Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 8 de junho de 2023

A aldeia do riso

   

desenhado por Lara Rocha 


     Era uma uma aldeia desviada de uma grande cidade com famílias numerosas, onde não havia luxos, mas tinham o essencial: casa, comida, água, roupa, calçado, medicamentos e outros serviços. 

       Mas o que fazia toda a diferença era a humildade, simplicidade, boa disposição, alegria e amizade das pessoas que viviam nesta aldeia. As crianças tinham poucos brinquedos, mas muita imaginação. Elas próprias inventavam os seus brinquedos, com o que encontravam, os adultos ajudavam e riam à gargalhada. 

       Um dia, uma fada passeava por cima dessa aldeia e ficou deliciada com as gargalhadas das crianças, a maneira como elas brincavam felizes, e a beleza de todos os habitantes, que com pouco, não pediam nada. 

       A fada riu à gargalhada ao ouvir as crianças a rir, que eram risadas contagiosas, e transforma-se em menina, igual a eles para saber de onde vinham aquelas gargalhadas. 

       Apareceu num campo de futebol onde estavam a brincar, vestida como eles. Todos param, olham-na, sorriem:

- Olá! - diz a fada 

- Olá! - respondem todos 

- Nós não te conhecemos! - diz um rapaz 

- Sou a Solrria (gargalhadas), vivo noutra aldeia. Desculpem aparecer aqui, mas gostei tanto de ouvir as vossas gargalhadas que vim ver se havia aqui algum circo! 

- Solrria? Que nome tão raro! - comenta uma menina

- Mas soa bem! - comenta outra 

- É! - concordam todos 

- Não fiques zangada, Solrria, porque os nossos nomes também são raros e engraçados.  Queres ouvir? - diz um menino

        A Solrria ri-se, e os meninos riem com ela. Cada um diz o seu nome, dá uma gargalhada e os outros respondem com gargalhadas. A Solrria ri com eles. 

- Muito interessantes os vossos nomes! (ri a fada e todos riem) O que vos faz rir tanto? 

- Tudo! - respondem em coro 

- Já é de nós! 

- Rimos de tudo! 

- Temos o que é preciso e muitas aldeias não têm. 

- Isso! Temos casa, comida, água, roupa, médicos, remédios quando precisamos, temos saúde, família, somos amigos.

- É! Tudo o que é preciso para sermos felizes e rirmos com alegria! 

(Todos riem) 

- Muito bonita essa vossa maneira de viver. Têm razão! Eu também sou feliz porque tenho tudo o que preciso, gosto do que tenho. Não é preciso muito para ser feliz - diz a fada 

- Pois não! - dizem todos 

- E esses brinquedos, quem vos deu? - pergunta a Fada 

(Gargalhadas gerais) 

- Fomos nós que inventamos! - diz um menino a rir-se 

- Que lindos! - diz a Fada 

- Anda ver mais! - convida outro 

       Uma menina dá a mão à Fada e vão com ela para o recanto onde guardam muitos brinquedos criados por eles. A cada brinquedo dão uma risada, e a fada ri com eles. 

- Adoro estes brinquedos! - diz a fada 

- Nós também! - dizem todos a rir 

- Os meus são um bocadinho diferentes, mas estes, adoro. - diz a fada 

- Boa! Anda brincar connosco. 

- Está bem. 

        A fada passa uma tarde muito feliz com brincadeiras diferentes, aqueles meninos tão simpáticos, que estavam sempre a rir, e ela ria com eles. 

       Depois foram lanchar, os meninos cantaram uma canção tradicional da cultura deles, como era hábito, numa língua que ela não conhecia. 

- Que canção tão gira! - diz a Fada - cantam-na sempre? 

- Sim! - respondem em coro 

- É para agradecer a comida que temos neste lanche! - explica um menino 

        Todos dizem que sim, e riem. 

- Boa! - diz a Fada 

- Cantamo-la em cada refeição que fazemos! - explica uma menina 

- Que giro! - diz a Fada a rir 

        Todos riem, e comem com vontade, sempre numa conversa muito animada, com algumas cantorias pelo meio, palmas, muita gargalhada. 

        Brincam mais algum tempo, e quando vão jantar, pedem à Fada para voltar. Ela promete voltar e agradece. Cada um abraça-a carinhosamente e dá dois beijos, com um sorriso de orelha a orelha, ela retribui. 

