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terça-feira, 11 de abril de 2017

A LIÇÃO DA ÁGUIA AOS CORVOS

A LIÇÃO DA ÁGUIA AOS CORVOS 
               
          Era uma vez um passarinho com penas muito coloridas, entre elas, cor-de-rosa. Ele gostava muito das suas penas, até que um dia uns malvados corvos gozaram com as suas penas cor-de-rosa e chamaram-lhe menina, fizeram brincadeiras de muito mau gosto, dirigiram-lhe piadas de muito mau gosto, tentaram arrancar algumas e conseguiram, irritaram-no com os seus pios estridentes e guinchos.
          No inicio tentou não ligar, embora ficasse irritado, depois, tentou empurrá-los, mas eles eram tantos, que lhe deram bicadas, encontrões, atiraram-no de uns para os outros, como se fosse uma bola, pegando-lhe pelas penas. Ele gritava aflito, e tentava defender-se, mas os malvados apertavam-no contra as patas.
         Quando o libertaram, ele ficou tão triste e tão envergonhado que não quis dizer aos seus pais, para não os deixar zangados, ou preocupados, mas eles perceberam logo que o filho não estava bem. Perguntaram-lhe porque estava naquele estado, cheio de pó, sem algumas penas, e triste.
          Respondeu-lhe que esteve a brincar, com um riso disfarçado e forçado. Os pais não acreditaram, e insistiram com ele.
- Se fosse a brincar, estavas feliz, e não estás. – Diz o pai
- Nós sabemos que aconteceu alguma coisa… conta! – Diz a mãe
- Vocês gostam de mim? – Perguntam o pássaro
- Claro que sim! – Respondem os pais intrigados com aquela pergunta
- Já sabes que sim, filho. – Reforça a mãe
- Ou achas que não? – Pergunta o pai
- É…acho que sim. – Responde o passarinho
- Mas porque estás a fazer essa pergunta agora? – Pergunta o pai
- Realmente… parece que estás com dúvidas que te amamos! Falhamos, ou erramos em alguma coisa? Podes dizer, porque estamos sempre a aprender, e se fizemos alguma coisa má contigo, podemos corrigir. – Pergunta a mãe preocupada
- Não! Vocês não fizeram nada. São os melhores pais do mundo. Acham que eu sou bonito? – Pergunta o passarinho
- És! Com certeza que és.- Dizem os dois
- Sempre te dissemos que és bonito, para que estás com essas perguntas?  - Diz a mãe 
- Ai, que não estou a gostar nada dessas perguntas. O que aconteceu? - Insiste o pai 
- Até das minhas penas cor-de-rosa? - Insiste o passarinho 
- Sim! - Respondem os pais desconfiados 
- Mas porquê? - Pergunta a mãe 
- Eu quero pintar as penas de outra cor! 
- O quê? - Perguntam os pais 
- Tu não estás bom da cabeça, pois não? - Ralha o pai 
- Essa agora... - Comenta a mãe 
- É. Eu não gosto delas.- Diz o passarinho  
- Não pode ser. - Resmunga a mãe 
- Por favor, pintem-me as penas de outra cor. - Implora o passarinho 
- Não! - Gritam os dois 
- Nem pensar...para que queres pintar as tuas penas de outra cor, se elas são tão bonitas? - Pergunta a mãe 
- Eu não gosto das cor-de-rosa. - Diz o passarinho 
- Estás a crescer tão rápido, meu filho... - Suspira a mãe 
- As penas cor-de-rosa são só mais umas que tens, como de outra cor qualquer, tens tantas... - Diz o pai 
- Cortem-mas ou rapem-mas, ou pintem-mas...por favor! - Volta a pedir o passarinho 
- Nunca! - Gritam os pais 
- Que absurdo. - Diz o pai zangado 
- Porque queres fazer uma loucura dessas? - Pergunta a mãe 
- Sempre tiveste orgulho nas tuas penas, e agora estás com essas coisas? - Comenta o pai zangado
- Está a crescer. - Diz a mãe 
- Isso não é desculpa. Conta-nos o que aconteceu realmente, filho. Nós sabemos que não nos queres contar alguma coisa, mas conta. - Insiste o pai 
          O passarinho lá se decidiu a contar o que tinha acontecido, que os corvos gozaram com ele, por ter penas cor-de-rosa, que fizeram dele uma bola e atiraram-no de uns para os outros, puxaram-lhe as penas, arrancaram-lhe algumas, chamaram-lhe menina....os pais nem queriam acreditar. Ficaram muito irritados, e decidiram dar uma lição aos corvos.
          Mas nem precisaram, porque uma águia que soube do que os corvos tinham feito, lançou-se sobre os corvos com as suas garras afiadas e o seu bico que parece uma serra, tão rápido, que eles não tiveram como fugir e depenou-os num piscar de olhos. 
- As vossas penas não servem nem para limpar o pó! Que nojo...que coisa tão mal tratada, e mesmo assim acham-se maravilhosos. Tenham vergonha nesse focinho, seus invejosos. - Comenta a águia 
         Ela estava tão zangada com eles, que até levantou uma nuvem de pó, de andar com eles a rastos, presos pelas patas no seu bico. Eles gritavam, piavam nervosos, e quanto mais piavam, mais irritada a águia ficava, e mais os picava, arranhava.
- Que bonitos que vocês estão! Áhhh...! Estou orgulhosa do meu jeito para fazer penteados a corvos. Áhhhh... Ficaram mesmo lindos.O que farei da próxima vez que fizerem qualquer comentário palerma a qualquer espécie de animal...? Hummm...que grande dúvida...agora que vos depenei, não sei o que farei da próxima vez... Hummm...talvez... arrancar a vossa pele! Voltem a meter-se com pássaros ou com quem quer que seja, diferente da vossa espécie! Voltem! E vão ver o que vos acontece.Vai ser lindo! Muito lindo! Não se esqueçam que eu vejo tudo...- Diz a Águia a rir às gargalhadas
          Os corvos ficaram tão assustados, com tanto medo, e tão envergonhados que até disseram que preferiam ou gostariam de ter penas cor-de-rosa, em vez de não terem nenhuma. O passarinho voltou a andar à vontade por onde queria, feliz, livre, sem ter de aturar as patetices dos corvos que implicaram com as suas penas só porque eram cor-de-rosas, com muitas outras cores. A águia devia ter razão...eles estavam mesmo invejosos. 
          A águia estava sempre atenta! Os corvos aprenderam uma grande lição: que tinham de aprender a respeitar todos os que eram diferentes, pois também gostavam que os outros elogiassem as suas penas, mas nem todos gostavam delas.

                                  FIM 
                                  Lálá 
                          (11/Abril/2017)     
história infantil; corvos; águia; pássaros de outras cores; racismo; provocação; lição; julgamento; respeito pela diferença,

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