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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A ÁRVORE


NARRADORA – Era uma vez uma árvore enorme plantada num pinhal onde existiam casas. O seu tronco era enorme e largo, quase parecia uma casa; e os troncos pequenos pareciam braços. Mas esta não era uma árvore qualquer…! Vejam porquê. Num dia de Verão, passa uma Avozinha pequenina, enrogadinha, mas cheia de genica e sorridente a carregar sacos. A Avó já era muito conhecida da Árvore, e adorada por esta, pois a Avozinha sentava-se muitas vezes debaixo das suas folhas á sombra, no Verão, e abrigava-se da chuva no Inverno, desde que era muito pequenina e guardava o gado. Actualmente, a Avó sentava-se, encostava-se ao tronco, e tinha longas conversas com a sua amiga Árvore a quem contava histórias. A Avó tinha netos, e também estes já iam para debaixo da árvore.
ÁRVORE (sorridente) – Óh…olá querida Avozinha, como estamos hoje?
AVOZINHA (sorridente) – Olá bom dia, estou bem…quer dizer…viva…de olhos abertos, a respirar, com o coração a bater…e posso mexer-me. É sinal que estou bem, tirando as dores nas costas.
ÁRVORE (ri) – Ai Avó, a Avó é uma maravilha! Um exemplo a seguir para toda a gente.
AVOZINHA (sorri) – Óh, filha…a minha vida não foi fácil, mas considero que sempre fui feliz. Agora as pessoas têm tudo e estão sempre infelizes e insatisfeitas…! (p.c) Não dão valor ao que é mais importante, e o que é do melhor que podemos ter.
ÁRVORE (sorri) – A Avó está sempre bem disposta…é por isso que tem essa saúde fantástica, e essa carinha de boneca…!
(Gargalhadas da Avó)
AVOZINHA (ri) – Ai, querida, achas que acredito mesmo no que tu dizes…?
ÁRVORE – Eu estou a ser sincera…está com um ar óptimo.
AVOZINHA (ri) – É…sou uma boneca…está bem…uma boneca de papel ou de trapos velhos.
ÁRVORE – Que horror…não diga essas coisas. (p.c) Sente aqui…pouse os sacos e descanse um pouco.
AVOZINHA – Filha, não posso demorar…os meus netos devem estar a chegar.
ÁRVORE – Sim, mas sente…vou dar-lhe um copinho de água! (p.c) Quer uma cadeira, um banco, um sofá…?
AVOZINHA – Qualquer coisa.
ÁRVORE – O que é mais confortável para si…?
AVOZINHA (sorri) – Tudo é confortável, eu não sou esquisita.
NARRADORA – Num instante, a árvore remexe com uns troncos fininhos dentro do seu tronco grosso, e tiras de lá um sofá, e um copo de água para a Avó. A Avó senta-se no sofá e bebe água.
AVOZINHA (sorri) – Ááááhhh…que delícia de água! Obrigada, querida.
ÁRVORE (sorri) – De nada! Quer mais?
AVOZINHA (sorri) – Não! (p.c) Tu estragas-me com mimos!
ÁRVORE (ri) – A Avó merece! (p.c) Permita-me que lhe faça umas massagens, posso?
AVOZINHA (sorri) – Óh, filha, isso é fantástico. Claro que sim. Mas eu não quero incomodar-te, nem abusar da tua bondade!
ÁRVORE – Fique descansada, Avó, que se eu não tivesse nada para lhe oferecer, não lhe falaria nisso. Dou-lhe todo o carinho, do coração. (p.c) Vá…deite-se à vontade, por favor…logo, logo vão desaparecer as dores nas suas costas. Só tem que se entregar a mim.
(A Avó ri, deita-se)
AVOZINHA (sorri) – Áh! Que bom…estou nas tuas mãos! (p.c) Mas… (preocupada) e os meus netos…?! (p.c) Ai, não posso ficar as massagens! (p.c) Não, não me posso entregar às dores.
ÁRVORE – Calma, Avó. Não se preocupe, que quando os seus netos chegarem, eu chamo-os! (p.c) Descanse. Eu vejo daqui.
AVOZINHA (sorri) – Obrigada.
NARRADORA – E assim é…a Árvore, com uns troncos fininhos massaja delicadamente a Avó nas costas. A Avó está deliciada e relaxada! (p.c) De cima, a árvore vê os netos pequenos da Avó, e estica os troncos, para chama-los delicadamente. Os meninos também já conhecem a árvore, e seguem-na. A árvore pede que façam silêncio, e eles…pé ante pé, silenciosamente vão ter com a árvore, que continua a massajar a Avó.
MENINOS – Avó!
AVÓ (sorri) – Olá meus amores. (p.c) Desculpem não vos dar beijinho, mas estou aqui a receber massagens.
MENINOS (sorriem) – Está bem Avó.
AVÓ – É que doem-me as costas. Tudo bem convosco?
MENINOS (sorridentes) – Sim.
MENINA – Avó…temos fome!
AVÓ – Esperem um bocadinho…!
ÁRVORE – O que querem comer?
AVÓ – Eu já lhes dou a seguir.
ÁRVORE – Digam lá…!
MENINA – Eu quero um iogurte, e uma torrada.
MENINO – Eu também quero isso.
AVÓ – Óh meninos, que chatos…esperem.
ÁRVORE – Deixe-se estar, Avó, eu dou-lhes.
AVÓ – Ai, que já estamos a abusar.
ÁRVORE – De maneira nenhuma.
NARRADORA – A Árvore, enquanto massaja a Avó, com outros tronquinhos pequeninos, remexe no seu tronco e tira de lá uma mesinha e umas cadeiras para os meninos. Eles sentam-se e a árvore tira do tronco o lanche dos meninos. Eles sorriem.
MENINOS – Obrigada!
ÁRVORE – Querem mais alguma coisa?
MENINOS – Não, obrigada.
ÁRVORE (sorridente) – Como correu a escolinha?
MENINOS (sorridentes) – Bem!
NARRADORA – A Árvore, a Avó e os netos falam alegremente. De repente, um menino está perdido no campo, e chora muito assustado, andando de um lado para o outro e a chamar pelos pais e pelos avós. A Árvore conhece-o, agarra-o pela camisola e arrasta-o para a sua beira.
ÁRVORE (sorridente) – Então, pequenote? (o pequeno pára de chorar) O que foi?
MENINO 2 – Eu não sei onde estão os meus pais, e os meus avós, nem sei onde é a minha casa.
ÁRVORE – Eu sei onde é a tua casa, e quem são os teus pais…não te preocupes…vais já ter com eles! (p.c) Queres alguma coisa?
MENINO 2 – Não!
ÁRVORE – Meninos, podem ir levar este menino ali a casa, por favor?! Aqui…mesmo em frente!
MENINOS – Sim, anda!
(Os dois dão a mão ao menino)
ÁRVORE (sorri) – Já passou, querido! (p.c) Já vais para casa.
MENINO 2 – Está bem!
ÁRVORE (sorri) – Um beijinho para os teus pais e Avós!
MENINO 2 (sorri) – Obrigado!
AVÓ (sorri) – Eu sei quem és! (p.c) Vou lá contigo cumprimentar os teus pais. (p.c) Muito obrigada querida árvore, as massagens souberam mesmo bem.
ÁRVORE – Óh, já vai Avó? Hoje não me vai contar uma história?
AVÓ – Desculpa, hoje não tenho histórias para contar.
ÁRVORE (sorri) – Não faz mal, Avó…! (p.c) Quer ajuda para levar os sacos?
AVÓ – Não, filha, os meninos levam!
ÁRVORE – Não é preciso, vá descansada, eu deixo-lhe os sacos em casa!
MENINA – Não, nós levamos!
ÁRVORE (sorri) – Levem o menino a casa! (p.c) Eu deixo lá em casa.
TODOS – Está bem.
NARRADORA – Vão levar o menino a casa, a mãe já estava preocupada, e a árvore estica uns troncos e pousa os sacos da Avó à porta da sua casa. Aparece um casal de Aves feridos, que levaram um tiro numa asa e numa pata, por isso não conseguem voar…vão pelo chão com muita dificuldade e a gemer.
AVE – Por favor…pode ajudar-nos? (p.c) Estamos…ai, ai, ai…feridos!
ÁRVORE (preocupada) – Claro que sim, mas…o que vos aconteceu?
AVES – Levamos um tiro.
AVE 2 – Sim, íamos a voar sossegados, e um maluco deu-nos um tiro…conseguimos fugir e esconder-nos mesmo feridos…e depois viemos pelo chão.
AVE – Chegamos, mas está a doer muito!
ÁRVORE – Mas que maldade…
NARRADORA – Remexe no tronco, e retira de lá um almofadão, uma lupa, duas pinças, álcool, algodão, mercúrio, adesivo, tesoura…observa, limpa as feridas, e faz os curativos às aves.
ÁRVORE (sorri) – Já está. Agora, vão ter de ficar de repouso.
AVES – Nem pensar.
AVE – Não temos onde ficar…!
ÁRVORE – Têm sim…ficam aqui num dos meus ramos, vou preparar-vos o ninho.
AVE 2 (sorridente) – Ai, muito obrigada. Nem sabemos como lhe agradecer a sua generosidade!
ÁRVORE (ri) – E quem disse que têm de agradecer…!
NARRADORA – A árvore prepara um ninho confortável, num ramo, pega em cada uma das aves e coloca-as carinhosamente no ninho. Dá-lhes água, e cobre-as com um lençol. Dá-lhes alimento e fala um pouco com eles. Aparece um pequeno gatinho que consegue trepar à árvore, a brincar e distraído, mas não consegue descer, fica com medo. A árvore pega nele e pousa-o no chão. Pouco depois um jovem cavaleiro cai de cansaço no campo e porque está doente. A árvore arrasta-o para o seu tronco, põe – lhe a mão na testa, e sente que está muito quente. Remexe no seu tronco, tira de lá um termómetro, e realmente, o pobre cavaleiro está mesmo com muita febre. Ela abre uma portinha no seu tronco e mete lá o cavaleiro. Dá-lhe um medicamento, água e agasalha-o cuidadosamente. O cavaleiro adormece. A árvore olha em volta, e avista o cavalo deitado na relva, igualmente desidratado e doente. Remexe no seu tronco, e tira de lá água para o cavalo, um cobertor, alimento, um guarda-sol e medicamentos. Tapa o cavalo com o guarda-sol, dá-lhe água e alimento, deita os medicamentos na água, e cobre o cavalo, deixando água ao pé do cavalo para ele ir bebendo. Nos dias seguintes, os doentes recuperam, com tanto carinho da árvore. E qualquer pessoa ou animal que estivesse em perigo, a árvore ajudava com tudo o que podia. Que árvore maravilhosa! Era adorada por todos, e mágica. Gostavam de ser uma árvore assim? Sabem…podem ser como ela…! Sim, é verdade…não são árvore, nem têm aquelas coisas todas no tronco, mas há sempre alguma coisa de bom no vosso coração, que podem dar aos outros, para os ajudar…se não for bens materiais, podem muito bem, dar simplesmente um sorriso, um abraço, uma mão, a vossa amizade, a vossa presença, podem emprestar os vossos ouvidos a quem precisa de falar, um desenho bonito, uma flor, um beijinho, emprestar alguma coisa que tenham e o outro menino não tenha, e muitas outras coisas boas que descobrirão certamente, poderão fazer alguém que está ao vosso lado muito, muito feliz.

MORAL DA HISTÓRIA PARA OS PAIS, AVÓS, PROFESSORES E OUTROS:
Infelizmente não somos árvores poderosas, com tudo o que precisamos de dar a nós mesmos e aos outros, mas temos sempre alguma coisa. E não precisamos de ir muito longe para fazer alguma coisa pelos outros, pois mesmo ao nosso lado, e às vezes dentro de nossa casa, temos alguém que precisa sempre de alguma ajuda nossa, ainda que pequena e simples. E mesmo que pequena…deve ser sempre valorizada e elogiada, para que as seguintes possam ser cada vez melhor e maiores. Papás…e mamãs…e Avós…valorizem sempre a boa vontade dos vossos pequenos, e engrandeçam todas as pequenas vitórias e pequenos esforços que eles mostram…mesmo que não seja de forma perfeita! Mesmo as tentativas falhadas, e as críticas devem ser cautelosas, suaves, sem humilhar e sem desvalorizar totalmente. Corrijam, mas realcem sempre a parte positiva, e expliquem como devem fazer, até a brincar! Aprenderão muito melhor do que se forem criticados e humilhados! Lembrem-se…os pequenos não fazem as coisas perfeitas, como vocês querem ou gostariam, Ninguém é perfeito! Nem vocês! E as crianças, ao ser valorizadas por pequenas coisas, sentir-se-ão igualmente valorizadas, esforçar-se-ão por fazer ainda melhor das vezes seguintes…! Dessa forma, sem críticas severas e destrutivas, os vossos filhos crescerão de forma equilibrada, feliz e com boa auto-estima…fundamental para a sanidade mental. Se a criança cresce na crítica, é isso que ela vai aprender a ser e a fazer aos outros. Se a criança cresce no meio da violência, é isso que vai mostrar aos outros. Se a criança cresce no ódio é o que ela vai sentir em relação a si mesma e em relação ao outro. A família é um excelente laboratório social, muito importante para a formação de cidadãos, que dependendo dos pais, poderão ser cidadãos de classe, bondosos e solidários, e também mais humanos e felizes. Não precisam de gritar, com os vossos filhos quando fazem alguma coisa mal, ou menos perfeita que vocês, nem de humilhar, pois dessa maneira não aprendem, muito pelo contrário.  

FIM
Lálá
(25/Dezembro/2012)
  

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