Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O trombone mágico

       


Era uma vez uma pequena aldeia, onde viviam muitas famílias enormes de animais. Havia paz enquanto não foi para lá um rapaz que tocava trombone, foi à procura de inspiração. Ainda ninguém o tinha visto, mas sentiam um violento tremor de terra, nas casas, e em toda a floresta, associado a um barulho estrondoso, que ecoava por todo o lado, parecia atravessar todos os seres vivos. 

        Até as flores se encolhiam, os animais recolhiam às suas tocas com o medo. Andavam todos muito intrigados e assustados, não falavam noutra coisa quando se encontravam, e ninguém sabia explicar. Os mochos e as corujas apercebiam-se de algo estranho, sentiam-se agitadas, mas não viam nada. Passados alguns dias, viram um vulto, a passear-se lentamente, de um lado para o outro, com alguma coisa ao lado. 

- Cuidado... temos aqui um intruso. - alerta um urso 

- Vamos lá falar com ele, mas devagar... e vamos todos juntos para o caso de ele ser perigoso. - sugere um lobo 

- Boa. - apoiam todos 

        Sorrateiramente, aproximaram-se e como quem não quer a coisa, o mais corajoso, passeou-se devagar a assoviar e a olhar para todo o lado. Tinham combinado esconderem-se, e estarem juntos, caso fosse preciso. Tudo estava silencioso, os animais à escuta muito atentos. 

- Boa noite! - diz um urso

- Boa noite, óh, um urso...(disfarça o medo) que surpresa agradável... não me vais comer, pois não? 

- Não, não... está descansado, acabei de jantar, e comi muito bem. - diz o urso a sorrir 

- Áh!

- Vives aqui? - pergunta o urso 

- Não... quer dizer, agora sim. Espero que não me corram daqui, porque já fui corrido do lugar onde vivia. - responde o rapaz 

- E porque vieste para aqui? - pergunta o urso 

- Porque aqui posso fazer barulho! - responde o rapaz 

- E que barulho fazias? - pergunta o urso 

- Toco trombone, estudo música, tinha de tocar fora das aulas para ensaiar. Eu sei que faz muito barulho. 

- Áh...um trombone...é isso que tens aí ao teu lado? 

- Sim. 

- Mas aqui já tocaste alguma vez? 

- Já. 

            Os animais saem todos do esconderijo. 

- Então o tremor de terra que ouvimos és tu a tocar isso?! - pergunta um lobo com os dentes de fora, a rosnar 

- Óh, vocês já ouviram? - pergunta o rapaz assustado 

- Claro, era impossível não ouvir. Tudo treme, as flores encolhem-se, vai tudo para casa. 

- Andávamos todos muito preocupados.   

- Mas como te atreves...? - resmunga uma girafa 

- Não podes tocar isso de noite! - alerta um sapo 

- Nem imaginas o barulho e os estragos que essa coisa faz. 

- A sério? - pergunta o rapaz 

- Ora toca só uma vez para tu veres...até lá em baixo sentimos! - sugere uma toupeira

            O jovem toca, e tudo abana. 

- Estás a ver? 

- Óh... desculpem. E de dia, posso tocar? 

- Não! - gritam todos 

- Isso abana de dia e de noite! - responde uma lebre 

- Temos todos, filhos pequenos, precisam de sossego e nós também. - alerta uma cabrinha do monte 

- Eles ficam muito nervosos. 

- Vais ter de escolher outro sítio. 

- Óh, não! Por favor, deixem-me ficar. - implora o rapaz 

            Olham-se todos, juntam-se, conversam entre eles, quase não se percebe nada, e o urso comunica: 

- O que nos dás em troca, se te deixarmos ficar? 

- Tudo o que vocês quiserem. 

            Reúnem-se outra vez, juntam-se, conversam entre eles, quase sem se perceber, e o urso comunica: 

- Porque é que escolheste este lugar? 

- Porque achei que era um ligar bonito, inspirador, e livre para poder tocar. 

- Vamos construir-te uma casa para não fazeres as nossas casas tremerem. Até lá, não faças barulho por favor. 

- Óh, muito obrigada. Querem a minha ajuda? 

- Está bem. 

            O jovem tem uma longa conversa com os animais, sobre o trombone, como se toca, e outros instrumentos. fala sobre ele próprio, a família, a cidade, a escola. Os animais estão deliciados a ouvi-los. 

            Como prometido, no dia seguinte todos os animais e o rapaz constroem uma casa para o jovem tocar, à prova de som, onde ele podia tocar à vontade sem fazer tremer toda a floresta. Não podia estar mais feliz, e tocou para experimentar, que alívio, os animais não sentiram o chão nem as casas a tremer, sorriram, e aplaudiram.

- Muito obrigada, amigos! Obrigada. Está uma casa maravilhosa. Nem tenho palavras para agradecer. 

            Quando ia para tocar, todos tapam os ouvidos e quando se preparavam para fugir, do trombone não sai o som, mas sim, milhares de bolas de sabão e flores, todas lindas, uma de cada cor e espécie. O rapaz não tinha revelado, mas também era mágico, por isso, para agradecer, ofereceu várias flores a cada animal pela casa. 

            Os animais pequeninos ficaram loucos de alegria a correr atrás das milhares de bolas de sabão que voavam do trombone, as fêmeas adoraram as flores, que receberam às dezenas, e para os machos não havia nada...? Sim, do trombone saíram os petiscos preferidos deles, que o jovem ficou a conhecer quando conversou com eles. Comeram com satisfação. 

            Depois desse dia, o jovem tocava na sua casa, construída pelos animais, sem os incomodar, convivia com eles, convidava-os para concertos, na floresta, só para eles, dançavam, cantavam e alguns até quiseram aprender a tocar diferentes instrumentos. 

            Como era mágico, sempre que os animais precisavam de alguma coisa, o jovem dava. Uns tempos depois, o rapaz levou lá a sua família e apresentou todos os animais que os receberam de forma muito simpática.  

            Todos o adoravam! 

                                                                   FIM 

                                                                Lara Rocha 

                                                            22/Fevereiro/2021            

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras