gelado. Toma o pequeno-almoço que tinha levado numa garrafa térmica, e partilha com a cadelinha.  
- Que bom! – Suspira o jovem. – Agora vou descansar um pouco…e quando acordar, pode ser que tenha uma nova inspiração.
            A cadelinha ladra. Os dois entram no castelo, que tem a porta principal fechada, onde estão as notas musicais a descansar. Ele roda o trinco e abre a porta.
- Aqui estamos bem, não apanhamos vento, e está escuro. – Diz o jovem à cadelinha.
            A cadelinha instala-se de imediato. O jovem tira da sua mochila um saco cama, cobertores, e mantas…num instante constrói uma cama muito confortável. Tira os sapatos, e o kispo, deita-se, cobre-se e diz a sorrir:
- Descansa, bichinha…estou aqui ao teu lado. Toma conta de nós…até já.
            Suspira, olha em volta, e adormece. Entretanto, as notas musicais acordam, e assustam-se ao ver alguém ali. Começam todas aos gritos, e numa grande agitação, a tentar fugir para todos os sítios que encontram, chocam umas com as outras. Parece uma invasão de aves em voo.
- Afinal este castelo está habitado! – Diz uma nota musical
- Não pode ser! – Dizem várias notas musicais em coro.
- Eu estou a ver ali…gente…e um animal. – Diz outra nota musical.
            A cadelinha acorda e ladra. O jovem acorda sobressaltado, abre os olhos…
- O que foi…?
            Elas escondem-se em silêncio.
- Está aqui alguém?
            Ninguém responde, nem se ouve barulho, mas a cadelinha começa a farejar tudo, e ladra. Elas têm de aparecer.
- Se está aqui alguém apareça.
            E as notas musicais aparecem. Olham para o jovem.
- Olá! Estou a ver bem? – Diz o jovem a sorrir
- Sim! – Respondem em coro.
- Notas musicais? – Pergunta o jovem a sorrir
- Somos! – Respondem em coro.
- Vivem aqui?
- Sim! – Respondem em coro
- E tu, quem és? – Pergunta outra nota musical
- Sou…um cantor e vim à procura de inspiração.
- Um cantor…? – Perguntam em coro
- Sim! – Responde o jovem
- Nós somos refugiadas…! – Explica outra nota musical
- Refugiadas…? Como assim?
- Fugimos de uns instrumentos, outras fugiram de umas pautas. – Explica outra nota musical
- Estávamos fartas de ser mal usadas, exploradas, e cansadas da rotina…- Acrescenta outra nota.
- A sério?
- Sim. Chegamos há pouco. Aqui achávamos que ninguém nos ia encontrar. E tu, de onde vens? – Pergunta outra nota
- Eu venho da cidade ali debaixo.
- E o que vens cá fazer?
- Venho à procura de paz…e de inspiração para novas canções! – Explica o jovem.
- Talvez te possamos ajudar, não…? – Pergunta uma nota musical
- Talvez…! Sabem-me dizer onde posso encontrar inspiração?
- Aqui mesmo! – Respondem todas em coro.
- Permite-nos uma demonstração? – Sugere outra nota musical
- Com certeza…estejam à vontade.
            Cada nota musical mostra o que vale individualmente. O jovem fica maravilhado e surge-lhe logo um conjunto de frases na cabeça. Pega num caderno e escreve-as.
- Podem fazer alguma coisa em conjunto, por favor?
- Claro que sim!
            Elas juntam-se e o jovem escreve entusiasmado uma série de letras, enquanto elas se misturam, dançam alegremente, e espalham estrelas brilhantes, bolas de sabão, brilhos…o jovem está maravilhado. Aplaude, no fim de cada exemplificação e sorri. Quase sem dar por isso, já tem dezenas de letras para músicas.
- São maravilhosa…fantásticas. Aceitam trabalhar comigo? – Pergunta o jovem, feliz?
- Onde? – Perguntam em coro
- Na minha banda.
- Huummm… - Todas ficam pensativas
- Eu aceito! – Diz uma nota musical
- Eu também…com muito gosto…! – Diz outra nota.
- Tu cantas com sinceridade! – Diz outra nota
- E tens sensibilidade… - Diz outra nota
- Os teus olhos transparecem a tua alma… - Diz outra nota
- Muito obrigada! – Sorri o jovem
- Eu também aceito! – Gritam todas em coro
- Tenho a certeza que estaremos em boas mãos. – Diz uma nota musical.
- Claro que sim! – Responde o jovem
- Pelo menos tu não nos vais usar mal! – Diz outra nota musical
- Mas onde ficamos? Aqui? – Pergunta outra nota musical
- Sim! – Respondem em coro
- Se quiserem podem ficar na minha casa. – Diz o jovem
- Não…! – Respondem em coro
- Estamos fartas de estar presas, e de viver em pautas, em instrumentos musicais. – Diz outra nota musical
- Então podem ficar aqui, mas vão trabalhar comigo, prometem? – Pergunta o jovem
- Sim! – Respondem as notas musicais em coro
- Nem sei como vos agradecer! – Diz o rapaz.
- Quando começamos? – Pergunta outra nota musical
- Amanhã. Eu vou-vos mostrar onde é a minha casa…
- Está combinadissimo.
            O jovem sai do castelo com as notas musicais e mostra onde é a sua casa. Passa o dia com elas numa grande diversão, a escrever e a compor músicas. E no fim da tarde regressa a casa.
No dia seguinte, como combinado, as notas musicais aparecem na casa do jovem. E de cada vez que se encontram, surgem novas letras para músicas, fazem experiências de sons e instrumentos, trocam umas com as outras, misturam-se, e ele fica maravilhado. Depois ensaia com elas e com a banda.
Graças a estas notas musicais que figuram, o jovem e a sua banda têm muito sucesso, e constroem músicas fantásticas, únicas, de vários géneros, e lindas.
Construíram uma verdadeira família.

FIM
Lálá
4/Novembro/2013

           



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