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terça-feira, 2 de abril de 2024

O tornado arco-íris

    Era uma vez um tufão pequenino, com as cores do arco-íris. Ele queria ser visto, e tinha de cumprir as ordens da Natureza, quando ela mandava aparecer, mas sentia-se envergonhado e nervoso porque ainda era pequenino. 

  Por ser pequeno, ainda não conhecia na sua força destruidora, mas sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Já tinha ouvido falar, e sentia medo. 

    Não queria magoar as pessoas da Terra, nem destruir as suas coisas que lhes fazem tanta falta. A Mãe Natureza mandou-o aparecer na cidade, e mesmo sem querer, lá foi ele. 

  Surgiu por trás de um monte na cidade, como um pequenino arco-íris, com as lindas cores, ondulando, e dançando ao sabor do vento, que era muito mais forte. 

    O pequenino tornado estava tímido e com medo, por isso o arco-íris não aumentou. O vento mais forte do que ele ri à gargalhada e comenta: 

- Pareces uma chama insignificante! A abanar com o meu sopro! 

   Um trovão estrondoso rasga as nuvens, o vento forte treme e fica gelado. 

- Mas o que é isto? O vento que também já foi deste tamanho, armado em forte, só porque agora é maior, a gozar com o mais fraco?! Achas bem? Tu também tens medo de mim, e tiveste medo, das primeiras vezes que apareceste na cidade...parece que já te esqueceste, e eu não te humilho, pois não? 

    O vento maior não sabe onde se meter com a vergonha, e tenta fugir. 

- Nem te atrevas a fugir, que eu vou atrás de ti. Responde! Assume que sentias medo, e sentem medo de mim, em vez de fugir. - grita o trovão

- Sim, é verdade...senti medo, e sinto. Desculpe... - responde o vento 

- Não é a mim que tens de pedir desculpa, é ao pequeno tornado. Não vês que ele é pequeno? Tu nunca foste deste tamanho? E deste tamanho não sentias medo...? (ri) Óh, que valentão que eras, claro! 

- Desculpa, pequeno tornado! 

- Como és bonito, pequeno tornado. Não fiques envergonhado! Em breve, vais ser tão forte como ele! Tens umas cores maravilhosas, para encantar as pessoas da cidade. Ele é invisível, só o sentem. - diz o trovão 

- Obrigado! Mas eles não me veem. 

- Eles agora veem mais computadores e telemóveis à frente, mas ainda há quem repare em ti, principalmente os mais pequenitos, e adultos. 

- Ele disse que eu parecia uma chama insignificante, a abanar com o sopro dele... 

- Eu ouvi. Uma chama a ondular com o vento também se vê, e é bonito. Não lhe ligues! És pequenino e envergonhado, não tem problema nenhum. Um dia destes vais ser grande e extrovertido, todos vão reparar na tua beleza. 

- Ai, que vergonha. 

- Vergonha nada! Isso é só no início, mas habituas-te. Tenho a certeza! 

(O pequenito tornado sorri)

- Ai de ti que voltes a desvalorizar o pequeno! Já sabes como é que eu sou! - avisa o trovão 

- Sim, senhor. Sei muito bem. 

- Já sabes muito bem como sou, quando vejo injustiças como esta, e mais comportamentos, por isso...! 

- Sim, Sr. Trovão. 

- Olha que eu estou atento. Faz a tua tarefa, sem comentários infelizes. 

- Combinado! 

    O trovão recolhe, e fica de orelha levantada. O furacão sopra mais forte e o pequeno tornado volta a abanar como se fosse uma chama. Algumas pessoas na cidade reparam nele, e fotografam-no.

- Ai, que vergonha, tanta gente a olhar por mim, e a fotografar-me! Será que estou apresentável, e bem arranjado? 

- Queres ser visto, e tens vergonha? - comenta o furacão a rir à gargalhada. 

    O trovão dispara outra vez, as pessoas na cidade gritam, umas fogem assustadas, outras tentam proteger-se, porque cai um chuveiro fenomenal, com saraiva à mistura.

- Outra vez? - pergunta o trovão furioso - Estás muito bonito, pequeno! Olha como tiveste pessoas a olhar para ti? Até te fotografaram...e ficaram a ver se crescias. Ainda não cresceste, mas cumpriste o teu papel: encantar as pessoas da cidade! Parabéns! Não sintas vergonha por ainda seres pequeno! Tens tanta beleza como um arco-íris grande. Não tenhas pressa de crescer. És na mesma apreciado, ou ainda mais, por seres como és! As pessoas gostam de ver arco-íris, estão mais habituadas aos grandes, mas é bom verem pequeninos, enche-os de ternura, que eles bem precisam. Até te fotografaram, eu percebi que ficaram encantados. Ainda estão a olhar para ti, vejo daqui o brilho nos seus olhos e sorrisos, com ternura. Estão deliciados, como se estivessem a ver uma criança, que és! Linda! 

- Obrigado! - diz o tornado a sorrir 

   A Mãe Natureza está orgulhosa, e manda o pequeno tornado para casa, onde os seus pais também sentem orgulho por ele ter chamado a atenção. 

- Muito bem, filho! Continua...para a próxima já estarás maior, mas para já, valeu a pena! O trovão tem toda a razão...lembra-te das palavras dele. 

    Passados uns dias, o pequeno tornado, com as cores do arco-íris, ganhar força, cresce, e a Mãe Natureza manda-o para a cidade. Mesmo ainda com alguma vergonha e timidez, mas maior, ele lembrou-se do trovão, das palavras, e aparece por trás do monte, até meio círculo. 

  Os habitantes ficam encantados, fotografam, sorriem, soltam exclamações de surpresa, e o tornado recolhe, todos ficam na expectativa para ver se vai desaparecer. 

- Anda cá, vamos brincar com eles...! - diz o furacão

   O tornado arco-íris volta a parecer uma chama ondulante com o vento, mas desta vez, com a ajuda do furacão, faz redemoinho, e começa a subir na vertical, com círculos grandes, em movimento.

 Os habitantes nunca tinham visto tal coisa, ficam assustados porque o vento era fortíssimo, mo céu estava muito escuro, as nuvens muito pesadas. 

   Todos repararam, fotografaram, sorriram ao ver aqueles círculos, embora pensassem que se estava a formar um tornado, ficaram a olhar, pareciam hipnotizados. 

- Que bonito! 

- Uau! 

- Nunca tinha visto nada disto! 

- Parece um tornado, mas tem as cores do arco-íris! 

- É mágico!

- Ááááhhhh...mesmo bonito! 

   Todos aplaudem, e os que param para ver: 

- Gratidão, Natureza, por este presente! 

  Pouco depois, o tornado arco-íris desaparece. Quando regressa a casa, todos dizem: 

- Estamos orgulhosos de ti. 

- Obrigada! Obrigado! 

   Partilha a sua experiência com todos, sorriem, continua a crescer, orgulhoso e vaidoso. A Natureza manda-o aparecer, quando ele já está com o triplo do tamanho, e todos repararam na sua beleza, o arco-íris, como o conhecemos agora. 

                              Fim 

                           Lara Rocha 

                            2/Abril/2024 


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