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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PELA FECHADURA

                                                                    foto de Lara Rocha 


            Era uma vez uma princesa gatinha que foi montada num belo unicórnio, passear pelo seu enorme jardim à volta do castelo. A princesa gata adorava o seu jardim…e já o conhecia bem, pelo menos, ela achava que sim. Mesmo assim, não o conhecia tão bem, porque a cada passeio, descobria coisas novas. Talvez tudo já estivesse sempre lá, e ela não reparou. Começava a achar que o seu jardim, era mágico.
Desta vez, o unicórnio viu algo a brilhar no chão, e parou.
- Porque paraste, amigo?
- Está ali algo a brilhar.
Ela desce e os dois vão mais perto. Olham atentamente.
- É uma chave! – Diz a princesa
- Pois é! – Confirma o unicórnio
- É do castelo?
- Não sei.
O unicórnio cheira a chave.
- Não conheço este cheiro.
- Engraçado…também não me parece de nenhuma porta do castelo! Acho que também não é dos seguranças.
- Realmente…não os vi por aqui.
Ela pega na chave, e o unicórnio vê um buraco de onde sai uma luz, numa árvore.
- Olha princesa…vem uma luz daqui!
- Áhhh…do tronco?
- É!
Ela olha para a chave atentamente.
- Acho que é deste tronco! – Diz o unicórnio
- E agora? O que fazemos? Bato á porta? Este tronco deve ser uma porta, que vai dar a qualquer lado, não?
Os dois espreitam.
- Acho que vive aqui alguém! – Diz a princesa
- Bate à porta! Alguém que viva aí, pode ter deixado cair a chave! – Sugere o Unicórnio
- Sim!
A princesa bate à porta, no tronco. Abre-se a porta, e sai de lá uma bela fada.
- Olá princesa!
A princesa sorri
- Que linda! Como é que sabes o meu nome? Conheces-me?
- Conheço! A ti e a toda a tua família.
- A minha mãe também?
- Eu disse…toda a família…e claro…a tua mãe, a tua avó…todos estão incluídos.
- Eu não te conheço!
- Sempre vivi aqui. Nunca te falaram de mim?
- Não!
- Este era o cantinho secreto da tua mãe…um reinado de sonho que ela construiu!
- A sério?
- Sim!
- Áh! Encontrei esta chave aqui no chão. É tua?
- Sim! Mas é para ti! Poderás vir aqui sempre que quiseres. É só meteres a chave!
- Áh! E o que tem aí?
- Tem muitas coisas. Entra…fica à vontade.
A gatinha abre a porta, e vê uma linda floresta. Logo á entrada tem um arco cheio de flores penduradas, com borboletas que voam felizes, e pousam de flor em flor.
A temperatura é muito agradável. Depois do arco, há sol, e dois caminhos: um com areia, outro com erva.
- Por qual vou? – Pergunta ela
- Eu vou por este, e tu podes ir por aquele…depois trocamos. – Sugere o unicórnio
- Está bem. Até já…
- Até já.
O unicórnio vai pelo caminho da erva, e a princesa gata, pelo caminho de areia. O unicórnio e a princesa vão muito atentos…tudo é encantador.
O Unicórnio conhece outros da sua raça, lindos, simpáticos, de várias cores, que o recebem como um elemento da família, convidam-no a entrar nas casas, conversam com ele, oferecem-lhe comida e bebida.
Mostram-lhe cantinhos de jardim, com lagos e grutas pequeninas, com quedas de água, luzes e cascatinhas, ribeirinhos e riachos com pedras de todas as formas, cores e tamanhos, peixes muito coloridos e saltitantes, aves raras, e outros animais.
E os campos por onde o levam são enormes, frescos, com fontes de água fresca. Ele diverte-se muito e vê sítios que nunca imaginou, fez grandes amigos.
