Era uma vez uma casa num recanto escondido de
uma floresta, um antigo moinho de uma família muito rica. Dessa família só uma
rapariga ainda jovem quis ficar com o moinho, que todos os mais velhos diziam
não servir para nada…achavam que esse moinho não passava de um molho de pedras.
Para essa jovem passou a ser a sua casa, pois
ficava muito perto do seu local de trabalho, e assim poupava dinheiro. Mobilou
o moinho, com a ajuda dos amigos que lhe deram muitos móveis de que já não
precisavam ou não gostavam.
Uns restauraram umas coisas, e reconstruíram
outras, outros concertaram cadeiras, mesas, sofás e montaram a cozinha, a luz
elétrica, água, lareira, fogão, frigorífico, tinha tudo! O moinho não tinha
divisões, como outra casa qualquer, mas ela conseguiu que tudo o que precisava
coubesse no espaço que tinha disponível, e ficou maravilhosa.
O moinho
tinha um anexo, e outro andar por cima, com um grande e agradável terraço onde
a jovem adorava estar, ver a paisagem, descontrair e meditar, ou apanhar sol.
Sentia-se muito bem no seu moinho, tinha jardim e horta onde não faltavam quase
todos os alimentos que se podem cozinhar e comer, por isso, quase não fazia
compras. Os seus pais iam muitas vezes visitá-la ao moinho, almoçavam,
passeavam e jantavam e ajudavam-na sempre.
Uma noite ela foi ao terraço porque viu da
janela de baixo algo diferente no jardim. No inicio teve medo, mas também não
ficava descansada se não fosse ver o que era, e saber se estava em segurança.
De cima,
teve a certeza que havia algo de diferente…umas flores que brilhavam no escuro,
como os pirilampos.
- Será que estão
pirilampos presos ou fechados naquelas flores? Nunca vi…se calhar, como vem
chuva amanhã abrigaram-se ali, talvez não consigam voar…! Mas…estão muito quietas
e as suas luzes estão acesas.
Viu a sombra dos gatos vadios que ela
alimenta, cheirarem as flores de onde se viam as luzes iguais às dos pirilampos
mas que não mexiam. Os gatos começam a miar…estão desconfiados.
Antes que ela perguntasse mais alguma coisa,
uma bela surpresa acontece…as flores abrem uma por uma, e de cada uma sai uma
bailarina pequenina, graciosa e levezinha, com asinhas finas, que se assustam
quando veem os enormes olhos dos gatos.
Quando
percebem que são os gatos respiram de alívio e mudam de cor a cada pequenino
movimento que fazem. A jovem assiste completamente rendida.
- Áh! Mas o que é
isto? Estarei a ver bem?
Desce
as escadas do terraço e vai para o jardim, junto das flores. Sim…está a ver
mesmo bem! As pequeninas bailarinas são mesmo mágicas…de cada flor de onde elas
aparecem, ouve-se uma música diferente, e cada bailarina dança ao som dessa
música.
Elas fazem lindas danças, espalham luz e cor
por todo o jardim, voam de flor em flor e dançam a música de cada uma. A jovem
aplaude, e segue todos os movimentos encantadores das pequenas, com um enorme
sorriso, toda enternecida e com os olhos muito brilhantes.
São
pequeninas fadas que foram enviadas a pedido das crianças com quem a jovem
trabalha, que a adoram, e que lhe retribuem todos os dias todo o carinho e
atenção que ela lhes dá, com beijos, abraços, desenhos, flores, mimos e mais
mimos. Desta vez, o mimo foi enviar fadinhas bailarinas, cheias de luz, para
alegrar e fazer companhia à jovem.
A fadinha chefe
diz-lhe:
- Olá, boa noite!
Viemos alegrar a tua noite e fazer-te companhia, a pedido de umas crianças que
conheces muito bem e que querem mostrar-te o quanto te adoram…
E a outra fadinha
acrescenta:
- O quanto te
adoram e o quanto te agradecem tudo o que lhes dás.
- Já sei quem
são! Óh! Que queridas, e queridos…todos os dias dão-me mimos. Dou-lhes o meu
melhor e eles merecem…retribuem.
- Verdade! –
Dizem todas
- Eles acham que
nunca é demais… - Diz outra fadinha
- Obrigada! Tão
lindas que vocês são. Adorei ver-vos dançar. Se estiverem com eles, dêem-lhes
um beijinho muito repenicadinho como aqueles que lhes dou, com desejos de boa
noite e bons sonhos. Adorei a surpresa.
- Daremos o
recado! – Garante uma fadinha
- Vamos para lá
agora. – Diz outra
- Tomem conta
deles e dos seus sonhos. – Pede a jovem
- Fica
descansada! – Dizem todas
- Serão sempre
muito bem-vindas à minha casa! – Diz a jovem sorridente
- Voltaremos! –
Garantem
- Aqui tens
flores que adoramos. – Diz outra fada
- São vossas! –
Diz a jovem a sorrir
- Até já. – Dizem
todas
- Até já. –
Responde a jovem
E as
fadinhas bailarinas voltam para o quarto das meninas e dos meninos, dão-lhes o
recado, e eles até dormem melhor nessa noite. Gostam tanto do jardim à volta do
moinho que nessa mesma noite vão lá dormir, outras dormem nas beiradas das
janelas do moinho e outras no terraço.
Todas as
noites elas dançam para a jovem que as aplaude e segue todos os seus
movimentos, às vezes até dança com elas. Elas trazem uma nova luz ao jardim e
ao moinho, e uma nova cor e alegria às noites da jovem.
FIM
Lálá
(6/Junho/2015)
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