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quinta-feira, 6 de julho de 2023

A rapariga que mudava o dia das pessoas

 



        Era uma vez uma rapariga muito especial, diferente de todas as outras, a começar pela cor do cabelo, ruivo, dos olhos e da pele clara, e a sua sensibilidade. 

     Vivia numa aldeia pequena, onde todos se conheciam, e a menina também, só ainda não sabiam que ela era tão especial e que fazia tão bem aos outros. 

      Os pais e os Avós sentem orgulho nela, porque sabem que ela é uma boa menina, porta-se bem, é amiga de todos, simpática e gosta de ajudar. 

      Mas não sabiam que ela era assim tão sensível ao que os outros diziam sem palavras, às suas energias e expressões faciais, e que ajudava a melhorar. Aos poucos, ela foi mostrando quem era. 

   Era muito meiga, doce, sensível às energias dos adultos, sorridente, carinhosa, toda a gente repara nela. A sua diferença em relação às outras raparigas ainda mais as da idade dela, é que sentia quando alguém estava solitária, tristonha, vazia, com pensamentos feios, sem sorrisos, oferecia sempre alguma coisa para alegrar e transformar o dia dessas pessoas. 

     Não tinha dinheiro, mas tinha magia, pureza, inocência, bondade. Passou por um Sr. sentado num banco, carrancudo, parecia falar sozinho. A rapariga para em frente a ele, olha para ele: 

- Porque estás com essa cara tão comprida? 

- Não tens nada a ver com isso...(grita o sr.) 

- Com quem estás a falar? 

- O que te interessa? 

- Não vejo aí ninguém. 

- E depois? 

- Porque é que estás tão irritado? 

- Como é que sabes que estou irritado? O que sabes dos adultos? 

- Sei muita coisa. 

- São coisas de adultos. 

- Não devias irritar-te, nem falar assim...(atira-lhe uma flor para as pernas) 

- O que é isto? 

- Não conheces as flores? 

- Conheço! 

- Se falas assim com ela, como estás a falar comigo, ela vai murchar rápido, mas não faz mal. 

        O Sr. fica calmo de repente, olha para a flor, sorri. 

- Obrigado. 

- Trata-a bem. Quero ver o teu sorriso! 

- Não tenho sorriso. 

- Como não tens sorriso? Claro que tens...eu estou a vê-lo nos teus olhos, porque é que ele não aparece na tua boca onde todos aparecem? Porque estás trombudo. A resmungar...mas eu sei que também sabes sorrir. 

        O Sr. olha para a rapariga, ela sorri-lhe e ele retribui. 

- Não gosto desse sorriso, falso! - diz a rapariga 

- Não é falso. 

- Mas é triste, eu quero um sorriso feliz, aquele que vejo nos teus olhos e que quer sair. 

        O Sr. olha para a flor, e para a rapariga, ela sorri-lhe com toda a sua pureza, e ele abre um sorriso gigante, como não acontecia há muitos anos. 

- Assim, sim, esse foi um sorriso! - diz a rapariga a sorrir 

- Obrigado, realmente já não me sentia assim com tanta vontade de sorrir há muitos anos. 

- Pois, escondeste a tua criança.

- Escondi? As minhas crianças já cresceram, já pouco me ligam. 

- Os teus filhos ? 

- Sim. 

- Não estava a falar desses, estava a falar da criança que foste. 

- E tu consegues vê-la? 

- Consigo! Ela saiu agora, quando sorriste, ela também sorriu. Ela saiu quando olhaste para a flor e disseste obrigado, em vez de resmungares e estares carrancudo! Deixa-a sair. Dá-te saúde...cuida da flor. Volto um dia destes. (e vai ter com uma senhora sentada noutro banco) 

- Tão querida...que ser...especial. Será que existe mesmo, ou imaginei…? Não, não imaginei porque a flor está aqui. Não sei o que é que ela tem, mas é especial. - diz o Sr. 

- Olá, Sra. 

- Olá minha querida! 

- O que estás a fazer aí sentada, com esse ar tão triste? 

- Estou...a pensar só. Como sabes que estou triste…? Uma rapariga da tua idade...não se preocupa com os velhos. Que bonita que tu és! 

- Obrigada. Não conheço essa palavra horrorosa que tu disseste! Mas é claro que já raparigas e rapazes da minha idade que se preocupam com os avós deles, e com outros. - sorri a menina 

       A rapariga sorri e sopra uma joaninha que pousa na roupa da sra. 

- Áh! Que linda, uma joaninha. - diz a Sra. com um sorriso aberto 

- Assim está bem. Quero ver-te a sorrir da próxima vez que passar aqui! - diz a rapariga a sorrir 

- Combinado! - diz a senhora 

- A joaninha vai fazer-te sorrir. Até já. 

- E fez mesmo. Obrigada, querida. 

- De nada, até já. 

      A Sra. olha deliciada para a rapariga, que noutro banco estava uma mãe com um bebé ao colo, tristonha, e a menina sopra uma pequena borboleta com uma luzinha que circunda a mãe. 

      A mãe segue-a com os olhos, abre um grande sorriso de encanto, e vai para o bebé, que também ri à gargalhada, pondo a rapariga e a mãe a rir também à gargalhada, com as brincadeiras e mimos da borboleta com a luzinha.  

     A rapariga conversa um pouco com essa mãe que ganhou um novo ânimo, uma nova força, um novo sorriso. A mãe agradece. Vai para outro banco onde vê uma rapariga a chorar, encolhida. A rapariga acaricia-lhe os cabelos, estende-lhe a mão, e a jovem para a olhar para ela. 

- Quem és tu? Tão linda! (sorri) 

- Eu sei porque estás tão triste. 

- Sabes? Como? 

- Sei. Dá-me a tua mão! 

        A rapariga senta-se no banco, limpa as lágrimas, dão a mão, e a rapariga deixa-lhe uma flor na mão. 

- É para curar o teu coração partido! 

- Mas...como é que sabes que foi por causa disso? Está escrito na minha cara? (a rapariga ri-se) 

- Não está escrito, mas eu sei. 

- Posso dar-te um abraço? 

- Mas isso nem se pergunta...claro que sim! 

        As duas abraçam-se a sorrir. 

- Ai, não me apetece largar-te! Tens alguma coisa de muito especial!

- Eu? Não. Sou uma rapariga igual a ti. 

- Mas ninguém dá abraços assim tão bons, tão especiais. 

- Não sei o que te dizer, mas adoro abraços, deve ser por isso! 

- Eu também adoro abraços. 

- Também já te partiram o coração? 

- Claro que sim! Quantas vezes...sei como dói, mas faz parte, e há que seguir em frente. É porque não tem de ser. 

        As duas conversam um bocado de mão dada, a rir, e a sorrir. 

- Bem, desculpa, tenho de ir. 

- Está bem. Mas volta mais vezes! Adorei conhecer-te. E adorei os teus abraços. Obrigada por tudo. 

- Foi um gosto! Voltarei sim, até já. Mas amanhã quero ver-te sorrir como agora!

- Prometo que vou tentar. 

- Eu sei que vais conseguir. 

- Obrigada. 

- Até já. 

- Até já. 

   A rapariga continua a percorrer o jardim, soltando flores, borboletas, luzinhas, abraços que todos recebem com agrado, e abrem grandes sorrisos de ternura, joaninhas, balões, sorrisos a caras tristes, a pessoas chorosas, que ela sente que precisam. 

   Às vezes vai aos hospitais e discretamente sopra luzinhas de melhoras e de cura para quem lá está, e a realidade é que todos apresentavam melhorias. 

     Vai por casas de pessoas que vivem sozinhas no seu meio, estão à janela ou a trabalhar nas hortinhas, e a menina ajuda-os  com alegria. Todas as plantações e regas que a menina faz tornam-se mais bonitas, fortes, saudáveis, crescem, e parecem sorrir. 

    Passa algum tempo a conversar com elas, a fazê-las rir, lancha com elas, mostra-lhes coisas bonitas, faz companhia, aprende sempre muito com eles. 

    Na aldeia toda a gente a conhece, e quando perceberam que ela era uma menina jovem, realmente especial, todos começaram a procurá-la, porque fazia muito bem aos outros. 

     Era realmente uma rapariga muito jovem, que melhorava o dia das pessoas, em especial aquelas que estavam a sofrer, que eram mais solitárias, e tristes, que precisavam de um abraço, de um carinho, de quem as fizesse rir, de palavras simpáticas.

        Essa menina conseguia isso! 

E vocês têm coisas parecidas com esta menina? O quê?

Gostavam de ser como ela? Ou de ter uma amiga como ela? 

Se fossem como ela, o que faziam para alegrar pessoas mais tristes? 


                                                FIM 

                                             Lara Rocha 

                                            6/Julho/2023 


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