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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Os pássaros da Vila (exercício de relaxamento por imaginação/ história)



foto de Lara Rocha 

   Era uma vez uma Vila com muitos poucos habitantes, perdida num recanto de um vale.  
  Ficava longe da cidade, onde se respirava ar puro, via-se uma paisagem indescritível, tal como as cores. 
 A Vila estava rodeada de vários tons de verdes, castanhos, amarelos dourados, às vezes cinzas e brancos, ou laranjas, e vermelhos conforme as tonalidades do céu, se havia nuvens, ou estava azul, se chovia ou estava sol. 
     Viam-se as estrelas, a Lua nas suas diferentes fases. A Vila estava repleta de lendas, e era um lugar tão mágico, tão especial que os inspirava a criarem muitas outras, a partir do que a imaginação ditasse, com tanta magia. 
    As águas dos ribeiros, riachos, cascatinhas naturais, recebiam as mesmas variedades de cores, parecia que alguém tinha andado lá com pincéis e tintas a tingir a água. 
    Era de perder de vista! Cheia de grutinhas para descobrir as suas belezas raras, as montanhas geladas no Inverno, os laguinhos e tanques vidrados no Inverno, e aquele frio cortante a que os habitantes já estavam habituados. 
  Os perfumes das flores, o cheiro de eucalipto dos pinheiros, invadiam as almas e enchiam de serenidade. Ouvia-se a chuva, os seus suspiros e cantos, guinchos, lamentos, que a água fazia pelos diferentes sítios onde passava, tal como a trovoada quando havia. 
  Conheciam de cor todas as variedades de sons, e o mesmo acontecia com o vento que parecia fazer música quando passava por entre as agulhas dos pinheiros, entre o milho, e até a passar nas pétalas das flores, as pessoas conseguiam ouvir os risinhos delas. 
   O silêncio às vezes era aterrador, tanto que alguns habitantes queixavam-se, queriam mais barulho, não aquele da cidade, mas outros agradáveis, por exemplo, tinham muitos animais, que quebravam o silêncio, mas não havia pássaros. Imaginavam como seria agradável ouvir pássaros. 
    Reuniram-se, partilharam essa vontade, e pensaram durante algum tempo, o que poderiam fazer, como fazer para atrair pássaros. A primeira ideia, foi deixar comida para eles nas beiradas das janelas.      Os pássaros chegaram lá, comeram, e foram embora, deixando apenas algumas penas, bonitas, os habitantes sempre na expectativa que voltariam para ficar. 
     Passaram-se vários dias, deixavam comida, os pássaros comiam, e levantavam voo, nem se ouviam cantar, alguns ainda os viram pousados, que lindos que eram, mas logo que as pessoas abriam as janelas, os pássaros levantavam voo, e deixando de presente algumas belas penas. 
   Decidiram fazer outra coisa: construir uma grande gaiola, com comida, bebida e ninhos confortáveis, esta estratégia só funcionava ao fim do dia, e noite, onde os pássaros recolhiam, abrigavam-se, aconchegavam-se nos ninhos, alimentavam-se, e saiam, mas as pessoas não se aproximavam, pois se o fizessem, fugiriam no mesmo instante. 
    Mas que alegria, ouviam o seu chilrear contínuo, sonoro, em coro, conseguiam ver uma enorme variedade de espécies, pássaros que nunca tinham visto, cada qual o mais raro e bonito. 
   Tiveram outra ideia, para tentar que os pássaros pousassem mais próximos deles: mantiveram a grande gaiola, sem portas, para poderem entrar e sair quando quisessem, e cada um na sua casa, plantou pequenas árvores que cresciam rápido, e eram frondosas. 
   Quando estas cresceram, os pássaros voavam entre a gaiola grande, e para alegria de todos, pousavam nas árvores, o que permitia aos moradores ver ao pormenor toda a beleza de cada pena, dos diferentes pássaros, e quebrar a solidão, ao deliciar-se com os cantos, que pareciam diálogos entre eles.         
   Os habitantes não podiam aproximar-se, para não fugirem, mas aos bocadinhos, foram-se aproximando, e os pássaros habituaram-se a eles, tanto que também pousavam nas janelas. Recebiam comida, bebida e mimos dos humanos. 
    Tornaram-se quase família das pessoas, a voar dia e noite, a cantar e a encantar, pousando nas janelas, nas árvores, e na grande gaiola, às centenas. 
     Os habitantes aprenderam que deviam deixar os pássaros livres, e tinham a sua amizade, companhia garantida, se os prendessem para apreciar, eles fugiriam e foi uma maneira de quebrar tanto silêncio que às vezes entristecia os habitantes da Vila. 
        Era mais um som mágico, a juntar a todos os outros, ainda mais especiais, e mais uma fonte de inspiração para as lendas. 

                                                                            FIM 
                                                                        Lara Rocha 
                                                                        10/Agosto/2021 


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