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sábado, 16 de novembro de 2013

A menina que não queria cortar o cabelo



















Era uma vez uma menina pequenina, que se chamava Luísa, e tinha um cabelo enorme, preto. Tão enorme que quase arrastava no chão. Muitas vezes ela usava-o preso, com um rabo-de-cavalo, uma trança ou dois totós.
         Sempre que lhe tentavam cortar o enorme cabelo, ela gritava muito, chorava e fugia, dava pontapés a quem a segurasse e agarrava nos cabelos. Ninguém percebia porque fazia isso, nem conseguiam convencê-la a cortar o cabelo.
         Um dia, a menina deitou-se a descansar à sombra de uma árvore, e os seus enormes cabelos ficaram pousados no chão. Enquanto ela adormeceu, uns gatinhos pequeninos e uns passarinhos resolveram brincar em cima dos cabelos da menina, sem saber que eram cabelos.
Correram alegremente, saltaram e como escorregavam, prendiam as garras nos cabelos e enrodilharam-nos todos. O cabelo ficou cheio de nós, todo despenteado e entrelaçado, com lixo e paus espetados entre cabelos.
Quando a menina acordou, brincou com os gatinhos e com os passarinhos, sem ver como estava o seu cabelo. Chegou a casa, e todos os seus familiares gritaram com o susto, ao ver o seu cabelo.
- Ááááááááhhhhhh…!
- O que foi? – Perguntou a menina espantada.
- O que aconteceu aos teus cabelos, Luísa? – Perguntou a irmã mais velha, Sara.
- O que é que têm os meus cabelos? – Pergunta Luísa.
- Parecem ninhos de ratos – Responde o pai de Luísa.
         Luísa olha-se ao espelho e quando vê o seu cabelo, grita.
- Nããããããããooooooo! Não pode ser!
- Onde estiveste? – Pergunta a mãe
- Estive a dormir debaixo de uma árvore.
- E como é que o teu cabelo ficou assim? – Pergunta a irmã Daniela
- Não sei!
- Queres ver que foi a árvore que esteve a brincar com os teus cabelos…? – Diz a outra irmã a seguir a ela.
- Não pode ser.
- Porque não? – Pergunta a irmã Rafaela
- Porque as árvores não têm mãos para mexer nos cabelos! – Responde Luísa.
- Não sei como ficou assim. Agora vais ter de o lavar…está com um cheiro…a… - Diz a Mãe
- Chichi de gato! – Diz o irmão Gabriel que é veterinário.
- Gato? – Perguntam todos.
- Sim! Gato.
- Óh, não…será que foram aqueles gatinhos que brincaram comigo? – Pergunta Luísa
- Estiveste a brincar com gatos? – Pergunta o pai
- Estive! Uns gatinhos bebés e uns passarinhos.
- Fizeram ninhos nos teus cabelos! – Responde Sara
- Se ficasses lá fora, eles até dormiam nos teus cabelos. – Acrescenta Daniela.
- Óh não…como é que eles fizeram isto?
- Com as garras…com o que seria mais? – Diz a mãe
- Que porcaria! – Diz Luísa.
- Vamos ao banho imediatamente. – Ordena a mãe
         A menina vai ao banho, e grita, porque a mãe tenta desfazer os nós dos seus cabelos para lavar, mas não consegue.
- Vou ter que te cortar o cabelo! – Diz a mãe.
- Não…! – Grita Luísa a chorar.
- Tem de ser…!
- Não…! Eu não quero cortar o cabelo.
- Mas não tens outra solução…ou queres andar assim com o cabelo um ninho de ratos, e toda a gente te gozar, ou chamar nomes feios…? – Pergunta a mãe
- Não! – Responde a menina a chorar
- Não, o quê? Não queres cortar, ou não queres andar com ele assim, para não te gozarem?
- Não quero cortar, nem quero andar com ele assim!
- Mas não temos outra solução…eles deram nós cegos…não desatam! Só cortando!
- Malditos gatos… - Grita Luísa a chorar
- Finalmente vais cortar esse maldito cabelo.
- Não! Eu não quero cortar o cabelo… - Grita Luísa
- Mas porque é que toda a gente aqui em casa, e fora de casa corta o cabelo, menos tu?
- Porque não quero ir para o hospital.
- E quem é que te disse que vais para o hospital?
- Se me cortam o cabelo eu vou para o hospital.
- Porquê?
- Porque cortar, faz feridas.
- O quê? Que disparate!
- Sim…
- As facas podem cortar sem querer, mas ninguém corta o cabelo de faca!
- Mas cortar o cabelo dói.
- O quê?
- Sim!
- Onde é que dói?
- Na cabeça.
- Quem é que disse isso?
- Digo eu.
- Mas todos nós cortamos o cabelo e não dói a ninguém, como é que a ti, que nunca deixas cortar, dói?
- Dói…é com tesoura e pente.
- E por acaso isso dói?
- Dói. As tesouras magoam.
- Não magoam nada. As tesouras servem para cortar papéis e o cabelo, mas não dói nada.
- Dói…! Ao cortar o cabelo estão-me a cortar a mim também.
- Que patetice…! Nunca deixaste cortar…como podes dizer que dói? Todos cortamos, e ninguém se queixa. Só tu é que te queixas, sem cortar.
- Não vos dói?
- Claro que não. Devemos cortar muitas vezes o cabelo…! Principalmente para andarmos limpinhos, bem cheirosos, e arejados.
- Ai é?
- É. Claro. Se não cortamos o cabelo podemos ganhar comichões e bichinhos na cabeça que nos fazem muita comichão!
- Bichinhos…?
- Sim. Parecidos com os dos animais.
- Que nojo!
- Pois é! Devemos cortar o cabelo, e mantê-lo sempre limpo…! Não dói absolutamente nada, e ele volta a crescer.
- É?
- Claro…não vês os nossos cabelos…? Cortamos muitas vezes.
- Sim, mas vocês são grandes!
- E as crianças também cortam.
- Cortam?
- Claro…meninos e meninas até muito mais pequeninos que tu.
- Ai é?
- É! Os teus priminhos cortam muitas vezes.
- E não lhes dói?
- Claro que não. Queres ver…?
- Ai…
- Anda lá! Vamos cortar esse cabelo.
- Óh!
- Não tens outra solução, filha. Vais ver como vai ser bom cortares. Confias na mãe?
- Confio.
- Então, deixa cortar.
- Ai…não quero.
- Vá lá…! Vais ficar na mesma muito linda.
- Vou?
- Vais.
- Como é que sabes?
- Eu sei a filha que tenho…esta boneca. E uma fadinha disse-me que tu ias ficar ainda mais bonita com o cabelo mais curto.
- (sorri) Encontraste uma Fada?
- Encontrei.
- Áh! Que lindo. (sorri) E ela disse-te isso?
- Disse!
- E como é que ela era?
- Era linda…! Tinha um vestido cor-de-rosa bebé…cabelos pretos e encaracolados.
- Áh! Devia ser mesmo bonita.
- Mas ela não corta o cabelo.
- Corta sim senhora. Até as fadas cortam os cabelos.
- As fadas cortam o cabelo?
- Sim!
- A sério?
- A sério! E ficam na mesma lindas…!
- Ááááhhh…e achas que é isso que vai acontecer comigo?
- Tenho a certeza! Tu já és linda…ainda vais ficar mais.
- Está bem (sorri) Corta lá…!
- Boa! (sorri)
         E finalmente, a menina Luísa deixa cortar o cabelo. A mãe conta-lhe a história da Fada, enquanto corta carinhosamente o cabelo da filha, sorri, as duas riem, e a menina entra na história. A mãe corta um bom bocado ao tamanho do cabelo da menina porque estava mesmo cheio de nós por todo o lado.
- Já está! – Diz a mãe.
         A menina olha para o espelho.
- Olha que linda que está a minha princesa!
- Óh! Está tão pequeno.
- Tinha de ser, filha…tinhas nós por todo o cabelo que só cortando. Ele volta a crescer rápido. Custou alguma coisa?
- Não!
- Eu disse-te! E doeu alguma coisa?
- Nada! Não senti nada.
- Ouviste o barulhinho da tesoura?
- Sim.
- É o mesmo que tu fazes àquela tua boneca que tem vários cabelos para cortares e penteares…!
- Áh! Ai é?
- Sim…a ela fazes o mesmo que eu te fiz.
- Que giro. Não sabia.
- Agora vou-te secar o cabelo.
         A mãe seca-lhe o cabelo muito mais curto, mas fica mesmo muito bonita. No fim, a menina fica toda vaidosa, sorridente e feliz.
Desde este dia, Luisinha nunca mais teve medo de cortar o cabelo, e gostou muito do seu novo penteado.
Das vezes seguintes, até era Luísa que pedia à mãe para cortar, antes que os gatos transformassem outra vez os seus cabelos em ninhos. É muito bom cortarmos os cabelos, e tê-los sempre bem limpinhos…! Não dói e ficamos muito bonitos…eles voltam a crescer, como acontece com os nossos ossos e as nossa unhas…!

FIM
Lálá
(15/Novembro/2013)



          

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