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sábado, 21 de junho de 2014

O que fazemos?

                                           BONECOS E FOTO TIRADA POR MIM 
                                             (GONÇALO E MARIA LUÍSA) 

NARRADORA - Era uma vez dois irmãos: um menino que se chamava Gonçalo e uma menina que se chamava Maria Luísa. Foram passear pelo campo, e começaram a brincar e a correr, a rebolar na relva. Correm tão rápido e tão felizes que não repararam que estava um grande tronco de madeira, redondo. Deram uma grande cambalhota e caem em cima de um fardo de palha. 
GONÇALO (gargalhadas) – Ai…ficamos sem travões!
MARIA LUÍSA (a rir) – Pois foi! Ainda bem que estava aqui este fardo de palha, se não, esborrachávamo-nos no chão como as frutas estragadas que caem das árvores.
GONÇALO (a rir) – Pois era! Nem sei em que é que tropeçamos!
MARIA LUÍSA – Acho que foi neste tronco.
GONÇALO – Áhhh…pois foi!
MARIA LUÍSA – Podia ter sido muito pior.
GONÇALO – Pois.
MARIA LUÍSA – Olha…está aqui qualquer coisa a brilhar…um fio de palha?
GONÇALO – Não me parece que seja um fio de palha mais claro que os outros.
(Maria Luísa pega no fio)
MARIA LUÍSA – Áh…não é um fio de palha mais claro que os outros. É um fio de ouro!
GONÇALO – De gente.
MARIA LUÍSA – Claro que é de gente. É parecido com o da mamã.
GONÇALO – Áh! Pois é! Será que é dela?
MARIA LUÍSA – A mamã costuma trazer fios, para o campo, não se trouxe hoje.
GONÇALO – Eu também não reparei se trouxe. O que fazemos? Deixamos aqui o fio ou levamos?
MARIA LUÍSA – Levamos para ver se é da mamã.
GONÇALO – Está bem. E se não for? Ficamos com ele?
MARIA LUÍSA – É claro que não ficamos com ele. Perguntamos à mamã se ela sabe de quem é.
GONÇALO – Isso. E se a mamã não souber de quem é?
MARIA LUÍSA – Perguntamos à mamã o que fazemos.
GONÇALO – É! A mamã sabe sempre tudo! Mas, e se…
MARIA LUÍSA – Pára de fazer perguntas. A mamã vai saber o que fazer.
NARRADORA – Os meninos pegam no fio, e vão para casa. Pelo caminho vão muito atentos para ver se alguém poderá estar à procura do fio.
GONÇALO – Olha mamã…encontramos o teu fio!
MÃE (surpresa) – O meu fio? Qual fio?
OS DOIS – Este.
(Mostram o fio)
MÃE – Este é parecido com o meu…mas não é meu!
OS DOIS – Não?
MÃE – Não. Hoje não o levei para o campo.
MARIA LUÍSA – E não o levaste o outro dia?
MÃE – Levei no outro dia, mas está ali. Na minha mesinha.
MARIA LUÍSA – Tens a certeza, mamã?
MÃE – Absoluta. Mas onde encontraram isto?
MENINOS – No campo.
MARIA LUÍSA – Lá fora, no nosso campo.
GONÇALO – Tropeçamos num tronco que estava no chão quando íamos a correr, e caímos em cima de um fardo de palha.
MARIA LUÍSA – Sim, e depois vimos alguma coisa a brilhar, pegamos, e vimos que não era um fio de palha mais claro que os outros, era um fio de ouro, de uma pessoa.
GONÇALO – E pelo caminho viemos sempre atentos, para ver se alguém o procurava.
MARIA LUÍSA – É. Mas não apareceu ninguém.
GONÇALO – É um fio igual ao teu, por isso pensamos que era mesmo o teu.
MARIA LUÍSA – Pois, por isso é que o trouxemos, para ver se era o teu.
MÃE – É parecido, não é igual, mas é parecido. Às vezes podia ser o meu, mas não é.
MARIA LUÍSA – Não sabes de quem possa ser?
MÃE – Deixem-me ver…quem poderá ter estado hoje lá? Deve ser de algum caseiro dos Avós. Mas não me lembro quem estava com fios, hoje.
GONÇALO – O que fazemos agora, mamã?
MÃE – Agora voltam a pô-lo lá! Pode ser que alguém sinta a falta dele e o procure.
MARIA LUÍSA – Mas…
MÃE – Não ficamos com ele! Não é nosso, e a pessoa que o perdeu deve estar com certeza muito triste…se o encontrar, vai ficar feliz e agradecida a quem mão ficou com ele.
MENINOS – Pois é. Está bem.
MÃE – Além disso, se aparece a dona ou dono do fio, e vê-vos com o fio, ainda vai pensar que foram vocês que o roubaram!
MENINOS – Ui, não!
MARIA LUÍSA – Isso é muito mau.
MÃE – Pois é.
OS DOIS – Já voltamos.
NARRADORA – E os meninos voltam a pô-lo em cima do fardo de palha. De repente, aparece a filha de um dos caseiros da Avó dos meninos, a chorar muito, com a sua mãe. Estão a olhar para o chão, e para todo o lado, entre as árvores, nos riachos…
MÃE 2 (resmunga) – Pára de chorar e procura como deve ser. Se o perdeste aqui, está por aqui…mas que irresponsável. Merecias umas sapatadas.
MARIA LUÍSA – Nunca perdeu nada?
MÃE 2 – Olha a pirralha!
MARIA LUÍSA – Porque está a gritar tanto com ela?
MÃE 2 – Não te metas, pequena.
MENINA 2 (a chorar) – Perdi o meu fio…
GONÇALO – Como era o teu fio?
MARIA LUÍSA – Nós ajudamos-te a procurar.
GONÇALO – Espera…será este?
NARRADORA - Os meninas e a mãe vão ao fardo de palha onde está o fio, e quando a menina o reconhece salta de alegria, ri, e grita:
MENINA 2 – Sim, é este o meu fio! É este…
MÃE 2 – Foram vocês que o roubaram?
OS DOIS – Não!
GONÇALO – Encontramo-lo aqui, no fardo de palha.
MARIA LUÍSA – Nunca ficaríamos com uma coisa que não é nossa!
GONÇALO – E nunca roubaríamos.
MÃE 2 – Obrigada. Este fio é mesmo valioso para ela.
MARIA LUÍSA – Nós também teríamos ficado muito contentes se perdêssemos alguma coisa, e alguém a tivesse encontrado.
GONÇALO – E devolvido! Ou pelo menos, deixado onde encontrou.
MÃE 2 (sorri) – Muito bem! Eu também já encontrei coisas na rua, que não eram minhas, e fui entregá-las na esquadra da polícia…não sei se a dona foi lá procurar ou buscar, mas pelo menos, eu fiquei descansada, porque não fiquei com elas.
GONÇALO – Pois! A mamã também nos ensinou a fazer isso.
MÃE 2 (sorri) – E muito bem.
MARIA LUÍSA – Então porque é que pensou e perguntou-nos se tínhamos sido nós a roubar o fio dela?
MÃE 2 (embaraçada) – Desculpem!
GONÇALO – Não tem nada que desconfiar de nós.
MÃE 2 – Pois é…têm razão. É que fiquei nervosa por ela o ter perdido.
MARIA LUÍSA – Nunca perdeu nada, a senhora?
MÃE 2 – Sim, também já perdi.
MARIA LUÍSA – E encontrou-as, ou devolveram-lhas?
MÃE 2 – Umas sim, outras não.
MENINA 2 (sorri) – Muito obrigada, meninos! Se todos os meninos e papás ensinassem isso, e fizessem isso, éramos todos mais felizes.
OS DOIS – Pois era.
NARRADORA – As duas mamãs e os três meninos ficaram felizes e orgulhosos pelo que aconteceu. A menina porque encontrou o fio que tinha perdido, e muito valioso para ela; o Gonçalo e a Maria Luísa porque devolveram e não ficaram com uma coisa que não era deles, e as mães, pela boa acção dos meninos. E vocês? Já devolveram alguma coisa que encontraram e não era vosso, ou ficaram com ela? O que encontraram?

FIM
Lálá
(17/Junho/2014)







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