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domingo, 30 de junho de 2013

A SAIA DAS CORES

NARRADORA - Era uma vez uma linda princesa, que vivia num castelo. Tinha uma saia de roda, cheia de cores. Tinha: vermelho, verde-claro, verde-escuro, amarelo, cor-de-laranja, cor-de-rosa escuro, cor-de-rosa claro, violeta, azul escuro, azul - claro, e branco. Ela gostava mesmo muito dessa saia, mas também usava outras roupas. Por onde passava com essa saia, aconteciam coisas estranhas, mas boas. Todos ficavam deliciados a olhar para ela, e como que por magia, quando ela rodava a saia, umas vezes saiam milhares de borboletas de cada cor: vermelho, verde-claro, verde-escuro, amarelo, cor-de-laranja, cor-de-rosa escuro, cor-de-rosa claro, violeta, azul - escuro, azul - claro, e branco. Luisinha, Sara e Raquel vêem-na mais longe, e observam-na, encantadas. Comentam umas com as outras:
LUISINHA - Áhhh…que linda saia, que esta menina tem! Olhem, amigos…tantas borboletas…
SARA - Não vejo borboleta nenhuma…
RAQUEL - Eu estou a vê-las, Luisinha.
LUISINHA - Sim, são milhares delas…tão bonitas! E de tantas cores…vermelhas, verde-claras, verdes-escuras, amarelas, cor-de-laranja, cor-de-rosas escuras, cor-de-rosas-claras, violetas, azuis-escuras, azuis-claras, e brancas.
RAQUEL - Deves estar a imaginar!
LUISINHA - Não estou nada. Estou mesmo a vê-las.
RAQUEL - Sim, sim, estamos mesmo a vê-las, não estamos a imaginar.
SARA - E porque é que eu não as estou a ver?
RAQUEL – Porque estás sempre na Lua.
SARA – Não…estou na terra, como vocês!
LUISINHA – Estás sempre a sonhar de olhos abertos, a imaginar outras coisas, e a pensar noutras coisas…não é?
SARA – Não.
LUISINHA – De certeza que sim, caso contrário, vias as borboletas que voam mesmo à tua frente!
RAQUEL – Ou então estás a precisar de usar óculos.
SARA – Não…!
LUISINHA - Olha com atenção!
NARRADORA - Sara olha muito atenta.
SARA - Áhhh…sim, agora estou a vê-las!
TODAS - Que lindas!
LUISINHA - Áh! De onde vem tanta borboleta?
SARA - Nunca vi tanta borboleta, de tanta cor diferente…!
TODAS - Áh…que lindas.
RAQUEL - Parece que saíram de uma toca!
LUISINHA - Olhem a saia daquela princesa!
TODAS - Que linda!
SARA - Vamos mais perto, para falar com ela.
TODAS - Sim, vamos!
RAQUEL - Vou perguntar-lhe se sabe de onde vem tanta borboleta.
LUISINHA - Acho que ela não nos vai responder.
RAQUEL - Porque não? Só se não falar.
SARA - Porque ela é uma princesa!
RAQUEL - E as princesas não falam?
LUISINHA - Claro que falam. Mas nós não somos da classe dela, por isso, ela não pode falar connosco.
SARA - Pois…ela é muito rica, e nós somos muito pobres.
RAQUEL - Como é que sabes que ela é rica?
SARA – É o que os meus pais dizem.
LUISINHA – Mas a minha mãe diz que a riqueza não se vê.
RAQUEL – Claro que se vê…olha para a saia dela…os cabelos dela…os sapatos…e olha os nossos.
SARA – Ela deve ser muito antipática. Geralmente as pessoas muito ricas são muito antipáticas.
LUISINHA – A minha mãe também diz isso, mas ela não me parece antipática.
RAQUEL – A mim toda a gente me diz que a verdadeira riqueza está debaixo da nossa pele.
SARA – Debaixo da nossa pele temos outras coisas.
RAQUEL – Temos o coração e todas as coisas boas que sentimos, e às vezes as más….
TODAS – Sim. É verdade.
LUISINHA – Vamos vê-la.
NARRADORA - Elas sorriem, encantadas com as borboletas, aproximam-se a medo, e as borboletas param de voar porque a princesa para de rodar a saia. Desaparecem.
TODAS – Ááááhhh…!
RAQUEL – Desapareceram.
SARA – Pois foi. É muito estranho!
LUISINHA – Acho que afinal não há borboletas…éramos nós a imaginar.
PRINCESA (sorridente) – Olá meninas…
TODAS (sorriem) – Olá.
PRINCESA (sorridente) Estão a olhar para a minha saia não é? (Elas estremecem, e sorriem a medo. Abanam com a cabeça a dizer que sim)
LUISINHA (sorri) – Parece que nos lês os pensamentos.
PRINCESA (gargalhada) – Eu…? Ler os pensamentos? Não.
RAQUEL – Então como é que sabes que estávamos a olhar para a tua saia?
PRINCESA (ri) – Toda a gente olha.
TODAS (sorriem) – É tão bonita.
LUISINHA – Nós vínhamos ver de onde saem tantas borboletas!
RAQUEL – Tu sabes de onde vem?
PRINCESA (sorri) – Vejam…
NARRADORA – A princesa roda a saia, alegremente e muito elegante, e saem mais borboletas. Elas ficam muito surpresas.
TODAS – Uau!
LUISINHA – Elas saem da tua saia?
PRINCESA (sorri) – Sim. Outras vezes, quando rodo a saia, dela saiam flores, estrelas, sóis, luas, planetas, búzios, bolinhas de sabão e beijinhos. 
TODAS – Ááááhhh…!
LUISINHA – Que lindo!
SARA (sorri) – É uma saia mágica.
RAQUEL – E como fazes isso?
PRINCESA (sorri) – Não sei explicar.
SARA (sorri) – É mesmo bonita, e tu também.
PRINCESA (sorri) – Obrigada. Eu faço isto para ver se arranjo amigas e amigos, mas nem assim consigo!
TODAS – Porquê?
PRINCESA – Porque todos fogem de mim.
LUISINHA – Deves ter muitos amigos.
PRINCESA – Não. Sinto-me muito sozinha…e foi por isso que a minha madrinha me ofereceu esta saia mágica. Ela disse para eu usar esta saia, pois com ela ia arranjar muitos amigos! Mas isso não estava a acontecer.
TODAS – Porquê?
BORBOLETAS (sorriem) – Porque não eram boas pessoas!
TODAS (surpresas) – A sério?
BORBOLETAS – Sim.
PRINCESA – Sim, dizem que sim.
SARA – Porquê?
BORBOLETA AZUL-CLARO – Não poderia ser qualquer pessoa a aproximar-se da princesa.
BORBOLETA BRANCA – Toda a floresta sentia que eram más pessoas.
BORBOLETA AZUL-CLARO – A princesa não é para o primeiro que a elogia, ou que diz que se encanta por ela.
RAQUEL – Mas há pessoas boas.
BORBOLETAS – Sim, é verdade.
BORBOLETA BRANCA - Mas todos os que viam a princesa…tinham corações impuros.
BORBOLETA AZUL-CLARO – É. Não tinham boas intenções.
TODAS – Como?
BORBOLETA BRANCA – Só queriam aproximar-se da princesa porque ela é muito bonita…
BORBOLETA AZUL- CLARO - E queriam mostrar aos outros, que eram valentões, que tinham muito valor, até tinham conseguido conquistar a princesa.
BORBOLETA BRANCA – Não tinham nada!
LUISINHA – Como é que sabiam que eles só queriam ficar com a princesa porque ela é bonita?
BORBOLETA AZUL- CLARO – Porque é sempre assim que acontece com as princesas!
BORBOLETA BRANCA – Nós estamos sempre a proteger a nossa princesa.
SARA – E as princesas não podem ter amigas fora do castelo pois não?
PRINCESA – Mas eu quero ter amigas fora do castelo, só que toda a gente tem essa ideia, e acham que sou antipática, que ninguém me pode tocar.
TODAS – Tu és muito simpática.
PRINCESA (sorri) – Obrigada, lindas.
LUISINHA – Nós queremos ser tuas amigas!
RAQUEL – E não é por seres princesa.
SARA – Nem por teres uma saia tão bonita!
BORBOLETA BRANCA (sorri) – Os vossos corações são muito bonitos.
TODAS – Tu vê-los?
BORBOLETAS – Sim.
BORBOLETA AZUL-CLARO – Quer dizer…vemos de outra maneira…! Sentimos as suas batidas.
BORBOLETA BRANCA – Tem uma luz muito bonita.
TODAS (sorriem) – A sério?
BORBOLETAS – Sim.
BORBOLETA AZUL-CLARO – Vocês são meninas de bem…
BORBOLETA BRANCA - Filhas de gente humilde, lutadora, trabalhadora…
BORBOLETA AZUL-CLARO - Onde não há maldade, nem segundas intenções!
TODAS (sorriem) – Obrigada.
LUISINHA – Tu conheces os nossos pais?
BORBOLETAS – Sim.
BORBOLETA BRANCA – Vocês são o espelho deles.
RAQUEL – A minha mãe diz que não sou muito parecida com ela…
SARA – A minha mãe diz que eu sou parecida com ela, e também sou parecida com o meu pai.
LUISINHA – Eu não sei…
BORBOLETA AZUL-CLARO – Estamos a falar no que eles vos dão de bom, nota-se pelo que vocês são…pelo vosso coração. São educadas, têm amor, dão muitas coisas boas aos outros.
TODAS (sorriem) – Sim, dizem que sim.
LUISINHA – A mim ensinam-me a ser boa menina com os outros, a ser bem comportada.
BORBOLETA BRANCA (sorri) – Sim, e é disso que estamos a falar.
TODAS (sorriem) – Ááááhhh…
RAQUEL – Nós gostávamos de ser amigas da princesa, porque gostamos dela.
BORBOLETA AZUL-CLARO – Sim. (sorridente) – Princesa…estas meninas sim…podem ser tuas amigas.
BORBOLETA BRANCA (sorri) – A tua madrinha confirma.
PRINCESA (feliz) – Que bom! Finalmente arranjei três amigas. Muito obrigada, Madrinha, e borboletas. Venham conhecer o meu castelo.
TODAS (sorridentes) – Uau.
NARRADORA – As meninas estão surpresas, e felizes, encantadas, e conversam alegremente com a princesa. Conhecem o castelo, e são muito bem recebidas por todos. Até tomam banho na piscina, e lancham no castelo com a princesa. No fim brincam juntas. Afinal a menina princesa era mesmo simpática, e desde esse dia, a sua saia rodava e soltava borboletas, flores, estrelas, sóis, luas, planetas, búzios, bolinhas de sabão e beijinhos de todas as cores. Mas apenas quem tem bom coração pôde aproximar-se, e ser amiga da princesa. Nós também só devemos deixar aproximar-se de nós, e entrar no nosso castelo, os corações bons. Era bom termos duas borboletas, que nos dissessem quem são os nossos verdadeiros amigos, mas além desses, podemos dar-nos bem com outros que sejam bons corações, e que se aproximem de nós. Infelizmente, às vezes iludimo-nos com a beleza exterior de príncipes e princesas, que quando nos mostram o que são por dentro, é uma grande decepção: conhecemos verdadeiros sapos e rãs…!

FIM
LARA ROCHA 
(29/Junho/2013)


2 comentários:

  1. Mais uma história de partilha de afetos,gostei muito tia lála.Beijnho continua a encantar os pequeninos e não só....

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