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quarta-feira, 6 de março de 2013

Os prémios.


Era uma vez umas meninas, e uns meninos, que gostavam muito de falar, e cada uma tinha uma fada. Os meninos também tinham um duende. Essas fadas e esses duendes tomavam conta das meninas e dos meninos, e sabiam tudo o que eles faziam e diziam.
Às vezes, os meninos diziam coisas feias, e desagradáveis uns aos outros, e às meninas, aos mais velhos: chamavam nomes feios, diziam coisas que ofendiam, pois só olhavam para o que as pessoas tinham de menos bonito.
Por causa disto, as pessoas que os ouviam ficavam muito tristes, e punham-nos de castigo, mas não adiantava nada! Os meninos continuavam a dizer coisas que ofendiam, às vezes não era por mal, não queriam ofender de verdade, eles só estavam a brincar, influenciados e mandados pelos traquinas duendes que se riam muito por causa disso.
As suas mamãs ficavam muito zangadas, e já não sabiam mais o que fazer.
- Ai, meu filho…quantas vezes eu já te disse para não dizeres essas coisas feias, nem chamares nomes aos meninos…? Imagina que os meninos te diziam essas coisas, e chamavam-te esses nomes, tu gostavas? – Pergunta a mamã Raquel ao seu filho Diogo, que está de castigo.
            O menino pensa no que a mamã disse. A mamã Raquel ralha:
- Não sais daqui! Estás de castigo…! Vais ficar aqui, quietinho, e calado! Até eu dizer. E pensa no que eu disse.
            O menino fica amuado e a pensar no que a mãe lhe disse. A mãe de outro menino que disse coisas feias fala com ele:
- O que é que eu vou fazer mais contigo, Hugo? Nenhum castigo funciona…?! Já te dei tantos castigo, e tu continuas a ser mau com os outros meninos, e mais grave…com os Avós…! Já te dei sapatadas, e nem assim! Que coisa mais feia…! Estás de castigo, enquanto eu penso como te vou castigar outra vez.
            Hugo fica triste e pensa sobre o que a mãe lhe diz. Os malandrecos duendes riem divertidos, por ver os meninos serem castigados, e ainda por cima, por causa deles.
As fadinhas das meninas também estão preocupadas, e querem ajudar as mamãs. Reúnem-se numa fonte, e falam sobre o comportamento dos meninos.
- Estamos aqui reunidas para encontrar uma solução para ajudar estas mamãs. – Informa a Fada Violeta.
- Sim! – Gritam em coro.
- Estas guerreiras precisam mesmo de ajuda. – Disse a Fada Asinha.
- Que guerreiras…? – Perguntam em coro.
- Não estamos em Guerra. – Responde a Fada Xailinho.
- Pois não! – Gritam todas.
- Eu sei que não estamos em Guerra, mas as Guerreiras são as mães dos meninos, que têm muito trabalho com eles.
- Áh! – Gritam todas.
- Vamos, meninas…deixem-se de explicações e pensem no que fazer. – Grita a Fada Violeta.
- Posso tocar uma música, para vocês? – Pergunta a Fada Musical.
- Não! – Todas gritam.
- Óh, que pena…eu queria tanto tocar…! – Murmura a Fada Musical, triste.
- Cala-te! – Gritam todas.
- Era só para ajudar a pensar melhor…! – Insiste a Fada Musical.
- Cala-te! – Gritam em coro.
- Mas, a música clareia o pensamento…! – A Fada Musical tenta de novo.
- Cala-te! – Gritam em coro.
- Não queremos música. – Grita a Fada Universo.
- Que más…! – Responde a Fada Musical.
- Cala-te! – Gritam em coro.
- Aaaaaiiii… - Grita a Fada Musical.
- Queremos pensar, mas contigo a falar ou a tocar, não conseguimos! – Explica a Fada Brisa.
- Mas eu… - A frase da Fada Musical é interrompida por todas a gritar outra vez:
- Cala-te!
- Óóóhhhh… - Exclama a Fada Musical.
- Meninas…deixem-se de coisas e estejam caladas…quietas…não é preciso falarem assim com a Fada Musical. Fada Musical, agradecemos a tua oferta, e sabemos que adoras tocar, que queres ajudar, mas agora não…! Agora…com silêncio é que pensamos melhor! Pensa tu também, e depois, mais tarde, se quiseres cantas. – Explica a Fada Violeta.
- Pronto, está bem…tu é que mandas!
Faz – se silêncio, todas pensam sobre o assunto, cada uma dá a sua opinião, e ficam em silêncio a pensar. A fada Branquinha sorri, de repente saltita e grita:
- Meninas… tenho uma ideia…!
            Todas sorriem e gritam em coro:
- Boa!
- Espero que seja uma boa solução, Fada Branquinha…! – Disse a Fada Rosa Vermelha.
- As minhas ideias são sempre brilhantes! – Responde a Fada Branquinha.
            Todas riem, e a Fada Violeta, a mais velha pede à Fada Branquinha que diga a sua ideia:
- Claro que sim, amiga, já sabemos que és uma Fada iluminada…Desenrola, Branquinha…conta logo!
- A minha ideia é…dar uma lição a esses meninos…é assim: quando eles disserem coisas feias…da boca deles, podem sair coisas feias, cheiros desagradáveis, pedrinhas, espirros, soluços…transformar as coisas que eles dizem de feio e de mau, em coisas também feias e desagradáveis. E da boca das nossas meninas, podem sair coisas bonitas, como cheiros agradáveis, lindas melodias, flores, estrelas, luzes, brilhantes…assim…os meninos verão que é muito melhor dizer coisas boas, bonitas, delicadas, agradáveis, que é bom serem gentis… e se o fizerem, da boca deles também só sairão coisas bonitas. O que acham?
            Todas sorriem, e aplaudem a ideia da Fada Branquinha.
- Excelente ideia, Branquinha!
- Eu disse! – Responde Branquinha a sorrir vaidosa.
            Todas olham para a Fada Violeta.
- Gostei muito da tua ideia Branquinha. Parece-me muito bem!
- Obrigada! – Agradece Branquinha.
- Sim, vamos tentar. – Recomenda a Fada Violeta.
- Quando começamos? – Pergunta a Fada Geada.
- Hoje mesmo…agora! Já sabem o que tem de fazer não já? – Recomenda a Fada Violeta.
- Sim! – Gritam em coro.
- São sempre as tuas ideias que ganham… - murmura a Fada Geada.
- Óh, não fiques com ciúmes…se não começo já por ti…os ciúmes são uma coisa feia e má! – Diz a Fada Rosa Vermelha.
- E o que é que me fazes por eu ter ciúmes? – Pergunta a Fada Geada.
- Faço-te cuspir chamas de fogo. – Responde a Fada Rosa Vermelha.
- Não! Desculpa. – Implora a Fada Geada.
            E da sua boca sai um perfume de eucalipto. Todas cheiram, e suspiram.
- Áh! Que cheirinho…
- Então funciona mesmo! – Exclama a Fada Branquinha.
- Sim! – Respondem em coro.
            E sem perder mais tempo, vão ter com os meninos. Ficam muito atentas. O menino David resmunga contra a mãe, por esta o pôr de castigo. As Fadas entram em acção, muito zangadas, e o menino engasga-se, começa a tossir, e saem da sua boca migalhas e bolinhas de pão. A mãe fica muito intrigada e preocupada. David grita muito aflito e a tossir:
- A culpa…cof…cof…é tua! Mãe bruxa.
            As fadinhas ficam mesmo zangadas, e fazem sair da boca de David pedrinhas pequeninas que lhe arranham a garganta. Da boca de Hugo quando diz coisas feias, e quando é mau com a mãe e a Avó, saem mosquitos, e da boca de Diogo saem chaminhas pequeninas. De todas as bocas sai um cheiro horrível, o pior que possam imaginar. E à medida que eles falam, e quanto mais feias são as coisas que eles dizem, mais coisas feias saem das suas bocas, como moscas, pedrinhas pequeninas, chaminhas, sabores a pimenta e a malagueta que os deixam em brasas com a língua de fora, espirram seguido, e ganham soluços. Quando as meninas falam, das suas bocas, saem estrelinhas, pintinhas, luzinhas, flores, músicas suaves, e perfumes muito agradáveis. Ninguém está a perceber nada do que está a acontecer. Nunca viram tal coisa. Hugo grita zangado:
- Mas que porcaria é esta…? – Da sua boca saem umas ervas daninhas.
            Todos começam a gritar. A Fada Geada transforma-se em rapariga. Todos ficam maravilhados com ela. Nunca a viram antes.
- Quem és tu? – Perguntam em coro!
- Áh! – Todos exclamam, ao ver a sua beleza.
- És tão linda! – Diz o Diogo.
            E da boca de Diogo sai um lindo ramo de flores!
- Mas… - Perguntam-se todos.
- Não estou a perceber nada. – Comenta a Mãe Raquel.
- O menino acabou de dizer uma coisa bonita…por isso, da sua boca, saiu este lindo ramo de flores. Enquanto ele disse coisas feias, principalmente em relação à mãe, saíram coisas feias. – Explica a Fada Geada.
- Mas das meninas só saíram coisas bonitas…não é justo. – Reclama Hugo.
- É justo sim! – Gritam as fadas, as mães e as meninas.
- Elas dizem coisas bonitas! – Explica a Fada Rosa Vermelha.
- Isto é para ensinar os meninos que não devem dizer coisas feias, nem chamar nomes feios às meninas, e aos outros. – Explica a Fada Branquinha.
- Toda a gente gosta de ouvir palavras bonitas e devemos ser sempre agradáveis uns com os outros, mas nem sempre somos simpáticos. – Ensina a Fada Musical.
- Quando dizemos coisas bonitas, sempre que pedimos desculpa quando não somos bonzinhos, sempre que dizemos alguma coisa que faça alguém feliz, se for sincero, das nossas bocas saem doces e lindas melodias, perfumes agradáveis, e cores. Quando dizemos coisas que deixam os outros muito tristes, nascem na nossa boca coisas muito feias, maus cheiros, e outras coisas de que não gostamos...nem vocês, nem os outros. Como vos aconteceu! – Ensina a Fada Asinhas.
- Não gostei nada… - Comenta David.
- Pois, e não disseste coisas mesmo nada bonitas! – Exclama a Fada Branquinha.
- Pois não! – Dizem os meninos em coro.
- Nem vocês, meninos! – Acrescenta a Fada Xailinho.
- Pois não! – Reconhecem todos envergonhados.
- Foram muito mauzinhos. – Diz a Mãe Raquel.
- Desculpa, Mamã. – Gritam todos em coro, às suas mães.
- E às meninas, não pedem? – Pergunta a Fada Universo.
- Desculpem meninas! – Pedem os meninos em coro.
- Muito bem! – Gritam as Fadas contentes.
- Está bem. – Respondem as meninas em coro.
- Humm, que cheirinho…! – Diz a mãe Rita.
- Huuuummmm! – Acrescentam as meninas.
- Que lindos! – Rematam as fadas.
- Não gostaram da experiência pois não? – Pergunta a fada Branquinha.
- Não! – Respondem os meninos em coro.
- Foi muito mau. – Comenta Diogo!
- Pois foi! – Confirma Hugo.
- Até me magoei, as pedras arranharam-me. – Diz David.
- É o que sentem as outras pessoas, que vos ouvem a dizer coisas más, e feias, e a chamar nomes nada simpáticos! – Informa a Fada Branquinha.
- Ai, que vergonha! – Comenta o menino Diogo.
- E é mesmo uma vergonha…! – Confirma a fada Asinhas.
- Se não gostaram do que sentiram, lembrem-se que as pessoas que vos ouvem a dizer coisas feias e más, também ficam tristes, e sentem-se como se levassem com pedrinhas no coração, ou chaminhas, ou ervas daninhas, migalhas ou mosquitos…e muitas outras coisas. – Lembra a Fada Universo.
- Se não querem sentir isso outra vez, e se não querem que saiam da vossa boca coisas feias, é melhor não dizerem isso, está bem? – Aconselha a fada Asinhas.
- Está bem! – Gritam os meninos em coro.
- Se disserem coisas boas e bonitas, agradáveis, toda a gente vai ficar muito feliz convosco, e vão sentir no coração coisas muito boas! – Informa a Fada Musical.
- É por isso que da boca das meninas só saem flores, luzinhas, estrelinhas, cheirinhos agradáveis, e pérolas. – Lembra a Fada Rosa Vermelha.
- Querem experimentar outra vez, meninos? – Pergunta a Fada Branquinha.
- Sim! – Gritam os meninos em coro.
            Começam todos a falar. E das suas bocas saem igualmente estrelas, luzinhas, gotinhas brilhantes, flores, bolinhas de sabão, e aromas muito suaves e agradáveis porque disseram coisas bonitas, palavras agradáveis, tinham bons sentimentos.
- Boa lição, queridas! Acho que aprenderam bem a lição! – Murmura a Fadinha Violeta, orgulhosa, ao ver o trabalho das suas meninas.
 - Muito obrigada! – Gritam as mães em coro, mais sorridentes e mais aliviadas.
- Não se esqueçam meninos! – Recomenda a Fada Branquinha.
- Estamos de olho em vocês…por isso, se não cumprirem, e se disserem coisas feias, já sabem o que vos sai das bocas. – Relembra a Fada Asinhas.
- Meninas, e meninas…não se esqueçam…se disserem palavras bonitas, se forem bons uns com os outros, amigos, se respeitarem e se forem educados com os mais velhos, papás e avós…e se tiverem bons sentimentos…só sairá da vossa boca, coisas boas e bonitas…se ofenderem os outros, se fizerem maldades uns com os outros, se não forem educados, e não respeitarem os mais velhos, da vossa boca só sairão coisas feias e más. Ao serem bons, vão sentir coisas boas no coração, vão ficar felizes, e vão fazer os outros felizes…se disserem coisas más, e se forem mauzinhos, os outros vão ficar tristes e vocês também porque não vão ter amigos. As minhas fadas andam de olho em vocês, elas ouvem e vêem tudo…dão prémios, e também dão uns pequeninos castigos, só para vos ensinar. Como fazem os papás quando vocês se portam mal! Não é…? Não se esqueçam desta lição, que é…? Digam vocês…! Portem-se bem.

FIM
Lálá
(6/Março/2013)



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