A princesa gata, anda pela areia e vai ter a uma bela e pequena praia. Pelo caminho encontra-se com fadas brincalhonas e simpáticas que lhe mostram o que sabem fazer. Cada uma faz coisas diferentes, mas todas tão bem, com tanto carinho, e dedicação que tudo fica ainda mais bonito e mimoso. Ela aplaude.
Um coelho músico, toca para ela, belas músicas, com instrumentos musicais que ela não conhecia, e faziam sons deliciosos. Ela aplaude.
Cruza-se com gatinhos, coelhinhos, passarinhos, esquilos, flores falantes, casas feitas de todos os materiais. Por cima dela, um bando de gaivotas guincha forte e voa em direcção ao mar.
Há cheiro a maresia, cada vez mais próximo. Põe os pés na areia, e está quentinha, é macia e branca, muito limpa. O mar quase não tem ondas, e é transparente, com algas a boiar.
- Que lindo! – Exclama ela
Ela não resiste! Molha as patas, e como a água está quente, mergulha e toma uma bela banhoca. Umas belas sereias vão ter com ela, apresentam-se, oferecem-lhe pequenas maravilhas do mar, como conchas e búzios, pérolas e corais, guardados em conchas.
Ela brinca e mergulha com as sereias, e golfinhos, os caranguejos fazem castanholas, com as tenazes, e os cavalos-marinhos vem á superfície com as estrelas-do-mar.
Tanta coisa bonita…tantas descobertas. A praia tem um espaço de floresta. A princesa gatinha agradece e vai por esse caminho, onde vê tartarugas e cogumelos, macacos, lobos, pavões, todos amigos, e unicórnios a correr.
O seu unicórnio passa por ela a correr:
- Óh…princesa…vou a outro sítio.
- Áh! Vais à praia onde estive!
- Praia?
- Sim!
- Sim, vamos à praia…até já!
E os unicórnios vão para a praia. A princesa vai à floresta onde esteve o unicórnio, e vê tudo o que ele tinha visto…mas mais uma coisa: uma gruta com umas cortinas, feitas de cristais. De lá de dentro soa uma voz.
- Entra! Este espaço é teu!
A princesa gatinha entra muito surpresa.
- Ááááhhh…não tem nada! – Diz a gatinha
- Este espaço é teu…tu é que vais preenchê-lo com tudo o que tu quiseres!
- Mas onde vou buscar as coisas?
- Onde quiseres.
A gatinha fica pensativa. Pousa lá as coisas que lhe ofereceram, e sai para procurar o resto. Num instante, encontra uma série de troncos cortados, e constrói: mesas, bancos, pede ajuda e muitos dos animais oferecem-lhe coisas de que já não precisam, mas ela precisa. Todos a ajudam a montar uma bela casinha. Está um mimo.
De repente, ouve a voz da mãe a chamá-la. Ela assusta-se, procura o seu unicórnio, e os dois saem do tronco.
- Onde estavam? – Pergunta a gata mãe
- Ali, no tronco… - Responde a princesa gata
- Áh! Eu quando era da tua idade também fui muitas vezes para esse tronco.
- Foste?
- Fui. Era o meu refúgio, o lugar onde eu podia ser rainha, e onde tudo era meu. Passava lá tardes, e às vezes noite.
- E o que viste lá?
A princesa conta todos os pormenores. A gata mãe ri-se:
- Isso foi tudo o que pus lá!
- A sério?
- Sim.
- Eu também pus lá mais coisas.
As duas conversam e riem. A princesa gostou tanto daquele sítio que quando desaparecia, a sua mãe já sabia onde estava, e deixava-a estar.
Uma tarde, a princesa leva a mãe a visitar o tronco, e a mãe reencontra todas as fadas, todos os animais, tudo o que tinha deixado lá. Ainda se lembram dela, e trocam muitos carinhos, preparam uma bela festa, com biscoitos e tudo o que ela gostava.
Foi uma tarde muito feliz, e sempre que tinha saudades, voltava a esse espaço da sua infância…uma infância tão feliz.

E vocês? Se conseguissem entrar num tronco de uma árvore….o que encontrariam? Escrevam ou desenhem se quiserem.

FIM
Lálá
(4/Fevereiro/2014)

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