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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Ninhos na poluição

         


           









         foto de Lara Rocha 


   Era uma vez dezenas de pássaros que voaram vários quilómetros de uma aldeia, porque tiveram de fugir para a cidade, a pensar que lá, o ar estaria mais leve, mas estavam enganados! Na aldeia, pelo caminho, na cidade, tudo estava igual: um céu que metia medo, vermelho, laranja, cinzento, um calor insuportável. 

        Estavam rodeados de incêndios, e em alguns lugares viam as chamas de cima. Quase não se via um palmo à frente dos bicos, um ar irrespirável, repleto de fumo, muito pesado; isso fê-los tossir, espirrar, outros desmaiaram e caíram desamparados no solo, sem que os outros se apercebessem dos que ficaram para trás, pois não se conseguiam ver, muito menos ao solo. 

    Também não sabiam o que estava realmente a acontecer, mas pressentiam que era grave. Os pobres pássaros ficaram tão aflitos que se desorientaram e aterraram no primeiro sítio onde lhes pareceu mais ou menos seguro! Em jardins, próximos de água, onde foram mergulhar para se refrescar e matar a sede. 

        Quando mergulharam nem queriam acreditar no que estavam a ver e a sentir...a água estava cinzenta e preta, saíam faúlhas das suas penas, o que os deixou muito assustados. Olharam uns para os outros para ver se tinham as penas todas, ou se havia partes do corpo sem penas. 

        Mergulharam várias vezes enojados, beberam muita água, tossiram, espirraram, limparam os bicos e as narinas, pentearam as penas, e encontraram restos de comida, lixo que os humanos desperdiçaram e deixaram no parque. 

        Encontraram flores com pétalas abertas, que sabiam o que estava a acontecer e convidaram-nos a abrigar-se daquela poluição. À sombra, um lugar fresco, muitas flores de espécies diferentes libertaram das suas pétalas um cheirinho tão bom, que cada pássaro instalou-se rapidamente na que mais gostou.

        Que bem que estavam, protegidos e instalados confortavelmente, dormiram um sono reparador, até ao dia seguinte, de tão cansados que estavam. Nem se aperceberam que as pétalas quase fecharam à noite, aconchegando-os, aquecendo-os e guardando-os do ambiente poluído. 

        E assim continuaram mais uns dias, mas gostaram tanto do sítio, do carinho e simpatia das flores que de dia voavam por outras paragens, e ao anoitecer, regressavam, cada um para a flor que escolheu, e conversando alegremente com elas. Apesar da poluição, encontraram um ninho perfeito. 

Fim 

Lara Rocha 

11/Agosto/2021 

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