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domingo, 7 de junho de 2015

O susto dos póneis


















foto de Lara Rocha 

Era uma vez um grupo de póneis todos familiares. Um de pêlo preto e castanho, outro de pêlo cor-de-rosa, dois de pêlo azul e outro de pêlo branco. Estavam com vontade de passear e de ver o nascer do sol, nunca tinham visto, e queriam ver outros sítios por onde já tinham passado a caminho do sítio onde viviam, mas sempre a correr. Nunca tinham apreciado de verdade a paisagem.
Não sabiam o que iam encontrar, apenas tinham a certeza que ia ser muito diferente do que viam todos os dias, porque é sempre assim que acontece! Quando passamos com pressa por um sítio ou vários sítios, quase nunca vemos realmente nada desse sítio…só o conhecemos mesmo se formos sem pressa, para passear e com vontade de descobrir as magias que cada sítio pode oferecer.
Os seus pais deram autorização aos póneis para saírem, levantaram-se à mesma hora que eles para os ver sair, e encheram-nos de recomendações, atenções e cuidados que deviam ter.
Apesar de estarem um bocadinho preocupados por serem pais, e como todos os pais, sabiam que aquele passeio ia ser muito bom para eles e que iam adorar…já tinham feito o mesmo com a idade dos filhos e tinha sido fantástico, inesquecível.
Os pequenos estão em pulgas…e depois de ouvirem todos os conselhos dos pais, começam o passeio. Os pais pedem aos ponianjos dos seus filhos para os protegerem, com a certeza de que estão mesmo bem guardados e nada lhes acontecerá.
Começam a cavalgar devagar e olham para o céu, onde se começa a ver alguma claridade, mas ainda há milhões de estrelas. Eles nunca tinham visto tanta estrela junta, no mesmo espaço e ficam encantados, nenhum se atreve a falar, queriam era aproveitar e gravar bem na sua mente aquele céu tão bonito.
- Uau! – Suspiram todos   
- Tantas estrelas! – Comenta o pónei de pêlo branco
- Lindo! – Dizem todos
Continuam a andar devagar e a conversar alegremente, riem uns com os outros, param muitas vezes e reparam em todas as diferenças de cor do céu, até chegar ao vale onde se vê o grandioso espectáculo que é o lindo nascer do sol.
Sentam-se na relva do vale, e vêem cada passo do sol…e cada cor do céu, rendidos a tanta beleza, soltam grandes exclamações de surpresa e encanto.
Ainda com aquela imagem linda na cabeça, cheiram tudo o que há para cheirar, tocam em tudo o que podem, petiscam diferentes ervas, plantas e folhas que cheiram bem e que eles desconheciam, e descobrem que sabem ainda melhor quando as trincam, bebem água de fontes diferentes, refrescam-se em pequeninas cascatas vindas do cimo do monte.
Depois brincam uns com os outros, entre muita gargalhada, e algumas escorregadelas, espirros e muitas descobertas maravilhosas…mágicas.
Ouvem novos sons naturais muito agradáveis, de olhos fechados para sentirem melhor, e relincham com os pêlos arrepiados de felicidade.
Vêem novas flores, a cada passo que dão, e sentem diferentes temperaturas nas patas e nos pêlos, vêem águas a brilhar como cristais na erva, quando dá o sol, e até o arco-íris, e rebolam.
O passeio não podia estar a ser melhor, mas de repente…ouvem um enorme estrondo, a seguir outro, e depois mais outro…estrondos sem parar. Gritam, estremecem, arrepiam-se e correm desvairados sem saber para onde, cheios de medo, a olhar para todo o lado.
Logo que encontram uma casinha de guardar gado refugiam-se lá, felizmente está vazia. Os seus corações batem a 1000 à hora e quase nem conseguem respirar.
- Estamos todos? – Pergunta o pónei branco
- Sim! – Respondem todos
- O que foi aquilo? – Pergunta o pónei cor-de-rosa
- Não sei! – Respondem todos
- Que estrondos… - Diz um dos póneis azuis
- Pareciam tiros, ou explosões… - Diz o outro pónei azul  
- Que medo! – Respondem todos
- Será que andam aí os malvados caçadores? – Lembra o pónei preto e castanho
- Bem lembrado! – Respondem todos
- Espero que não. – Murmura o pónei branco
E os estrondos continuam, e eles encolhem-se todos. Entra lá o cão do pastor e desata a ladrar, ao ver os póneis.
- Óh não! – Murmura o pónei branco
- Só nos faltava esta! – Murmura um pónei azul
- O que é que estão aqui a fazer? – Pergunta o cão com ar de mau
- Calma…por favor…não nos faças mal. – Pede o pónei branco
- Nós podemos explicar! – Garante um pónei azul
- É…não estamos aqui para invadir…só estamos aqui para nos protegermos. – Acrescenta o outro pónei azul
- Esta é a tua casota? – Pergunta o pónei cor-de-rosa
- Não! Esta é a casota onde o meu dono guarda o gado quando chove muito, ou quando faz muito calor. Mas estão a proteger-se de quê, ou de quem? – Pergunta o cão
- Ouvimos uns estrondos…estes que ainda se ouvem. – Diz um pónei azul
- Os nossos papás dizem que podem ser tiros…ou explosões, e que se ouvíssemos esse barulho para nos escondermos onde pudéssemos. – Diz o outro pónei azul
- Estamos muito assustados. – Diz o pónei preto e castanho
O cão desata às gargalhadas:
- Áh! Estão a falar com certeza dos foguetes. Sim, este barulho que ouvem, parecido com tiros, são foguetes, que os de duas patas fazem estourar quando há uma festa. – Explica o cão
- Festa? – Perguntam todos
- Sim. O meu dono está para lá. Mas não se preocupem, eles não magoam…estão longe daqui! – Explica o cão
- A sério? – Perguntam todos
- Sim. Às vezes pegam fogo às matas com essas coisas que estouram, mas não é o caso. Eu não gosto nada deste barulho, mas já estou habituado e já não me assusto, como das primeiras vezes, e como vocês também se assustaram. Mas tentem não ir para a confusão da cidade. Explica o cão e propõe - Como andam a passear e a conhecer, se quiserem eu mostro-vos mais coisas bonitas, aqui neste sítio.
- A sério? Boa! – Dizem todos
- Acompanhem-me!
Eles saem da toca, e já recompostos do susto, vão passear com o cão pastor, que lhes mostra muitas mais coisas bonitas que nunca antes tinham visto.
À hora de almoço, e depois de um grande passeio, tanta descoberta, tanta coisa bonita, os póneis voltam para o parque onde vivem, e contam aos pais, tudo o que viram. Os pais já conheciam tudo.
E vocês? Já experimentaram passear devagar nos sítios por onde passam sempre a correr, e descobrir tudo o que eles têm? Viram coisas diferentes? O que viram?

FIM
Lálá
(6/Junho/2015)



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