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sábado, 1 de abril de 2017

O passeio do Gugas e do Golfinho


Era uma vez um menino pequenino, com 5 anos, a quem chamavam Gugas, mas o seu nome verdadeiro era Gonçalo. Muito simpático, brincalhão, cheio de energia, e vivia numa casa em cima da praia.
Adorava acordar e sempre que não tinha de ir para o colégio, ia logo com os seus Avós (pai da mãe e pai do pai), e o seu Pai que eram pescadores, para a praia, mas ficava em terra com a mãe e as Avós (mãe da mãe e mãe do pai).
Enquanto os adultos trabalhavam, ele andava livre pela praia, a brincar com os seus primos, e amigos, na areia, e a ver o mar, a correr, a saltar, e a falar com a natureza à sua volta, como lhe tinham ensinado. Era uma criança feliz.
Um dia sentou-se ao pé do mar que estava calmo, e um golfinho foi ter com ele. Este foi um encontro que o deixou muito surpreso mas feliz, embora ele já conhecesse golfinhos, não era muito comum vê-los ali tão perto, ainda por cima, este golfinho convidou-o para um passeio.
O Gugas aceitou logo, e subiu para as costas do golfinho.
- Onde me vais levar? – Perguntou o Gugas                          
- Já vais ver! – Diz o golfinho
E este entra outra vez no mar, e parece que o rasga como quem rasga papel, quando vai a nadar, até chegar a um lugar não muito longe da costa, por trás de uma grande rocha, onde o menino nunca tinha ido. O mar parecia um lago, não tinha ondas, era transparente, e via-se o fundo.

O golfinho acompanha o Gugas, sempre à superfície, e aí ele vê coisas tão lindas! Algas com formas estranhas, cores variadas, que estavam presas na areia, mas mexiam-se, umas compridas que pareciam cabelos, outras mais pequenas, umas mais grossas, outras mais finas.
 Gugas sentou-se na areia, e ficou com água até à barriga, estava quentinha, tocou nas algas e sentiu que eram macias, escorregadias, e faziam cócegas, os dois riram-se.
Viu ao fundo do mar, sereias a saltar, a mergulhar, e pousadas nas rochas a abanar as caudas. Viu várias lindas estrelas-do-mar mesmo à sua frente, a mexer-se à procura de alimento, e outras estavam encostadas às rochas, outras pousadas, e outras desfilavam pela água sem pressa, cada uma mais bonita e exótica que dava gosto.
O Gugas ficou com vontade de levá-las todas para a sua praia, mas sabia que não podia, então, ficou só a encher os olhos com todas aquelas cores, e tentou imaginar o que cada uma iria fazer…pensou que umas estariam a comer, outras à procura de alimento, outras na hora da sesta a descansar, outras procuravam um lugar à sombra, ou iriam ter com amigas, outras talvez fossem só passear ou às compras.
Gugas molhou-se com a água, quis chapinhar e teve de dar um mergulho. Quando voltou
à superfície, olhou para o lado esquerdo e viu passar um cortejo de dezenas de peixes estranhos, mas tão bonitos, que ele nem imaginava alguma vez existirem. 
Uns tinham cabeça de peixe, mas as barbatanas pareciam asas de borboletas, que abriam e fechavam ao sabor da corrente da água, e dependendo do sítio para onde se queriam deslocar, cheias de cores diferentes. 
Outros eram pequeninos, compridos, com escamas vermelhas, brancas, amarelas, verdes, roxas, prateadas, douradas, azuis, e de cores misturadas e nadavam devagar.
Atrás desses peixes veio um batalhão de peixes, veio outro de Plutão de tartarugas pequeninas de carapaças verdes, umas mais claras, outras mais escuras, atrás de uma grande.
O Gugas ainda conseguiu tocar nelas, quando passavam, e achou muito engraçado a forma como elas nadavam, a dar às patinhas e que rápidas que eram.
Nadou para outro sítio, e aí encontrou milhares de pedras, conchas e búzios, de todos os tamanhos, formas engraçadas que pareciam estátuas, outras pareciam pessoas, outras não tinham formas definidas. 
Os búzios e as conchas eram perfeitos. Gugas nadou por cima delas, e tocou em todas, mas a sua vontade era mesmo levá-las consigo.
Entretanto, do outro lado viu sair de umas toquinhas na areia, que quase passavam despercebidas, dezenas de caranguejos pequeninos e grandes que nadavam rapidamente, mas pareciam estar perdidos, uns foram para um lado, outros foram para outro, cruzaram-se, sem chocarem uns com os outros, e o Gugas achou muito engraçado.
Nadou mais um bocadinho e parou num sítio onde estavam muitos golfinhos a nadar, a saltar no ar, cheio de corais de sonho, com plantas submarinas exóticas, lindas, muito coloridas, de onde saiam peixes de rara beleza, que ele nunca tinha visto. 
Peixes que pareciam monstrinhos, peixes que pareciam ter uma cara misteriosa, lulas, polvos, leões-marinhos, peixes compridos e feios, focas, cavalos-marinhos.
Plantas e pequenas árvores marinhas, parecidas com palmeiras e arbustos redondos, de muitas cores diferentes e feitios, animais que nem sabia bem se eram peixes, se eram aves marinhas, que conseguiam respirar debaixo de água, umas pareciam pavões que abriam as asas e mexiam-nas, com grande elegância, delicadeza e arte, mostrando os seus padrões de cores e círculos das penas.   
Viu bailados de peixes variados que nadavam em conjunto, muito certinhos, de um lado para o outro, peixes diferentes dos que ele conhecia. 
Isto fez-lhe lembrar o bailado dos pássaros, das gaivotas na praia que ele estava habituado a ver e a acompanhar todos os dias ao fim da tarde, e de manhã, quando acordava com o barulho que elas faziam à espera do pequeno-almoço.  
Depois no mesmo sítio, viu uma rocha pequena misteriosa. Uma sereia que estava refastelada em cima dessa rocha, entrou na toca, e tirou de lá algumas pérolas para o Gugas ver: pérolas de ostras brancas e conchas. 
O Gugas sentiu que eram duras, frias, lisas, leves e encantadoras, e ficou também encantado ao ver o reflexo do sol na água, que dava a impressão que eram fios de cristais brilhantes a boiar na água.
De outras tocas viu sair milhares de bolas de água, como se fossem bolas de sabão, mas não descobriu como apareciam, não sabia se eram feitas por peixes a respirar ou se eram correntes de água. De uma toca ao lado saíram peixes muito atraentes, mas o golfinho meteu-se à frente e avisou o Gugas que eram perigosos e venenosos.  
O Gugas estava a gostar tanto do que estava a ver, mas de repente lembrou-se que não tinha dito à mãe, ou à Avó ou aos primos que ia passear. Já deveriam estar preocupados à procura dele. Então, pediu ao golfinho que o levasse de volta à sua praia, com muita pena dele, porque aquele sítio era mesmo especial, e teria com certeza muito mais para ver, mas ficou preocupado com a sua família.
Gugas acertou…já todos andavam loucos à procura dele, a mamã em pânico, e as Avós, a chamar por ele, a correr tudo de um lado para o outro, os primos no mar e em terra, e do Gugas nem sinal. Até os cães ladravam nervosos e farejavam.
Quando o veem a chegar, respiram de alívio, mas mesmo assim, não se livrou de uma palmada, e de um ralhete. Ele pediu desculpa, e explicou que tinha ido passear com um golfinho, a um lugar muito bonito que já muitos conheciam mas ele não, e que se esqueceu de avisar, mas prometeu não voltar a fazer isso, e percebeu que todos tinham ficado preocupados.
O golfinho ficou triste por ver o Gugas levar um ralhete e uma sapatada. Foi à sua zona, pediu a uma sereia para lhe fazer um ramo de conchas, búzios e algas para oferecer à mãe do Gugas, e mais dois para as Avós dele. 
A sereia ainda meteu algumas pérolas brancas nos búzios, e fez uns lindos ramos.
O golfinho voltou à praia onde vivia o menino com os ramos nas costas, presos com umas folhas de árvore marinha às patinhas, só para não caírem. 
Chamou o menino, e ele abriu um grande sorriso, mas ficou logo triste porque se lembrou que estava de castigo:
- Óh, amigo, adorava ir contigo outra vez, mas estou de castigo por ter deixado a minha mãe e as minhas avós preocupadas. É que esqueci-me de lhes dizer que ia contigo… - explica o menino
- Eu sei, eu ouvi. Mas a culpa também foi minha. Por isso, pedi a uma sereia minha amiga que fizesse uns ramos especiais para tu ofereceres à tua mãe e às tuas avós. Pega! Elas vão gostar.
- Áhhh…como é que te lembraste de uma coisa dessas?
- Nós também fazemos isso na minha zona.
- Eu nem me tinha lembrado disto, mas acho que elas vão adorar. Muito obrigado, estão lindos. Não sabia que tinhas amigas com tanto jeito.
- Sim, tenho, e para muito mais, mas um dia mostro-te. Gostaste do passeio?
- Adorei. Tens coisas tão bonitas na tua zona! Obrigado por teres vindo e por me teres levado a um sítio tão especial.
- De nada. Voltarei! Quando já não estiveres de castigo. Ainda ficou muita coisa por ver!
- Imagino! E vou querer ver mais. Vai aparecendo por aqui.
- Combinado. Voltarei! Podes tirar os ramos, por favor…?
- Claro que sim! Têm nomes?
- Acho que são todos iguais… um para cada uma.
- Entendo. Muito obrigado, amigo.
Gugas abraça o amigo, e o golfinho canta e sorri. O menino tira-lhe os ramos, e vai oferecer à mãe e às avós. Todas ficam muito surpresas e encantadas.
- Ááááááhhhh! – Exclamam todas
- Que coisa tão bonita… - Exclama a mãe
- Está fabuloso! – Diz uma avó
- Que lindos… - Diz a outra avó
- Onde arranjaste? – Pergunta a mãe
- Foi o meu amigo golfinho que pediu a uma sereia amiga dele, para vos pedir desculpa.
- Óh, que simpático! – Diz uma Avó
- Obrigado, meu amor… - Diz a mãe
- Que doçura! – Diz a outra avó
- Obrigado. – Dizem todas
Abraçam e beijam o menino, e o golfinho assiste feliz.
- Um dia destes levo-vos lá! É um sítio muito especial. – Diz o menino
- Iremos! – Dizem todas  
- Com muito gosto! – Diz a mãe.   
- Eu quero conhecer essa sereia tão jeitosa. – Diz uma avó
- Tem umas mãos de fada! – Comenta a outra avó
- Acho que até lhe vou encomendar uns raminhos para oferecer…  - Pensa alto, a mãe
- Ótima ideia! – Concorda a Avó
E uns dias depois, o golfinho levou o Gugas, a sua mãe e as suas Avós para conhecer o lugar onde vivia. Elas ficaram deliciadas, encantadas com tanta coisa bonita e diferente, conheceram a sereia artista, agradeceram-lhe e pediram-lhe encomendas.
O golfinho era o moço dos recados, e com todo o gosto. Passou a andar sempre entre a sua zona e a zona do Gugas, onde brincava com ele e com os seus primos, e até ajudava os seus familiares pescadores.
Que grande passeio deu o Gugas, não foi?


FIM
Lara Rocha 
(1/Abril/2017)

E vocês?
Acham que o Gugas fez bem em ter ido com o golfinho sem avisar a família?
Acham que a mamã e as Avós do Gugas fizeram bem em tê-lo posto de castigo? Porquê?  
Acham que o Gugas fez bem em ter oferecido alguma coisa para pedir desculpa?
Gostavam de ir para um sítio tão bonito como este?
Se fossem passear com um golfinho, onde iriam?
O que veriam?





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