Número total de visualizações de páginas

sábado, 6 de novembro de 2021

A lição dos alimentos

         Era uma vez um grande armazém onde estavam guardados uma série de alimentos que comemos todos os dias, mas um dia, um grupo de alimentos disfarçados de pessoas invisíveis andaram a sondar os colégios, as casas, os restaurantes, as cantinas, as escolas, e todos os sítios onde se comia. 

         Pelo caminho alguns ficaram enjoados com o cheiro a fritos, e horrorizados com as manadas de sal que viram pôr nas comidas, Quando provaram, quase treparam paredes, viraram-se ao contrário, e estavam brancos da cor das paredes.

         Olhando uns para os outros, mesmo enjoados desatam a rir. 

- Como estamos horríveis! - diz um saco de arroz 

- Como conseguem comer aquilo? - pergunta uma batata 

- Eu gosto daquele sabor, mas naquela quantidade não! - diz uma alface 

- E aquelas litradas de óleo... Ai, valha-me que até me dá um pirolito só de me lembrar. 

- Que nojo, aqueles molhos que eles põem, até vejo tudo a andar à roda... cruzes! - diz um pão sobre um molho de maionese 

- Claro que tudo aquilo é saboroso, mas acho que devíamos dar uma ensinadela aos humanos, dizer-lhes que aquilo que eles comem, é bom mas não é bom. - sugere um pacote de massa 

- Todos nós, alimentos somos importantes, e saborosos. - acrescenta um ovo 

- Acho que eles nem devem conhecer os nossos sabores, à velocidade com que comem, ou quando ficam mal dispostos. - comenta uma cenoura 

            Todos riem. 

- Pois é. 

- Isso é boa ideia, mas como vamos fazer tal coisa? Eu só vejo toda a gente a correr, a engolir a comida. 

- Vamos reunir com os outros... 

            Voltam em silêncio, a pensar pelo caminho, muito preocupados. Quando chegam ao armazém, contam o que viram, e o que cheiraram, e pedem ideias para dar uma ensinadela aos humanos. Pensam, uns longos minutos. 

- Tenho uma ideia...vestimo-nos de cozinheiros, damo-nos a provar, e fazemos um concurso, com um tempo para comer, que não pode ser antecipado. E fazemos tipo um concurso, onde cada um tem que escrever nos papéis de apoio todos os alimentos que identificou nos pratos. Um de nós verifica, e quem tiver mais, ganha uma refeição extra saudável. - sugere um nabo 

            Faz-se silêncio. 

- Excelente ideia! Mãos à obra. 

            No dia seguinte, para surpresa de todos, uns seres mágicos transformam os alimentos em pessoas, que convidam quem passa, a entrar no jogo, Mas ficam num pranto, porque nenhum ser humano alinhou.

            Diziam que não tinham tempo, que tinham de entrar às não sei quantas horas, que nem sentiam o sabor da comida, só comiam para não cair, mas até ficavam mal dispostas, não havia problema, tinham era de trabalhar, o comer era secundário.

            Os alimentos choraram até não poder mais, porque muito humanos nem olharam para eles, sempre a correr, sempre com pressa. No dia seguinte, tentaram outra vez. Nada! Outra vez mais um dia sem atenção, ignorados. 

            Têm outra ideia...sentiam que tinham mesmo de fazer alguma coisa. Transformam-se em pessoas, vão falar seriamente com os chefes das empresas, com os cozinheiros de todos os locais onde se comia: casas, escolas, colégios, infantários, creches, restaurantes. 

            Dão uma verdadeira aula sobre os perigos de comerem depressa, e de nem sequer sentirem os saberes. Ralham, falam da proposta do jogo, de como é importante comer devagar, saborear, e da obrigação de dar mais tempo para comer, para saborear, para identificar os sabores, o que gostam, o que não gostam. 

            Os patrões ficam pensativos, e pouco tempo depois, concordam com o desafio. Assim fazem. Combinam as novas regras da hora de almoço, permitem que sempre que possível se juntem pais e filhos, e façam esse jogo. Eles próprios dão o exemplo, e acham engraçado. 

            Todos ficam boquiabertos com essa mudança, mas muito satisfeitos, comem coisas do dia a dia que parecia estarem a comer a primeira vez, saboreiam cada alimento, escrevem as cores de cada um, que faz parte do jogo, já familiares que nem sabiam qual o sabor, nem a que fazia bem, e para que servia aqueles alimento no corpo. 

            Escrevem o que sentem, a que sabem, a que cheira, o que provoca no corpo, e qual a diferença entre comer depressa e mais devagar, As pessoas nesse jogo descobriram que até os alimentos menos agradáveis ao paladar, podem ser uma delícia, têm cores interessantes, e fazem muito bem ao corpo.  

            Aprenderam a comer mais devagar, e a conhecer sabores, de todos os dias, mas nem faziam a mais pequena ideia, se eram doces ou salgados, nem que ingredientes tinha um arroz fresco de feijão, ou de tomate, muito menos, o que se podia juntar a uma salada, ou comer com massa, ao que sabia a massa e os restantes ingredientes, a importância da sopa e dos legumes. 

            Os alimentos e os humanos não podiam estar mais felizes com as mudanças, e por receberem atenção, ao serem saboreados, apreciados, outros menos agradáveis para algumas pessoas, mas o que os deixou mesmo felizes, foi o aprenderem a comer mais devagar, e a estar mais atentos ao que comiam, 

            Quando identificavam os sabores, e comiam mais devagar, os cozinheiros aplaudiam, todos riam, e agradeciam. Nos dias seguintes experimentaram sabores e alimentos diferentes, e até ao fim de semana, pais e filhos faziam concursos para ver quem descobria mais, quais eram e ao que sabiam, qual a sua cor. 

E vocês? 

Comem depressa ou devagar, nem depressa nem devagar? 

E os vossos pais, manos, professores? 

Digam-lhes que é melhor comer mais devagar e sentir os sabores. 

Experimentem este jogo se gostaram. 

É muito bom para o nosso corpo comermos alimentos saudáveis, mas de vez em quando também podemos sentir sabores diferentes que não nos fazem tão bem, se for muitas vezes, como os fritos ou muitos doces. 

Escrevam ou desenhem por exemplo uma cara triste ou una cara alegre nos alimentos que gostam e que não gostam, 

nos alimentos que são nossos amigos, e podemos comer muitas vezes, 

nos alimentos que são muito bons, todos gostamos deles, mas não são nossos amigos, e não devemos comer muitas vezes. 

Escrevam ou desenhem os alimentos que ficam felizes por serem apreciados, e comidos, e os que ficam felizes mas não nos fazem bem se comermos muitas vezes. 

                                                                        FIM 

                                                                     Lara Rocha 

                                                                     6/11/2021 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras