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quarta-feira, 10 de julho de 2013

O PASSARINHO EGOÍSTA













foto de Lara Rocha 

             Era uma vez um passarinho que vivia num ninho ao lado de uma fonte de água fresca, num jardim de uma grande cidade. O passarinho…só porque vivia ao lado da linda e fresca fonte, achava que era dono dela, e por isso, não deixava que ninguém se aproximasse dela. Quando alguém ou outros passarinhos pousavam na fonte para beber, o passarinho gritava:
- Sai…fora daqui! A fonte é minha.
            Os passarinhos resmungavam com ele, e explicavam-lhe:
- Não, não! A fonte não é tua!
- A fonte está no jardim, por isso…é de todos!  
- Todos podemos beber!
            Mas o passarinho não queria saber…e ficava ainda mais zangado: dava bicadas, e chilreava muito alto, punha as patinhas esticadas e atirava-se a quem fosse beber…arranhava, empurrava-os e dava sapatadas, tentava arrancar penas e cabelos aos meninos e pessoas que queriam beber. As pessoas tinhas medo dele, e o malandreco ria satisfeito. Mas também era por causa disso que não tinha amigos. Achava que era o Rei da fonte:
- A fonte é minha! Não é de mais ninguém! – Gritava orgulhoso.
            A fonte ficava triste com isso, pois era muito boa, e gostava muito de ajudar, mas o passarinho não deixava! E ela também não podia fazer nada. Um dia, a fonte ficou farta do egoísmo e da maldade do passarinho, que pediu um desejo às estrelas:
- Estrelinhas…eu quero que me tornem transparente! Aquele passarinho está a precisar de uma lição…não pode ser! O que ele está a fazer é muito feio.
            A estrelinha que a ouviu, concordou com a fonte e disse:
- Tens toda a razão! Tu não és dele…és do jardim…qualquer pessoa, e animal pode beber a tua água! Deixa comigo, fonte! 1…2…3…desejo concedido!
            Magia…a fonte torna-se mesmo transparente. Na manhã seguinte, o passarinho ia para tomar banho, lavar as suas penas e bico na fonte e refrescar-se…mas não viu a fonte. Ficou muito assustado e grita:
- Fonte…! Fonte…! Onde estás?
            A fonte não responde, e o passarinho procura por todo o lado, nervoso, zangado e assustado:
- Fonte! Óh minha fonte…onde estás? Levaram-te? Óh, não…não pode ser…! Eu preciso da minha fonte…Óóóhhh…e agora? Quem é que fez esta maldade?
- Maldade…é o que tu fazes com toda a gente, e com todos os animais que querem beber! – Diz a fonte.
- Óh! Estás aqui minha fonte…onde? – Procura o passarinho.
- Porque é que dizes que sou tua? – Pergunta a fonte.
- Porque vives ao lado da minha casa, e é onde bebo a tua água deliciosa, fresca…é onde tomo banho…e és minha! – Explica o passarinho.
- Que coisa mais feia! – Suspira a fonte – É por isso que não tens amigos…! Não partilhas nada…e no meu caso não sou mesmo de partilhar…porque é que és tão egoísta? – Pergunta a fonte.
- Eu não sou isso. Não tenho amigos porque eles não querem – Responde o passarinho.
- Claro que és! – Exclama a fonte. Porque é que queres as coisas todas só para ti, se depois não lhes ligas nenhuma…? Já pensaste? Tiras as coisas aos outros, e depois não pegas nelas, nem fazes amigos. Eles não querem porque tu és mau…dás bicadas, arranhas, arrancas penas e cabelos, empurras…dás tudo, menos carinho…! Os amigos tratam-se com carinho…festinhas, beijinhos, abraços…risos…e emprestam-se coisas…como fontes, brinquedos, roupas…! E não é por viver ao lado da tua casa, e beberes a minha água que podes chamar-me tua! - Continua a fonte.
- Óh, aparece fontezinha linda…! – Implora o passarinho.
- Não apareço enquanto fores tão egoísta. Ou deixas toda a gente que quiser, beber…e paras de dizer que sou tua…ou então eu não apareço! – Ameaça a fonte.
- Óh, eu prometo que deixo beber…aparece por favor! – Pede o passarinho.
- A água que sai de mim, é minha…e nem por isso eu proíbo os outros de a beberem, nem fico sem ela. Aliás, até fico muito feliz por dar a minha água, a quem tem sede. – Explica a fonte.
- Mas a tua água é só minha. – Insiste o passarinho.
- Não é só tua…olha que não apareço…- avisa a fonte.
- Desculpa! Aparece…eu não digo mais isso. – Diz o passarinho.
- Assim está melhor. Espero mesmo que faças isso! – Ordena a fonte.