- Adorei conhecer-vos! Obrigada por esta tarde, pelas brincadeiras e pelo vosso riso! Voltarei, muito em breve. 

        Todos riem: 

- Nós também. 

- Adoramos conhecer-te! - diz um menino 

- Sim, volta sempre que quiseres. Riem, e vão para casa. A Fada está repleta de alegria e carinho. Decide oferecer um presente aos meninos. Uma bola transparente grande, com brilhantes a boiar que mexem de um lado para o outro, de todas as cores.

        Deixa um bilhetinho: «Esta bola com água e brilhantes de todas as cores, representa o meu agradecimento por tanta coisa boa que me deram hoje. Principalmente o vosso riso e a felicidade, a simplicidade e a alegria com que vive, brincam, o vosso carinho! Muito obrigada a cada um e a todos por tanto que aprendi convosco. Encheram-me de boa energia, preencheram-me, adoro-vos. Voltarei...até já. 

        Deixa a bola no meio do campo, e vai para a sua casa ainda a rir pelo caminho. No dia seguinte, os meninos veem o presente, primeiro ficam muito surpresos, olham e voltam a olhar: 

- Áh! Que linda bola! - comenta uma menina 

- É mesmo! 

- Tantos brilhantes. 

- Uau! Parecem estrelas! 

- Nunca vi nada assim. 

- Nem eu. Quem terá deixado aqui isto? 

- Não sei. 

        Leem o bilhete, riem à gargalhada, dançam, cantam, uma canção com palavras estranhas, abraçam-se, saltitam. a Fada aprecia a reação dos amigos pousada na árvore e solta sonoras gargalhadas no interior de um tronco. 

- Que gargalhadas maravilhosas, tão lindos! 

        Um menino pergunta: 

- Será que podemos brincar com esta bola? 

        A Fada aparece novamente como menina. As crianças abraçam-na, beijam-na, uma de cada vez, a rir, dizem «bom dia», com um sorriso de orelha a orelha. 

- Bom dia! - diz a Fada a cada um e a rir de tanto carinho que recebe. 

- Olha que lindo, este presente que deixaram aqui! 

- Não sabemos quem foi. 

- Fui eu! - diz a Fada a rir 

- A sério? - perguntam todos em coro 

- Sim. 

        Dão um abraço coletivo à volta dela, a rir à gargalhada. 

- Muito obrigada. 

- Adoramos! 

- Podemos brincar com ela? 

- Claro que sim! - diz a Fada a rir 

- Como vamos brincar com ela? 

- Como quiserem! Ela não parte. - diz a Fada 

        Põem-se em roda, atiram a bola uns para os outros, sem deixar cair, a dizer poemas, a cantar, a rir e a conversar. Inventam brincadeiras e danças diferentes com a bola de brilhantes, explicam à Fada as brincadeiras, e esta ri à gargalhada com eles, entra nas brincadeiras, almoça com eles, e de tarde voltam a brincar. 

        Os meninos levam a Fada a visitar e a conhecer a aldeia, um espaço muito bonito, com muita natureza, flores encantadas, árvores, borboletas enormes e com cores mágicas, pássaros com penas de uma beleza rara, uma pequena praia de areia branca, muito limpa, um mar que parece um lago, e convida a um mergulho. 

        Todos mergulham numa grande alegria, num mar transparente, com água quente, um sol brilhante, igualmente quente, algas, pedras de cores, formatos e tamanhos diferentes, muito bonitas, conchas e búzios enormes, peixinhos exóticos. 

        A Fada fica maravilhada, com aquela beleza da aldeia e com a alegria, as danças e brincadeiras que as crianças inventaram, sempre a sorrir e a rir. 

        A Fada tornou-se mais um membro do que chamavam família, na aldeia do riso, onde havia tudo o que precisavam, não era muito, mas para eles era motivo de festa, alegria, agradecimento. 

        Realmente, se pensarmos bem, temos muitos, mesmo poucos, motivos para festejar e agradecer, como estes meninos. Vocês fazem como estes meninos? Com o quê? Podem deixar a resposta nos vossos comentários. 

                                                FIM 

                                            Lara Rocha 

                                            8/Junho/2023 


Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras