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terça-feira, 7 de abril de 2015

O guarda-chuva girassol


Era uma vez um belo guarda-chuva que voava pelo ar ao sabor do vento, parecia quase um balão de ar. Era de amarelo-claro e coberto de girassóis, o cabo era verde, e por dentro tinha milhões de palavras soltas, bonitas, que não tinham ligação entre si.
Os girassóis do guarda-chuva giravam enquanto voavam, sorriam a quem passava, e fechavam-se em si mesmos quando as aves tentavam agarrá-los ou pousar em cima deles. Todos ficavam espantados, ao ver aquele guarda-chuva de girassóis.
Mas de quem seria? Como é que ele foi parar às nuvens? Ele saiu da varanda de uma casa, onde estava aberto para secar. Foi levado pelo vento que gostou tanto dele, que queria ficar com ele e levá-lo a uma senhora velhinha que vivia numa floresta.
O vento faz descer o guarda-chuva das nuvens e pousou-o na varanda dessa velhinha, uma boa senhora de muita idade que andava triste e vivia solitária. Quando viu o guarda-chuva, ficou feliz e abriu um grande e luminoso sorriso.
- É para ti, boa senhora. – Diz o vento
- Óh! Que lindo! Onde arranjaste? – Perguntou ela
-Não interessa onde… arranjei-o para ti, para te ver sorrir outra vez. Adoro o teu sorriso, e andavas muito triste, por isso resolvi oferecer-te flores.
- Que lindo! Obrigada! É mesmo fantástico. Cheio de flores, cor e leveza…! – Diz a senhora a sorrir  
        Entretanto, a dona do guarda-chuva chegou à varanda para recolher o guarda-chuva e não o vê.
- Áhhh…Onde está o meu guarda-chuva? Eu deixei-o aqui… (Olha para baixo e para cima, e não o vê). Mas…onde está?
        Procura por todo o lado, leva um outro guarda-chuva e procura na rua, no caixote do lixo, noutra varanda…mas nem sinal. A senhora fica um pouco triste. Aparece um anjinho pequenino e sussurra-lhe:
- O teu guarda-chuva foi roubado pelo vento, para dar a uma velhinha que estava triste.
- O quê?
- Isso mesmo. O guarda-chuva foi a voar, e está na casa dessa senhora.
- Como é que foi o vento que o levou?
- A soprar…
- E agora?
- Agora…está noutra casa.
- E sabes para onde foi?
- Sei. Queres que te leva lá?
- Sim, se faz favor.
        O anjinho da senhora leva-a até à casa onde está o guarda – chuva. As duas encontram-se.
- Áh! Está aqui o meu guarda-chuva!
        A dona do guarda-chuva bate à porta. O anjinho recomenda:
- Cuidado…não sejas má com ela…ela é muito velhinha e não foi ela quem roubou.
        A velhinha abre a porta.
- Boa tarde…
- Boa tarde, desculpe estar a incomodar…
- Entre…venha tomar um chá e comer uns bolinhos, e vamos conversar um pouco.
- Mas…
- Entre… (as duas entram) Olhe que lindo guarda-chuva…
- Sim, é mesmo lindo! Eu tinha um igualzinho, mas desapareceu.
- A sério? Como é que desapareceu?
- Acho que foi roubado…
- Mas que maldade.
        O vento fica muito envergonhado. As duas entram e têm uma longa conversa, enquanto tomam o chá. A senhora do guarda-chuva está feliz com a velhinha, e esta com ela. As duas conversam bastante, e riem ainda mais. Contam uma à outra, coisas das suas famílias, acontecimentos importantes, boas recordações.
- Desculpe…eu falo muito, mas sabe, sinto-me muito sozinha, de maneira que, quando encontro alguém gosto de conversar…até converso sozinha, ou com a natureza! – Diz a velhinha
- Fale à vontade. Estou a adorar ouvi-la, e também gosto muito de conversar.
        A velhinha pega no guarda-chuva e devolve à senhora sua dona, porque algo lhe dizia que aquele guarda-chuva era dela.
- Pegue o seu guarda-chuva. É seu, não é? – Pergunta a velhinha
- Bom..creio que pode ser…não sei…mas fique com ele.
- Não. Eu sei que é seu…o vento trouxe-o da sua varanda para eu ficar feliz, porque andava muito triste, e adoro flores.
- Ai, que vergonha…por favor não pense que vim atrás do guarda-chuva. Vim porque o meu anjo guiou-me até aqui, para a conhecer…e ainda bem, porque a senhora é uma maravilha. Virei mais vezes visitá-la.
- Obrigada filha…a sua visita é muito melhor que mil girassóis num guarda-chuva. E traga-me os seus poemas para lermos aqui…adoro poemas. E o interior do seu guarda-chuva está cheio de palavras bonitas…raras…hoje em dia! Eu sei que é seu…leve-o. E volte sempre que quiser…terei muito gosto em conversar mais consigo…
- Está prometidíssimo. Virei já amanhã e trarei os meus poemas.
- Eu vou ensinar-lhe a fazer bonecas de pano, se quiser…
- Claro que sim.
- Então venha…e leve o seu guarda-chuva. É lindo!
        O vento responde envergonhado:
- Sim, é verdade, Avó…esse guarda-chuva é dessa senhora…eu trouxe-o da sua varanda. Perdoe-me…eu só a queria ver sorrir, e feliz. Não roubei por maldade!
- Que feio, vento…! Isso não se faz…! - Diz a velhinha
- Tem toda a razão. – Diz o vento
- Óh, o vento não fez por mal. – Diz a dona do guarda-chuva
- Pois não… Perdoe-me, senhora…! - Diz o vento
- Não voltes a fazer isso…mas desta vez ainda bem que o fizeste, porque ganhei uma amiga para o resto da minha vida. – Diz a velhinha
- Isso tem toda a razão! – Diz a senhora
        E as duas abraçam-se, sorridentes. A senhora leva o guarda-chuva.
- Até amanhã…eu à noite telefono-lhe… - Diz a senhora
- Não te preocupes… e vamos tratar-nos por tu…sim?
- Como quiser…quiseres…por mim, sim.
- Até amanhã, querida…e muito obrigada pela visita…por teres entrado na minha vida.
- Muito obrigada eu.
        Dão mais um abraço, sorridentes.
- Até amanhã. – Dizem as duas
        E tanto uma como outra, estão muito felizes por se terem encontrado, por causa do guarda-chuva dos girassóis. A senhora chega a casa e prega girassóis num guarda-chuva para oferecer à velhinha e ficar com um igual ao seu. À noite, telefona para saber como é que ela está e desejar-lhe uma boa noite.
        No dia seguinte, as duas voltam a encontrar-se e trocam mimos e conhecimentos, aprendem muito uma com a outra. A senhora fica muito feliz com o guarda-chuva e com todos os pequeninos carinhos que a senhora lhe levou. Passam uma tarde excelente.
        Depois desse dia, nunca mais se separaram. Encontravam-se quase todos os dias, na casa uma da outra, à vez, iam passear de braço dado, riam e conversavam muito, e tornaram-se uma verdadeira família. A velhinha nunca mais se sentiu sozinha nem triste, e a senhora só ganhou com tudo o que a doce e simpática velhinha lhe ensinou.
        Roubar não se faz! É muito feio e mau, até o vento se arrependeu, ficou envergonhado e pediu desculpa. Foi por causa dos girassóis que nasceu uma bela amizade e uma família, mas também foi porque ambas tinham bons sentimentos. É melhor oferecermos uns aos outros o que temos, ou o que podemos oferecer, sem tirar ou roubar por maldade. Podemos oferecer um sorriso, uma pequena flor, um carinho, um colo, um ombro, uma mão, uns ouvidos…
Foi muito bem aceite por toda a família da senhora, principalmente pelos netos pequenos que também tratavam a velhinha como uma Avó, aprenderam muito com ela, deram-lhe muitos carinhos e atenção.
        Temos sempre muito que aprender com os mais velhos, por isso devemos respeitá-los, não os roubar, nem os maltratar.

                                       FIM
                                       Lálá

                                     (7/Abril/2015) 

4 comentários:

  1. Tia lálá,obrigada pelas tuas histórias, sempre cheia de bons sentimentos e muita sabedoria "ambas tinham bons sentimentos. É melhor oferecermos uns aos outros o que temos(...) Obrigada pelo brinde, um beijinho cheio de girassois :)

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  2. Bela história, cheia de valores nobres, tantas vezes descuidados...um grande Abraço

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