            A fonte volta a aparecer. O passarinho delicia-se com a água, refresca-se, leva as penas, bebe e chapinha feliz. Mas o passarinho esqueceu-se muito rápido, do que tinha prometido à fonte, porque quando se aproxima um gatinho cheio de sede, já fraco, que tenta beber…o malvado passarinho empurra, bica e arranha o pobre gatinho, e ele como estava fraco, caiu, a miar. O passarinho esqueceu-se, mas a fonte não se esqueceu…e desaparece, torna-se transparente, com a água virada para o gatinho. O gatinho bebe consolado. O passarinho muito zangado começa a chorar muito:
- A minha fonte…! Seu gato feio…a fonte foi-se embora por tua causa. – Acusa o passarinho muito chorão.
            O gatinho não lhe responde, mas a fonte resmunga-lhe:
- Esqueceste-te do que me prometeste passarinho…mauzão…feio! Não vês que o gatinho está doente…cheio de sede…e outra vez…disseste que eu sou tua! Enquanto fizeres isso, eu não apareço. Tens de fazer pelo menos uma boa acção…tens de ser bom…estás a ser muito mau! Não sejas egoísta…se estivesses doente, fraco e cheio de sede, também gostavas de encontrar uma ajuda como a tua? – Pergunta a fonte.
- Não. – Responde o passarinho.
- Pois é! O gatinho também não gosta. – Acrescenta a fonte.
            E assim é. Enquanto o gatinho bebe, a fonte não aparece, porque o passarinho ainda não fez uma boa acção. De repente, o passarinho, com medo que a fonte não voltasse a aparecer, lá foi contrariado procurar ajuda para o gatinho. A fonte aprecia, e sorri. Chega com uma borboleta que é médica.
- Olha…este está doente. – Informa o passarinho.
- O que é que ele tem? – Pergunta a borboleta.
- Não sei…- Responde o passarinho.
- Está desidratado e com fome…- informa a fonte.
- Porque não apareces, fonte? – Pergunta o passarinho.
- Não fizeste uma boa acção – Responde a fonte.
- Fui chamar a médica para esse peludo…não é uma boa acção? – Pergunta o passarinho?
- Não fizeste com o coração. – Responde a fonte.
- O quê? – Pergunta o passarinho.
- Tens de ser bom, tens de ficar feliz por ser bom para os outros. Não é fazeres bem, só porque te mandam. – Explica a fonte.
            A borboleta analisa o gatinho carinhosamente, e o passarinho não sabe o que fazer mais para a fonte aparecer outra vez. De repente, lembra-se de convidar os outros passarinhos para brincar com ele, e para beberem água, e refrescarem-se na fonte. Os passarinhos, no inicio ficaram desconfiados, porque sabiam que ele era mauzinho, mas decidiram aceitar. Todos brincam juntos, muito divertidos, felizes, trocam carinhos uns com os outros, dividem brinquedos, riem, saltitam…e quando ficam com sede, todos vão beber água e refrescar-se. A fonte está feliz e orgulhosa, e aparece.
- Muito bem! Assim sim…agora foste um bom passarinho…e arranjaste muitos amigos. Que bonito que foi ver-vos a brincar todos juntos, a trocar carinhos e brinquedos…e agora aqui na fonte! – Elogia a fonte.
- Sim! – Respondem em coro.
- O gato, onde está? – Pergunta o passarinho.
- Está ali à sombra, a descansar. – Responde a fonte.
- Mas o que é que ele tinha? – Pergunta o passarinho.
- Estava muito cansado e fraco, com fome e sede…não tinha dono…quer dizer…tinha, mas os donos puseram-no fora de casa. – Explica a fonte.
- Coitadinho! – Respondem os passarinhos em coro.
- Ele pode ir para a minha árvore, quando estiver sol, ali. – Informa o passarinho.
- Muito bem, passarinho! Obrigada! Ele vai. Para já está bem ali. – Elogia a fonte, sorridente.
            E a partir desse dia, o passarinho começou a ser mais bonzinho, a ser amigo de todos, e simpático com todos…passou a dar carinhos aos outros, e a receber também muito carinho, a brincar muito, e a emprestar coisas aos outros, e fez muitos amigos. Andava muito mais feliz, e a fonte também gostou muito mais dele. Pois é, meninos…também temos de ser como a fonte…e como o passarinho…ser bonzinhos, emprestar os brinquedos e livros uns aos outros, dar carinhos uns aos outros…abraços, beijinhos, dar as mãos…é muito mais divertido brincarmos juntos, e felizes, com os brinquedos que são de todos…e todos podemos brincar com os mesmo brinquedos, não ao mesmo tempo…um de cada vez…enquanto um menino está com um brinquedo que nós queríamos, nós brincamos com outro brinquedos, e quando o menino nos der o brinquedo que queríamos, emprestamos o que tínhamos, e ele brinca com outros. É muito bom, e todos ficamos muito mais felizes…se formos todos amigos uns dos outros. Experimentem!

FIM
Lálá
10/Julho/2013

  

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