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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O menino racista aprende a respeitar!


Monólogo/ texto para dramatização


Olha, filha…olha a tua mãe aqui, quando era mais pequena! (ri) Que diferença! Lembro-me muito bem da minha turma da escola primária. (p.c) A professora foi das melhores que tive…era como se fosse uma mãezinha para todos nós! (p.c) Muito meiga, paciente, simpática…adorava-nos! Nós sentíamos isso! (p.c) Era uma turma de meninos e meninas, com trinta alunos! Muitos alunos…! (p.c) Quando penso nisso, admiro ainda mais a professora que tive, pois, se fosse eu, não aguentava tantos! (p.c) Quer dizer, se os alunos fossem como nós até era fácil, mas se fossem como os de agora…ai…enlouquecia! (p.c) Os professores de agora sofrem muito, e com poucos alunos, o que fará com muitos! (p.c) Além de sermos muitos, o mais interessante é que quase todos de diferentes raças e nacionalidades. (p.c) Havia…Angolanos, Cabo Verdianos, Brasileiros, Russos, Indianos, um ou dois chineses, meninos que vinham de França, e Portugueses. (p.c) As aulas eram interessantes, pois todos tinham hábitos parecidos e outros muito diferentes, mas quando se falava de qualquer parte da matéria havia muitas trocas de informação e todos aprendiam uns com os outros. (p.c) No geral, a turma era bem comportada, e nunca houve muitos problemas! Mas havia um menino português, que tinha a mania que era engraçadinho, e muito inteligente. (p.c) Coitadinho…esse era dos piores, pois gozava com todos, com risinhos estúpidos sempre que outro menino falava, insultava, e humilhava os outros, para mim era defeito de educação e necessidade de chamar a atenção, pois a professora uma vez disse-nos que devíamos perdoá-lo porque tinha problemas em casa, e era maltratado pelos pais. (p.c) Ninguém podia compreender como perdoar aquele menino mau com os outros…porque é que tínhamos de o tratar de forma diferente? (p.c) A nós sempre nos tinham ensinado a tratar todos por igual. (p.c) Não conseguíamos perceber. (p.c) Na verdade isso ainda há hoje em todas as turmas, mas na altura foi uma coisa nova. (p.c) Ninguém queria brincar com ele, nem ficar perto dele, porque ele começava logo a bater e a provocar. (p.c) Nós bem tentávamos gostar dele, mas não conseguíamos. A professora bem tentava, e chamava-o à atenção, mas era o mesmo que falar para as paredes. (p.c) Todos os dias fazíamos queixa dele! Ele era racista…para ele, todos os que não fossem portugueses, não prestavam. (p.c) Mas isto durou pouco tempo porque…numa tarde, depois de ele ter cansado a professora, no recreio, com uma brincadeira maluca que inventou, deu uma série de trambolhões e rolou pelo chão depois de ter caído de um brinquedo bem alto. (p.c) A professora não estava nessa altura, tinha ido fazer um recado. (p.c) No momento em que o vimos a cair fomos todos a correr ter com ele, para o socorrer. Ele gritava de dores, tinha várias feridas enormes, ficamos todos em pânico…mas lembramo-nos do que tínhamos aprendido sobre primeiros socorros, e enquanto um menino foi chamar a professora ao lado, começamos todos a tentar acalmá-lo; as meninas faziam-lhe carinho, e animavam-no, mas mesmo bastante ferido, ele tentava ser mau, e insultou gravemente quem tentava ajudá-lo. Apesar disso, nós aguentamos a maldade dele e ficamos ao pé dele. Uma menina angolana fez um primeiro curativo na perna dele, e ele ainda deu pontapés…talvez de dores ou de ardência…! (p.c) Mas a menina suportou os pontapés dele e disse para ele parar, que era para o bem dele. (p.c) outras meninas brasileiras deram-lhe a mão e fizeram carinhos. (p.c) Chegou a professora e muito preocupada observou-o e fez-lhe várias perguntas. Ele só gritava e chorava. (p.c) Pelo sim pelo não, a professora chamou uma ambulância e foi com ele. E ainda bem que foi porque afinal tinha um braço, uma perna e um pé partidos. (p.c) Ficamos todos preocupados, porque o tombo foi grande, e ele estava bastante ferido. (p.c) Como eramos mais humanos e mais sensíveis que ele, esquecemos que ele era mau connosco e socorremo-lo. (p.c) A professora chegou e trouxe-nos as novidades. (p.c) Uma menina Cabo Verdiana teve uma ideia: irmos visitar o menino, e levar-lhe umas pequenas ofertas. (p.c) Ela tinha esquecido completamente os insultos e as humilhações, e tinha sido uma verdadeira amiga para o menino. (p.c) A professora ficou sensibilizada com esse gesto e apoiou de imediato. (p.c) Então, fizemos uma série de pequenas coisas, com muito carinho, com a ajuda da professora: poemas, desenhos, trabalhos manuais…e todos assinamos. (p.c) Depois dos trabalhos feitos, fomos ao hospital visitá-lo. Ele estava muito triste. (p.c) Quando nos viu entrar ficou muito surpreso e um pouco envergonhado, porque estavam lá todos os que ele menos gostava, e que ele tinha humilhado. (p.c) A professora informou-o que tínhamos umas surpresas para ele, e que desejávamos as melhoras. (p.c) O menino ficou muito feliz, abriu um grande sorriso, e a professora deu-lhe o que tínhamos feito. (p.c) Adorou. Agradeceu-nos muito, e pediu-nos desculpa por ter sido tão mau connosco todas aquelas vezes. (p.c) De facto, quando ele caiu, quem foi logo ter com ele foram aqueles a quem ele humilhava e com quem não gostava. (p.c) Nós perdoamos todas as ofensas, e o menino engoliu um grande sapo como se costuma dizer. (p.c) todos os dias fomos visitar o menino ao hospital enquanto ele lá esteve, e o menino adorava a nossa visita, ria muito, ficava mesmo feliz, e brincava, falava…A partir desse dia o menino nunca mais foi o mesmo…passou a ser um rapaz meigo, simpático, delicado, e amigo. (p.c) Depois de ele sair, e estar a melhorar, todos lhe emprestávamos os cadernos, explicávamos o que tínhamos aprendido, e ajudávamo-lo a fazer os trabalhos de casa e nos outros trabalhos. (p.c) E todos passamos a ser acolhidos por ele, tornou-se muito mais humano, agradecia-nos sempre, independentemente da nossa raça. (p.c) Nunca mais nos gozou, nem humilhou. (p.c) Aprendeu uma verdadeira lição! (p.c) Às vezes é preciso assim uns acontecimentos para abrir os olhos e os corações. (p.c) Independentemente da raça ou origem, todos precisamos uns dos outros por alguma razão. E às vezes, a ajuda vem de quem não estamos à espera, ou de quem achamos que jamais nos ajudaria. (p.c) Lá porque temos uma cor diferente, não deixamos de ser humanos e de ter bons sentimentos! (p.c) Na verdade, independentemente da cor, todos somos diferentes, por dentro, na maneira de ser, mas acima de tudo, somos seres humanos, de carne e osso!


FIM


(Lálá)


(28/Dezembro/2012)

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