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segunda-feira, 6 de abril de 2015

O ANEL

Era uma vez uma família como muitas outras, que decidiu fazer uma caminhada pela montanha a pé. O caminho era bastante longo, e tinha muitas pedras, buracos, só não passava trânsito.
        Saíram de casa antes do nascer do sol, com roupa confortável, calçado próprio e uma mochila com o essencial: água, alimentos sólidos, e umas roupas mais leves que iam trocando conforme o dia fosse aquecendo.
        Olham para o céu e exclamam:
- Áh!
- Que lindo... – Comenta a mãe
- Está cheio de estrelas. – Diz a menina a sorrir
- Está ali a ursa menor…olhem! – Repara o menino
- Há quanto tempo não via assim o céu! – Sorri o pai
        Benzem-se, cada um pede protecção aos seus anjos da guarda, e começam a andar. Eles queriam chegar bem, e aproveitar ao máximo tudo de bom que a caminhada oferecia: os mimos da natureza, as diferentes temperaturas, a luz natural…os sons, e os aromas. 
Não estavam preocupados com o que faltava andar, nem as condições do caminho, foram mesmo em passeio. Começaram a andar, sempre numa conversa muito animada, e a ver as estrelas, misturadas com a claridade que começava a aparecer. Sentiram a frescura da madrugada, viram as mudanças da cor do céu, e o nascer do sol acompanhou-os.   
Subiram, subiram e subiram, pararam várias vezes pelo longo caminho que percorreram, beberam água e comeram, pararam para apreciar a paisagem. Quando ganharam novo fôlego continuaram.
Mudaram de roupa, e descansaram um pouco. Chegaram finalmente ao topo da montanha, ainda antes da hora de mais calor. Sentaram-se na relva, deitaram-se, beberam água, agradeceram por terem chegado bem, e comeram. Deitaram-se à sombra de uma árvore muito velha quando o dia começou a aquecer.
De repente, cai um anel aos pés da mulher do casal, sem terem visto de onde.
- Querida…é teu? – Pergunta o marido
- É um anel, mas não é meu! Onde estava?
- Caiu agora aqui.
- Caiu? De onde?
- Pois não sei…se não é teu.
- Se calhar alguém o perdeu aqui.
- Será? Mas então, como é que ele agora caiu aqui?
- Podia estar no chão, alguém o encontrou, e puseram-no aí para ficar seguro…
- Na árvore?
- Sim.
- Bem…talvez.
- É bonito!
- É. Mas então vamos deixá-lo ali na mesma…
- Isso mesmo.
        Ele pousa o anel na árvore. Mas o anel volta a cair aos seus pés.
- Então…? Caiu outra vez?
- É…
- Ponho-o aqui.
        E volta a pô-lo na árvore, num outro sítio. O anel volta a cair. Ficam todos surpresos.
- O que é que se passa aqui? – Pergunta a mulher
- Não sei…mas é muito estranho.
- É.
        A árvore responde:
- Esse anel é para vocês!
- Para nós? – Perguntam todos
- Quem está aí? – Pergunta a mulher
- É para vocês…- Repete a árvore
- Mas esta árvore dá anéis? – Pergunta a menina
- É um anel que vai mudar a vossa vida, e a de muita gente.
- Porquê? – Perguntam todos
- Como? – Pergunta a mulher
- Verão. – Diz a árvore
- Não estou a perceber nada! – Diz a mulher
- Eu também não. – Diz o homem
- Vende o anel. – Recomenda a árvore
- Vendo? A quem? O negócio está muito mau. – Diz o homem
- Vende a muita gente! Cada um que quiser…que compre um pedacinho. – Diz a árvore
- Mas…- Dizem todos
        O homem guarda o anel, e não pensam mais nele. Apreciam a paisagem, até que regressam a casa, um pouco cansados, mas encantados com o que viram.
No sossego, voltam a pegar no anel, e ficam muito tempo a pensar o que vão fazer com ele. Por um lado, têm medo de ficar com ele, por outro, não sabem como vendê-lo.
Será que o que a árvore disse era mesmo verdade? Quem teria deixado aquele anel, naquela árvore? E porque é que tinha de calhar a eles? A quem é que iriam conseguir vender?
Tantas perguntas invadiram as suas cabeças. No dia seguinte, o homem foi à cidade, a uma ourivesaria e perguntou quanto valia aquele anel. O ourives olhou-o atentamente, com lupa, e pesou…
- Isto vale muito dinheiro… - Diz o ourives
- Se conseguir vendê-lo poderei ajudar muita gente… - Diz o homem
- Vou ver o que posso fazer…deixe-o aqui, que logo se vê.
- Combinado!  
        Como era um anel muito especial, e ele não sabia o valor, deixou lá o anel. Quem passou, ficou encantado com o anel e comprou um pedacinho de diamante do anel. Cada comprador deu um valor bastante elevado, e muitos quiseram comprar. O ouro que sobrou foi vendido.
        Tinham conseguido uma quantia bastante elevada. O homem estava feliz, e ligou ao outro senhor. A mulher ficou muito preocupada, e pensativa pois tinha medo do que poderia acontecer, com o dinheiro que era bom.  
O homem pegou no dinheiro todo, que era muito, era quase milionário, e enviou algum para os países mais carenciados, com outra parte construiu um centro de dia para os mais velhos, e um infantário.
Deu emprego a muita gente e tornou-se muito conhecido e respeitado por todos, mas continuou sempre a trabalhar e a fazer o que mais gostava.
Apesar dessa transformação, a sua humildade e generosidade continuaram na mesma… e a sua felicidade aumentou. As qualidades da pessoa não são compradas com dinheiro, por isso, para quê escondê-las tantas vezes, em vez de mostrar todos os defeitos dos piores? Para quem não as tem, e exige dos outros, que as tenham, para quê desvalorizá-las ou aproveitá-las para espezinhar, ou utilizá-las mal contra a pessoa?
As qualidades são uns verdadeiros diamantes, quando são boas para a pessoa e para os outros. Porque é que agora se escondem? Porque não há tempo para as mostrar, porque não são bem aceites…! Porque há intolerância, desvalorização, excesso de liberdade, e falta de valores…não há tempo para as relações, nem para isso. Há diamantes que não se compram, já os temos em nós…são-nos dados na educação.
                               FIM
                               Lálá
                        (6/Abril/2015)



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