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segunda-feira, 16 de junho de 2014

A FADINHA DA CURA E O PESTANA


Era uma vez uma fada que ajudava pessoas doentes, enviando cura através de misteriosas ofertas, como: borboletas, flores, bolas de sabão, pó mágico que o João Pestana entregava, e muitas outras maneiras.
            Nunca ninguém a tinha visto, mas ela existia e curava realmente muita gente. Apanhava todas as energias dos pensamentos positivos que as pessoas enviavam nos seus pedidos e fazia porções mágicas.
            Um dia, viu uma mulher, a tirar a sua roupa de trabalho que era ajudar pessoas a ficar felizes, e fazê-las rir, mas quando olhava para o espelho…dos seus olhos caiam lágrimas. O seu sorriso desaparecia.
            Estava realmente triste, como acontecia muitas noites, porque um dos seus olhos não via, o outro via mal. A fada pequenina já a tinha visto várias vezes, e sempre triste.
- Olá! – Diz a fada
            A mulher estremece e procura a voz
- Quem está aí? – Pergunta a mulher
- Sou eu! Mesmo à tua frente. – Responde a fada
- Não te vejo!
- Sei que sou pequena, mas olha para a tua frente…estou mesmo diante dos teus olhos.
            A mulher olha para a frente, e vê a luzinha da fada.
- Aqui! Não vês uma luzinha?
- Áh! Sim! Sabes, é que eu vejo muito mal de um olho, e do outro não vejo mesmo.
- A sério? Porquê?
- É um problema de saúde.
- Áh! Desculpa, não sabia.
- Não faz mal. Já estive muito pior.
- Que bom seres positiva.
- Claro…não me adianta nada ser negativa, não me vai trazer a vista de volta, e sou assim para ter força e aguentar a minha cruz.
- Claro, e fazes muito bem. Rir, ajuda. Mas, estás triste não estás?
- Bom…sim…
- Pois!
- Mas como é que entraste aqui, pequena?
- Entrei!
- Sim, já percebi que entraste, mas por onde?
- Eu sou uma borboleta. Entrei pela janela a voar, como todas.
- Não te vi!
- Pois não! Não estavas cá.
- Invadiste a minha casa!  
- Desculpa, tens razão. Não devia ter entrado sem te pedir.
- Não faz mal. Estou a brincar! (ri)
- Áh! Que susto! Mas terias toda a razão em pôr-me daqui para fora…estou a ser um intruso.
- Nada disso. Fica. (p.c) És tão bonita. Mas o que fazes aqui?
- Vim visitar-te!
- Visitar-me? Mas…porquê?
- Porque precisas de mim!
- Preciso de ti? Tu és uma borboleta, e és bonita…gosto de borboletas, e tu…tens luz! Mas…não estou a perceber porque me vieste visita, nem porque é que preciso de ti!
- Tocaste no tema principal…eu tenho luz! Sim, foi por isso que vim até aqui.
- Por causa da tua luz?
- Sim, isso mesmo!
- Mas eu tenho luz em casa, felizmente e não tenho medo do escuro.
- Eu sei! Mas a minha luz é diferente.
- Diferente? Por ser mais pequena? Ai…desculpa!
- (ri) Não tens que pedir desculpa! Eu sou mesmo muito minúscula.
- Então porque vieste?
- Porque vim trazer-te a minha luz.
- Está bem…se dizes que vens trazer luz…obrigada. Mas eu não preciso.
- Esta minha luz não é uma luz qualquer.
- Pois não! É tua! Eu se tivesse luz, ela também era a minha luz, e não outra qualquer…tudo o que é nosso, tem sempre mais valor e é sempre melhor do que outra coisa qualquer de outra pessoa qualquer.
- Tens razão, mas…tu vês mal, certo?
- Infelizmente sim. Não me vais chamar coitadinha, pois não? Já fiquei sem ver dos dois…agora vejo de um…
- Não! Não és coitadinha…és uma linda mulher. Que vê mal…isso não te torna menos mulher, ou menos bonita, mas com certeza gostarias de ver bem. É por isso mesmo que estou aqui.
- Estás aqui porque eu vejo mal, ou porque sou mulher?
- Principalmente porque vês mal.
- Vais oferecer-me uns óculos?
- Não! Mas vou oferecer-te a cura para os teus olhos.
- Como assim? Por muito boa vontade que tenhas…nem os médicos conseguem, quanto mais uma fada…!
- Os médicos são humanos, não são máquinas, ou super-homens…os médicos não sabem muita coisa, e conhecem muito mal o ser humano, como pessoa! O corpo humano até podem conhecer mais que todos nós, mas o ser humano, é muito diferente. Isso… eles não conhecem, o que é uma pena. Mas eles não têm a culpa toda…os grandes mestres que os ensinam, também não sabem…devem achar que é perda de tempo. É por isso que muitos doentes ficam piores, em vez de se curarem. Mas as fadas têm esse poder! E é por isso que Estou aqui.
- Tens poder? (ri-se) Que sorte! Quem me dera ter poder.
- Para que querias ter poder?
- Para voltar a ver.
- E tens!
- Se tivesse…ou se dependesse da vontade, eu já tinha voltado a ver bem!
- Porque estás a dizer isso?
- Porque estou farta de pedir, e não acontece nada…estou sempre na mesma.
- Estás farta de pedir? Nunca te ouvi!
- Claro…porque eu não peço aos gritos. E se és assim tão poderosa como dizes, devias ter ouvido os meus pedidos.
- Não ouvi! De certeza que nunca me pediste.
- Nunca te vi antes, não sei se te vi e se foi a ti que pedi.
- A quem pediste?
- Ao Superior.
- Quem é o Superior?
- O Todo Poderoso que me ensinaram a ver, a ouvir e a pedir a Ele para me ajudar.
- Sei de quem estás a falar.
            A mulher levanta-se e deita-se. Pousa a cabeça em cima da almofada, sente algo duro, levanta-se e vê uma chave.
- Ai, o que é isto?
- Uma chave! – Responde a fada
- Sim, a minha cabeça já sentiu uma coisa dura…foste tu que puseste aqui esta chave?
- Fui!
- Para me castigar?
- De quê?
- Não sei…tu é que sabes! Se calhar disse alguma coisa que não devia.
- Claro que não! Eu nem castigo.
- Para que é que eu quero esta chave?
- Já viste o que diz na chave?
            A mulher olha.
- Diz…A…ACRE…ACRE? O quê?...Áh…será ACREDITAR?
- Isso mesmo! Essa chave é para te lembrar que tens…ou pelo menos deves…acreditar!
- E o que é que eu vou fazer com ela?
- Põe-na aí, na tua cabeceira. Mas primeiro segura-a na tua mão, fecha os olhos e diz…ACREDITAR! Abre os olhos só quando disser…até eu dizer, diz sempre…de olhos fechados e com a chave na mão…ACREDITAR.
- Está bem!
            A mulher pega na chave, fecha os olhos, segura-a e repete a palavra ACREDITAR, até a fada mandar parar. A mulher não vê, mas da chave que ela segura saem lindos e enormes raios de luz, que atravessam a pele das pálpebras, entram nos olhos, e só param dentro da cabeça.
- Está bom! – Diz a fada
            A mulher abre os olhos.
- E agora?
- Agora…deita-te e deixa a chave na cabeceira.
            A mulher deita-se, pousa a chave na cabeceira e pergunta:
- Mas…eu tenho que acreditar em quê?
- Em ti, na tua vontade de ver, em mim, na minha luz e na tua cura.
- (sorri) Eu gostava!
- Não digas…gostava! Diz…eu acredito! Eu confio nesta luz poderosa, eu  quero a luz, eu acredito na luz. Eu quero a cura, eu acredito na cura!
            A mulher repete tudo.
- Não senti força nessa tua frase! Diz outra vez.
            A mulher respira e repete.
- Outra vez! – Diz a fada
            A mulher repete a frase.
- Está melhor! Agora com mais força.
            A mulher repete com mais força.
- Boa! Mais uma vez…com toda a tua força e sinceridade.
            A mulher repete com mais força e mais vontade.
- Isso mesmo. Mais uma vez! – Pede a fada.
            A mulher repete com mais força e mais vontade até que repete, outra e mais outra vez, aos gritos.
- Perfeito! – Diz a fada a rir.
- E agora?
- Agora…dorme descansada!
- Está bem. Podes ficar por aqui no quarto. Obrigada pela visita, e pela tua intenção de me ajudar.
- Voltarei mais vezes! Boa noite.
- Boa noite!
            A mulher fecha os olhos, adormece e a fada chama discretamente o João Pestana. Ele entra com um saquinho cheio de pó mágico, brilhante, e muito leve.
            A fada e o João Pestana despejam o pó mágico por cima das pálpebras da mulher, que o absorvem e espalham-se toda a noite, entre os olhos e a cabeça por dentro.
            Fizeram isto várias noites, e de dia, o pó mágico da cura era soprado para os olhos da mulher, pela borboleta da fada que a rondava a todo o momento. A mulher nem se apercebia.
            Todas as noites, a mulher repetia a frase da fada, a segurar a chave na mão, e cada dia com mais força.
            Passados alguns dias…a mulher acorda de manhã…e…surpresa! Ela podia ver tudo…com os dois olhos. Ela abre um e fecha o outro…
- Áh! Eu estou mesmo a ver?
- Sim! – Responde a fada sorridente
            Tapa o outro olho…
- Uau! Estou mesmo a ver…também? Áh! Eu estou mesmo a ver bem! Tudo nítido! Áh! Fadinha…estou a ver-te!
- Sim. Eu disse-te para acreditares em mim, na tua força e na tua vontade de cura.
- Como é que isto aconteceu?
- Aconteceu porque tu acreditaste, e porque quiseste. Confiaste na minha luz e deixaste-a entrar nos teus olhos! – Explica a fada
- Que maravilha! Nem sei como te agradecer, fada!
- Não disse que tinhas de me agradecer.
- Não! Mas eu acho que te devo agradecer.
- Não te preocupes com isso.
- Renasci! – Diz a mulher a sorrir, feliz.
- Não tenho dúvidas disso…sempre que te sentires a piorar…segura na chave do acreditar e pensa com força! Acredita na tua vontade e na tua força.
- Muito obrigada, fada! Muito obrigada, Mundo! Sou uma nova mulher…eu vejo! Eu vejo! Que bom que é ver. Que saudades que eu tinha de ver!
            A mulher arranja-se toda, vai contar a novidade aos pais que a abraçam e beijam e rezam muito felizes. Trocam muitos carinhos, e vai trabalhar feliz. Ela estava realmente a ver tudo e nítido.
            Muitas vezes, a força do nosso querer, da nossa vontade e do nosso acreditar…fazem autênticos milagres.
            Há luzes interiores que são tão boas e tão bonitas, que funcionam melhor que muitos medicamentos, que curam mais do que mil médicos.
            É proibido desistir, e não acreditar em nada.

FIM
Lálá

(16/Junho/2014) 

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