Número total de visualizações de páginas

sábado, 26 de outubro de 2013

O passeio atribulado da bruxinha

desenhado por Lara Rocha 

            Era uma vez uma bruxinha que numa bela noite de Outono, foi passear na sua vassoura. A vassoura encolhe-se, quando ouve a porta da sua casa terrífica a ranger.
Ai, não posso acreditar! - suspira, estremece e murmura a vassoura 
Lá vem ela…! - comenta o mocho a rir 
-  Ela e eu…boa sorte amiga! - diz o morcego 
Onde vai a esta hora? - pergunta uma coruja 
É melhor nem lhe perguntares. Ela detesta perguntas. - responde o mocho 
CORUJA 1 – É impossível esta mulher. - murmura a coruja 
           Bate a porta com o pé e o gato salta pela janela. Ela olha para trás.
Onde vais? - pergunta a bruxinha 
Vou...passear. - diz o gato 
Nem penses que vais atrás de mim. - grita a bruxinha 
Estás a dispensar-me? - pergunta o gato, surpreso 
Estou. Não preciso de sombras…
Isso é verdade…já és uma boa sombra! Eu sou um belo gato.
            A Bruxinha atira-lhe um raio. Ele esconde-se atrás de uma árvore.
Olha que eu ponho-te a dormir na toca dos morcegos…! - ameaça a bruxinha 
Vai, bruxosa horrorosa. - responde o gato 
Obrigada. Assim está melhor. Dragões…tomem conta do palácio enquanto eu estou fora. - diz a bruxinha a rir, e ordena 
Sim, princesa terrífica. - respondem os dragões em coro 
Onde vais? - pergunta um dragão 
Como te atreves a fazer-me uma pergunta dessas…? - grita a bruxinha 
            Atira-lhe um saco mal cheiroso. Todos começam a ficar com a cor verde e a tossir, e ficam sentados no chão.
Que mau feitio…!  - comenta outro morcego 
Vassoura…anda cá…! - grita a bruxinha 
Sim, minha dona mal cheirosa…- responde a vassoura 
És sempre simpática…! Que bom que detestaste o meu perfume. É novo. Até ficaste com inveja, não foi? Eu sei que sim. Vamos…! - ri a bruxinha 
Sim, claro…onde quiseres…! - diz a vassoura 
Já voltamos. - diz a bruxinha 
Boa viagem…- dizem todos 
E não voltes tão cedo… - resmunga um dragão 
            Todos riem.
Eu sei que vão ter muitas saudades minhas…eu volto…! - diz a bruxinha a rir 
              Ela e a vassoura levantam voo. Os animais ficam a comentar.
Coitada da vassoura. - comenta um mocho 
Acredita…até eu tenho pena dela, mesmo quando ela me dá sapatadas…! Eu prefiro a vassoura do que aquela bruxaroca de meio quilo. - comenta outro mocho 
        Todos riem. A viagem começa por correr bem, com a Bruxinha a cantar, a rir, e a conversar alegremente com a vassoura. Entram num espaço com uma atmosfera muito estranha, cheia de luzes, e a vassoura fica aos soluços, até que para.
Mas onde raio estamos…? - pergunta a bruxinha zangada 
Ááááhhh…não sei…! - responde a vassoura 
Como não sabes…? Tu é que me conduzes…anda…! Continua a andar…rápido…! Eu não te mandei parar, porque raio paraste? - grita a bruxinha muito zangada 
Não consigo andar. - diz a vassoura 
Como não consegues andar? Desgraçada…! Mexe-te!
Estamos numa atmosfera com demasiada claridade.
Áááááááááááhhhhhh….que horror! Como pudeste fazer isto comigo? Maldita! Fizeste de propósito…sabes muito bem que eu não suporto sítios com luz…que nojo…que terror…! Ááááááhhhh….vou dar cabo de ti. Anda…mexe-te! Se não…mando-te para a fogueira… - grita a bruxinha 
Óh, não…! Eu não sei o que está a acontecer. - comenta a vassoura assustada 
Não interessa o que está a acontecer…anda! Rápido…! Voa…voa…
          A vassoura começa aos soluços, e não consegue levantar voo. A bruxinha também começa a soluçar, sai de cima da vassoura, agarra nela, e bate com ela no chão a gritar. Ouve-se uma voz da vassoura a gemer, e a pedir ajuda.
Ai…socorroooo…! - pede a vassoura 
Acorda, sua maldita…mexe-te…! Temos de sair daqui.
Não consigo!
É claro que consegues. Pela nossa amizade…voa…vá lá…tira-nos daqui.
Ai, tirem-nos daqui.
               E de uma janela voa uma abóbora que acerta na cabeça da Bruxinha. A Bruxinha larga a vassoura, e cai estática como uma vara no chão. Da janela ouvem-se risinhos pequeninos. A vassoura ri-se, e suspira de alívio.
O meu pedido foi ouvido…boa…! Muito obrigada. - comenta a vassoura, feliz e a rir 
            A vassoura tenta acordar a Bruxinha. Ela abre os olhos, a gemer.
Ai…onde estamos…! Áááááááááááhhhhhh…tanta luz…que nojo…! O que aconteceu?
Não sei onde estamos.
Incompetente…! Tens de saber, e de nos tirar daqui. Que porcaria é que me acertou na cabeça? - grita a bruxinha 
Acho que foi…isso que está á tua beira.
Maldição…uma abóbora horrorosa…! Que nojo. De certeza que foi aquela invejosa da minha prima. - grita a bruxinha 
Fala o roto do esfarrapado…! Só ela é que é invejosa…! - ri a vassoura 
De onde veio esta porcaria? - grita a bruxinha 
Não sei. - ri a vassoura 
Como não sabes? - pergunta a bruxinha muito zangada 
Não vi.
E deixaste este nojo bater-me na cabeça…? Incompetente! Onde estavas com a cabeça e com os olhos? 
No chão…tu estavas a atirar-me contra o chão, e a sacudir-me, lembras-te? Como é que eu podia ver o que quer que fosse? Só via pedras a passar à velocidade de cometas á minha frente…!
Pois é…mas mesmo assim, devias ter visto!
Eu poderia ter visto, se não me tivesses batido.
Eu tenho que encontrar o insuportável que atirou esta porcaria.
É quase encontrar uma agulha num palheiro! Não se vê viva alma. - comenta a vassoura 
Então de onde veio…do céu queres ver? - grita a bruxinha 
Nunca saberemos!
Que ódio…vou dar cabo de ti. - grita, zangada 
Outra vez…? - resmunga a vassoura 
         A Bruxinha tenta bater outra vez na vassoura, mas de repente, vem uma rajada fortíssima de vento, em redemoinho, levanta e empurra a bruxinha e a vassoura daquele sítio para fora. Elas gritam, e vão ter a um descampado. Olham em volta.
E agora…onde estamos? Sua vassouresca idiota…! - grita 
Não sei.
Ááááááááááhhhhhhhhhhhhhh…………! Não acredito nisto. Vou dar cabo de ti.
        Ela tenta fazer uma magia malévola, mas não consegue. Umas folhas de abóbora enrolam-se nos pés da Bruxinha e atrás de si, um espantalho dá-lhe um pontapé no rabo. Ela grita.
Ai…o que é isto?
        O espantalho ri e bate palmas.
Estás-te a rir de quê?
Ai, que pedaço de mau caminho. - comenta o espantalho a rir 
O quê?
Há quanto tempo não via uma bruxa tão jeitosa. - sorri o espantalho 
Mas que descaramento.
Uau! - sorri o espantalho 
Tira-me esta porcaria dos meus pés…e somos amigos. - grita a bruxinha 
É para já.
           O espantalho liberta-a das folhas, e os dois olham-se fixamente. O espantalho segura-lhe na mão e beija-lha. Ela encolhe-se toda.
Lhec. Que nojo. - estremece a bruxinha
Obrigada. - sorri o espantalho 
Parece que…já nos conhecemos! - sorri a bruxinha 
Sim. Agora mesmo. Vamos…vou-te mostrar o sítio onde vivo. - sorri 
          E os dois caminham de mão dada. A vassoura fica a descansar. Três abóboras comentam a rir : 
Ela não sabe com quem se meteu. 
- Pois não…
Este só tem treta.
        Todas riem.
Deixa lá…os dois merecem-se. Ela é horrível, e ele também. - comenta a vassoura a rir à gargalhada com as abóboras 
        No caminho, a bruxinha e o espantalho caem numa poça de lama. A bruxinha fica muito irritada, e começa a bater no espantalho. O espantalho grita.
Desculpa…não sabia que aqui havia uma poça de lama. - diz o espantalho 
Foi a pior poça onde alguma vez estive. E agora…? Então não sabias que aqui havia uma poça…como não sabias…? Vives aqui há tanto tempo…! - grita a bruxinha zangada 
Sim, mas juro-te que não sabia.
Idiota…incompetente! Palerma…! E agora quem vai lavar a minha roupa? - grita a bruxinha 
Eu! - sorri o espantalho 
Tu…? Claro…! - ri a bruxinha 
Queres ver…?
Tu queres é que eu fique em pele.
Não…só estou a ser antipático contigo, e provocador. - assume o espantalho 
Sim, é verdade…está bem…se dizes que és capaz…lava! - sorri a bruxinha 
        Ela tira as roupas, e tenta fazer magia para vestir outra, mas não consegue.
Os meus poderes…? Porque não consigo vestir outra roupa?
Esta zona não tem boa rede para captares os poderes.
Áááááááááááhhhhhh…….que ódio. Eu vou destruir aquela vassoura estúpida. Incompetente…!
És tão jeitosa de roupa e sem roupa. - sorri 
Cala-te.
Eu empresto-te a minha camisola. - sugere o espantalho a rir 
Que nojo.
Porquê? Cheiro mal…?
Sim.
Até parece que o teu perfume é melhor que o meu. - ri o espantalho 
Muito melhor…!
Dá cá a tua roupa…
        A bruxinha tira a roupa, nervosa e muito zangada, começa a chorar e a gritar
Eu quero os meus poderes…! Eu quero sair daqui…
Óh, princesa horrorosa…não fiques assim…vamos continuar o nosso passeio…se tivesses poderes…transformavas-me logo numa coisa nojenta ou horrível.
Pois era. - chora a bruxinha 
Anda conhecer o resto do espaço.
        Os dois vão de braço dado, a bruxa sem a sua roupa, e com a camisola do espantalho. Os dois conversam. Mais adiante, tão entretidos com a conversa que estavam, e tão ternos um com o outro, que não viram a quantidade de folhas de árvores que havia no chão. 
        Os dois escorregaram, e deram um grande trambolhão, enrolando-se um no outro, várias vezes, e gritando. A Bruxinha desata a bater no espantalho, e os dois envolvem-se numa luta, até que caem a um lago cheio de sapos. Os dois gritam, e param a olhar um para o outro. 
A Bruxa começa a gritar e a chorar, a bater na água e no espantalho.
Cala-te…vais acordar os senhores. - recomenda o espantalho 
Quero lá saber. Tira daqui…que nojo. - grita a bruxinha 
     Ela sai do lago, e muito zangada, a gritar e a chorar vai ter com a sua vassoura. Pelo caminho escorrega num pedaço de abóbora comida por passarinhos, e só para junto da vassoura a gritar.
Maldição! Ááááááhhhh…maldita vassoura. Vamos embora…agora vê por onde vamos. Maldita…desgraçado…incompetente. 
Hoje estás especialmente querida…a noite correu-te bem…! Até vens sem roupa, e a pingar…com pedaços de abóbora…- ri a vassoura às gargalhadas 
Não digas mais nada. Vamos embora…despacha-te, antes que eu te desfaça. Para casa. - grita a bruxinha 
           A vassoura consegue voar novamente, e a Bruxinha vai quase a dormir. Ao chegar a casa, ninguém fala. Ela entra, fecha a porta, veste-se e vai para o seu quarto. A vassoura conta tudo aos outros. De repente, o espantalho aparece e bate à porta.
Quem é? - pergunta a bruxinha 
Sou eu…princesona horrorosa…! - responde o espantalho 
        Ela vai à janela, surpresa.
O que estás aqui a fazer?
Vim entregar-te a roupa.
            Ela sorri, desce, abre a porta, e recebe a roupa.
Óh. Obrigada. Agora…podes ir embora. - sorri a bruxinha 
Eu estava a gostar tanto de ti. - triste 
Quero lá saber…volta para a tua casa. - grita, zangada 
Está bem! Boa noite. - triste 
Boa noite.
        A bruxinha fecha a porta na cara do espantalho. O espantalho fica muito triste a olhar para a janela. A bruxinha chega ao quarto, e vai à janela. Olha para o espantalho.
Ainda estás aí?
Sim…estou à tua espera.
À minha espera para quê? Já me deste a roupa.
Cuida bem do meu coração, pelo menos dele…que está junto da tua roupa.
O quê?
           Ela olha para o seu vestido e tem lá um coração de palha a dar luz.
Sim, é esse…!
E porque o deixaste aqui? Leva-o…
Ele não quer sair daí.
Mas eu não o quero aqui.
Ficou aí preso.
Mas vais ter que o tirar.
     A bruxinha faz uma maldade ao coração, arranca-o e atira-o para o espantalho. O espantalho cai. A bruxinha desce a correr e vai ter com ele.
Óh não…!
Acabaste com ele…! - comenta o mocho 
Coitadinho…ele cheio de mimos contigo, e tu…fazes isso com o coração dele. - critica a coruja 
Olha que ele gostava mesmo de ti, e queria conquistar-te. - diz o morcego 
Óhhh…eu não gostava dele…quer dizer…eu achava que não gostava, mas…acho que afinal…gosto…! Ei…acorda… (diz a bruxinha triste) 
         A Bruxinha põe o coração do espantalho no lugar. O espantalho abre os olhos. A bruxinha sorri. Todos suspiram a sorrir.
Óhhh…que momento tão bonito! - comenta um gato emocionado 
Ai…Adoro cenas românticas…! - diz uma coruja a sorrir, e a suspirar 
Vamos ter festa… - diz o morcego feliz e entusiasmado
Fica comigo, espantalho. Desculpa…! Eu afinal…acho que gosto de ti.
Claro que sim, princesona…eu também gosto mesmo muito de ti. - diz o espantalho a sorrir
Adorei o nosso passeio… - diz a bruxinha 
Eu também! - diz o espantalho 
            Os dois entram abraçados no castelo. Os animais e a vassoura estão em estado de choque, e todos festejam. A Bruxinha e o Espantalho tornaram-se grandes amigos, namorados, e marido e mulher…felizes para sempre no castelo da Bruxinha.

FIM
Lálá
25/Outubro/2013



Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras