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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

O arco-íris sobre o mar

 


      Foto de Lara Rocha 

    Era uma vez uma ilha deserta, onde não ia ninguém a não ser aves marinhas e animais aquáticos. Era muito bonita, onde se respirava ar puro, a água era transparente e calma, ouvia-se o seu cantar sereno e melodioso com o movimento das ondas, que se mexiam sem pressa, baixinho. 

     Tinha palmeiras, areia branca e limpa, macia. Era um recanto mágico onde a entrada do ser humano não era permitida. Quem tentava entrar, voltava rapidamente empurrado pelos golfinhos que não os deixavam aproximar-se sequer!  

    Eram vigilantes atentos! Os homens pensavam que no início era brincadeira, mas rapidamente percebiam que os animais não os queriam lá, ficavam irritados e quase os atacavam. 

   As aves cantavam felizes, as gaivotas voavam por todo o lado, pousavam na areia, mergulhavam no mar, sem ser incomodadas nas palmeiras e noutras árvores selvagens. 

    As focas, os leões marinhos, as lontras, os golfinhos, os cavalos marinhos, e toda uma variedade de peixes nadavam livremente, brincavam uns com os outros. 

      Parecia uma ilha de sonho, e era mesmo, porque estava intacta. Não se sabia como tinha nascido ali, há quantos anos ou séculos,  e porque é que ninguém conseguia entrar nesse espaço. 

      Por causa deste mistério, despertava muito a imaginação de quem a via, inspirava a criação de lendas, na tentativa de encontrar as respostas que procuravam. 

    Um dia, o céu ficou escuro na praia da cidade e na ilha. Todos os animais ficaram muito assustados, agitados, inquietos. As aves voavam sem rumo, desajeitadas, assustadas, chocavam umas com as outras e caíam ao mar. 

- Mas o que é que está a acontecer aqui? - pergunta uma gaivota 

- Não sei! Não consigo voar! - diz outra 

- Parece que desaprendi ou que me esqueci de como voar! - lamenta outra assustada.

- Isto não me cheira bem! - comenta uma lontra 

- Nem a mim! - acrescenta um golfinho 

- Está a acontecer ou vai acontecer alguma coisa muito estranha! - diz um leão marinho 

   Levanta-se um forte vento, que começa a sacudir a areia, as palmeiras, as árvores, a fazer redemoinho. 

- O que é isto? - pergunta uma foca assustada 

- Não sei! Nunca vi nada assim. - responde outra assustada 

- Este vento não é normal! - comenta uma gaivota 

- E olhem a cor do céu! - repara outra ave marinha 

- Uuuuiii que medo! - dizem em coro 

     Os peixes parecem ligados à tomada, mexem-se sem saber para onde vão, parece que estão a fugir de alguma coisa. 

- Olhem os peixes! - repara um cavalo marinho 

- Estão loucos…! - responde um leão marinho assustado e espantado 

      As ondas tornam-se revoltas, enormes, como nunca as tinham visto, tudo faz redemoinho, as nuvens estão muito pesadas, parece que vão estourar, e são escuras. 

- Fujam! É uma valente tempestade! - grita outro golfinho

  Os animais escondem-se o mais rápido que podem, nervosos, assustados, e quando encontram abrigo, olham para o céu...por cima e a todo o comprimento da ilha, surge um gigantesco e lindo arco-íris duplo, e na praia da cidade mais outro. 

        Os animais ficam boquiabertos com aquele fenómeno maravilhoso.

- Áh! Que coisa tão bonita! 

- Uau! 

- Que lindo! 

- É enorme. 

- E tem outro mais pequeno ao lado! 

- Na praia da cidade também há. 

- Que raro, aparecerem aqui dois arco-íris. 

- Olhem que bonito! As cores do céu, com algum sol e estes arco-íris… 

- São mesmo! 

- Parece magia! 

- Ááááááhhhh

  Soltam grandes exclamações de espanto, parece que ficam hipnotizados por aquelas belezas, e pouco depois desaparece, com o sol, dando lugar a uma valente chuvada torrencial, vento ciclónico, que deixa os animais nervosos e aos gritos, agarrados às árvores. 

   Debaixo da água, nas suas tocas, porque o mar também está assustador, chega às palmeiras, e bate-lhes com força, parece que engole a areia. 

        A chuva faz fumo ao cair no mar. Os animais que estão fora de água ficam a apreciar, com medo, mas ao mesmo tempo encantados. Uns valentes trovões rasgam e iluminam os céus. Todos gritam e tentam fugir mas não têm para onde, voltam para o mesmo sítio. 

- Nunca vi nada assim! - comenta uma gaivota 

- Nem eu. Quer dizer, vi na outra praia… - diz outra gaivota 

- Se calhar foram os humanos que mandaram para aqui, como não os deixamos entrar…- diz outra gaivota a rir 

        Todas riem: 

- Se calhar tens razão! 

- Que medo! - grita um golfinho do mar 

- O que estás a fazer aqui fora, rapaz? - pergunta uma gaivota 

- Volta a mergulhar. - recomenda outra 

- Vim ver se já tinha passado. E se vocês estão bem! 

- Não te preocupes connosco! Estamos bem… em segurança. - diz a gaivota 

- Põe-te também em segurança! 

- Mergulha. 

        O golfinho volta a mergulhar 

- Está horrível! - comenta o golfinho com os outros 

- Ainda não passou? - pergunta outro 

- Não! Nem está para passar já.   

- E as outras estão em segurança? 

- Disseram que sim. 

- E aquela coisa maravilhosa? 

- Não estava! 

      A tempestade dura várias horas, quando acalma, os arco-íris voltam a aparecer. Os animais abrem grandes sorrisos, respiram de alívio por já ter passado a tempestade, e felizes por verem outra vez aquelas cores tão bonitas do arco-íris. 

- O que será aquilo tão bonito? - pergunta uma foca 

- Será que quer dizer que vai haver outra tempestade? - pergunta outra foca 

- Acho que não! 

- Mas não sei o que é! 

- Nem eu, mas sei que é muito bonito! 

- Ainda bem que já passou. 

- Também acho! 

- Que grande susto! - dizem em coro

        Gargalhada geral. 

- É bom que não volte a acontecer tão cedo! - diz um golfinho 

- Isso acho que é muito improvável! - diz uma gaivota 

- O quê? Acontecer, ou não acontecer? - pergunta uma foca 

- Não acontecer! - dizem todos 

- Pois. Também acho. - concorda a foca 

- É pena aquelas cores tão bonitas, desaparecerem tão rápido! 

- Deviam estar sempre ali, como o sol! 

- Também acho. 

- Olhem como ficou a areia… 

- Toda ensopada! 

- E as palmeiras… 

- Também. 

- O mar bateu ali com uma força! 

- O que nós tivemos de nos agarrar aos troncos e o que nos safou foram aquelas toquinhas. 

        Continuam a conversar, e apesar da tempestade, eles adoraram ver o arco-íris. Para eles foi uma grande e agradável surpresa! Abraçam-se todos, felizes e sorridentes, por terem escapado todos, e a paz da ilha regressa, sem a presença dos humanos, mas possivelmente com mais tempestades. 

        Mas sempre que viam o arco-íris, e sem saber o que era, para eles era qualquer coisa de mágico, e de encher os olhos com aquelas cores. Apesar do medo das tempestades, sabiam que quando estava para acontecer alguma, onde se esconder e abrigar em segurança, até passar. 

     Para eles, a melhor parte eram os arco- íris sobre a ilha que a tornavam ainda mais bonita e aguçava ainda mais a curiosidade, a imaginação dos humanos da praia da cidade, que viam aquele espetáculo natural. 

E vocês? Gostam de ver o arco-íris? 

Quais são as suas cores? 

Gostavam de estar numa ilha como estas? Sim, não, porquê? 

Já viram algum arco-íris? E uma tempestade? Sentiram medo? 

Podem deixar nos comentários.

                                            FIM 

                                       Lara Rocha  

                                   14/Janeiro/2024

        

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