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sexta-feira, 11 de abril de 2014

A flor do cabelo

Era uma vez uma menina com uns cabelos muito compridos, que prendia com uma linda flor. A menina adorava passear pelos montes com o seu amigo inseparável, um pónei que se chamava Flash, por ser branco e ter um pelo brilhante, macio.
            Num dos seus passeios, uma linda borboleta pousa na flor do cabelo da menina. A flor assusta-se e grita:
- Aii!
            A menina não se apercebeu que a borboleta puxou a flor e levou-a para a sua vila. Para entrar nessa vila da borboleta era preciso atravessar um tronco de uma enorme árvore.
- Ei, flor…estás aí? – Pergunta a borboleta.
            A menina fica sem resposta. A flor, já a atravessar o tronco olha para a borboleta e pergunta:
- Mas tu estás maluca das antenas?
- Não…porquê? Tu estás?
- Não. Tu é que poderias estar…
- Não sei porquê! Não tenho razão nenhuma para estar maluquinha das antenas…conheço borboletas que estão…mas não sou eu.
- Porque é que me tiraste do cabelo da menina?
- Porque fui atraída pela tua cor, pelo teu cheiro, pelo teu brilho, pela tua luz…e quero que venhas comigo conhecer o sítio onde vivo. És tão bonita.
- (sorri) Tantos elogios…até fico envergonhada. Obrigada!
- Mas são verdadeiros.
- Mas porque é que me estás a dizer isso tudo?
- Só estou a responder à tua pergunta.
- Que pergunta?
- A que me fizeste.
- E que pergunta é que eu te fiz?
- Ora…já não te lembras? Perguntaste porque é que eu te puxei do cabelo da menina.
- Áh…sim!
- (ri) Ficaste tão vaidosa com os elogios que até te esqueceste do que me perguntaste.
- (ri) Pois! É que a única que me faz elogios é a menina…e às vezes o pónei.
- Quem é o pónei?
- É o pónei…amigo da menina. Nunca viste um pónei?
- Sim, vejo muitos, todos os dias.
- Mas então…puxaste-me sem perguntar se eu queria ir contigo…
- Eu tenho a certeza que queres ir. Conta lá…estás a explodir de curiosidade não estás? Confessa lá.
- Até podia estar curiosa, mas já não estou.
- Porquê? Já conheces a minha vila?
- Não. Tu tinhas que ter pedido à menina se eu podia vir contigo. Isso é o que ela faz aos seus pais para ir para a casa das primas e dos amigos.
- Desculpa! Pensei que serias como nós…nós não temos que pedir. Trazemos quem quisermos. Vais ver que vais adorar conhecer a minha vila…vais ser muito bem recebida, e conhecer muitas amigas novas.
- Eu já tenho as minhas amigas.
- Mas podemos ter sempre mais.
- Sim, isso é verdade.
- Ou o teu coração é assim tão pequeno onde não caiba assim tanta gente?
- Não. Cabe muita gente.
- No meu também. E eu senti que podíamos ser amigas.
- Mas tu fazes isso com toda a gente que achas que queres como amigas?
- Sim!
- Mas…e quando elas não querem ser tuas amigas?
- Voltam para o sítio de onde vieram, mas pelo menos conhecem a minha vila e voltam lá. Isso é bom para nós.
- Não ficas triste quando recusam a tua amizade?
- Fico…mas passa rápido.
- Porque será que não querem ser tuas amigas?
- Não sei.
- Se calhar é porque não gostam que as tragas sem pedir primeiro, ou sem lhes perguntar se querem vir.
- Achas?
- Sim!
- Óhhh… - A borboleta fica triste.
- Óh, desculpa. Não te queria deixar triste.
- Tu não queres ser minha amiga?
- Quero.
            As duas sorriem.
- Obrigada.
- A amizade não se agradece…ou se é, ou não se é amigo…
- Está bem, eu pergunto-te agora: queres vir conhecer a minha vila?
- (sorri) Quero.
- Boa…- Saltita a borboleta feliz.
            E as duas entram no tronco. A menina continua o seu passeio com o pónei e de repente, mexe nos cabelos. Não sente a sua flor.
- Flor… - Chama a menina
            A resposta que recebe é o silêncio. Pergunta o pónei:
- Pónei…vê se a flor está a dormir, ou se foi picada por um bicho.
            O pónei olha para os cabelos da menina e não vê a flor.
- Aaaahhh…menina…desculpa dizer-te isto, mas…a tua flor não está nos teus cabelos.
- Como?
- É!
- Mas…não pode ser…tem de estar! Eu trouxe-a.
- Sim, eu vi que a trouxeste, mas não está.
- Flor…óh…onde estás? Óh…não…perdi a minha flor! Óh…não pode ser! Óh, flor…
- Perdeste a tua flor?
- Acho que sim.
- Será que ela encontrou alguma amiga e ficou para trás?
- Ela costuma dizer-me sempre tudo, e apresentar-me às amigas. Desta vez, não disse.
- Podia estar distraída.
- Óh…a minha flor…
- Deve ter caído.
- Coitadinha!
- Fica descansada. Ela nunca se magoa.
- Onde a perdi? Onde pode estar?
- Vamos procurá-la juntos.
- Boa. És sempre o melhor, querido pónei.
            Ele sorri.
- Já sabes que sou teu amigo. Faço tudo por ti. Principalmente, nos momentos tristes…
- Eu sei. É por isso que te adoro.
- (sorri) Eu também te adoro.
            Os dois voltam para trás e percorrem todo o caminho que tinham feito até aí. Olham para todo o lado, para o chão, para os troncos das árvores, para os jardins, tocas e folhas, perguntam aos animais por quem passam…e da flor, nem sinais.
A menina não sabe, mas a flor anda feliz pela vila da borboleta, com quem conversa alegremente. Nessa vila existem coisas maravilhosas para comer, cheiros irresistíveis, deliciosos, diferentes, e atractivos. As paisagens são lindas.
Há coros de passarinhos por todo o lado, que cantam que dá gosto ouvir. Há lagos com patinhos ao sabor do mexer da água, gatinhos que se espreguiçam e brincam na relva, anões deitados à sombra, muita floresta e sol.
A borboleta tinha toda a razão…a flor ia mesmo adorar, conhecer muitas amigas novas, e todas tão bonitas. Que bem recebida que ela foi. Estava tão feliz que até se esqueceu da menina.
A menina continuava à procura e começa a ficar muito triste, porque não sabia da sua flor, e o pónei também não sentia o seu perfume em lado nenhum.
- Óh flor…onde estás? – Pergunta a menina muito triste
            O pónei, embora triste e preocupado, sentou-se à beira da menina e encostou a sua cabeça na menina, carinhosamente. A menina abraça-o, acaricia-o, e beija-o.
- Não te preocupes…nós vamos encontrar a tua flor.
            De repente, o pónei sente um aroma…uma mistura de perfumes muito frescos, suaves. O pónei levanta a cabeça, fecha os olhos e mexe o nariz para tentar identificar os perfumes,
- O que foi Flash?
- Estou a sentir…alguma coisa nova.
- O quê?
- Uma…mistura de…(cheira) perfumes muito suaves.
- E são novos?
- São!
- Tens a certeza que nunca os sentiste?
- Tenho!
- E de onde vem?
            O pónei baixa-se e fareja quase a rastejar. O cheiro torna-se mais forte ao chegar ao tronco da entrada para a vila da borboleta.
- Vem deste tronco. – Diz o pónei
            A menina aproxima-se e também sente o cheiro.
- Hum! Cheira tão bem aqui.
- Pois cheira.
- Será que está neste tronco?
- Sim…se o cheiro vem daqui!
            A menina espreita e grita:
- Está alguém aí…?
            Toda a vila da borboleta estremece.
- O que é isto? – Pergunta a flor muito assustada
- É um tremor de terra…! – Diz a borboleta, calma.
- Um tremor de terra? Mas…isso é assustador…como estás assim tão calma?
- Não te assustes…passa já! Sentimos isto todos os dias, e não nos acontece nada.
- Nunca tiveste medo?
- Não. Sempre me disseram o que era…por isso…como já sei, não tenho medo. Apenas deixo passar.
            A menina volta a gritar. A flor reconhece a sua voz.
- Óh…é a menina que está à minha procura.
- Convida-a para visitar a minha vila também.
- Ela pode andar aqui…?
- Claro que pode!
- E o pónei?
- Também. Vamos lá ter com ela.
            A borboleta vai à entrada da vila com a flor.
- A minha flor? – Grita a menina feliz
- Olá. – Diz a borboleta
- Onde estavas? – Pergunta a menina
- Fui com a borboleta conhecer a vila dela.
- Mas eu não te vi sair do meu cabelo…
- Pois não, porque a borboleta puxou-me do teu cabelo…nem tive tempo para te avisar.
- Eu já pedi desculpa. Não sabia que tinham de dizer uns aos outros onde iam e com quem iam…
- Sim, temos. Para os adultos não ficarem preocupados, e se nos acontecer alguma coisa, sabem onde estamos. É porque gostam de nós, e preocupam-se connosco.
- Claro! (sorri a borboleta) quando gostamos de alguém preocupa-mo-nos em saber se estão bem. Tens razão. Desculpa, eu devia ter-te dito. – Reconhece a borboleta. - Quero convidar-te a entrar na minha vila, linda menina, e tu, pónei, também podes entrar. – Convida a borboleta
- Boa! – Diz a menina a sorrir
- É uma vila muito bonita. Vale mesmo a pena visitar…e já tenho lá muitas amigas novas! – Conta a flor.
- Eu disse que ias adorar! Venham! – Diz a borboleta  
            A menina e o pónei seguem a borboleta. A flor volta para os cabelos da menina. Quando chegam à vila, são muito bem recebidos.
- Áh! Que gente tão simpática. – Diz a menina
- Pois é. – Confirma o pónei
- Espera até mais à frente! – Diz a borboleta a sorrir
            A borboleta mostra todos os cantos e encantos da sua vila, apresenta toda a gente, e as flores dançam á volta da menina e do pónei.
- Áh! O cheirinho era delas! – Reconhece o pónei
- Sentias o nosso cheiro lá fora? – Pergunta uma flor
- Sim. Sentia muitos cheirinhos frescos misturados e bons! – Diz o pónei
            Quanto mais as flores se mexiam, mais perfume libertavam e deixavam rastos brilhantes em forma de flores, que depois caiam em cima da menina e do pónei. A menina e o pónei ficam maravilhados e entram na dança das flores.
- Venham. Ainda há muito para ver! – Aconselha a borboleta
- Áh! Isto é tão lindo! Adorei conhecer-vos, flores, e dançar convosco. – Diz a menina
- Volta sempre que quiseres! – Convida outra flor
- Sim. Acho que vou mesmo voltar. Quer dizer…se a borboleta me convidar. Não vou entrar aqui, se não for convidada. – Diz a menina
- Mas é claro que estás convidadíssima, menina. Tens sempre a porta aberta. Aparece sempre que quiseres…e tu também…flor…e pónei.
- Obrigada. – Dizem todos
- Até já. – Diz a borboleta
- Até já.
            O passeio continua, cheio de novidades e coisas lindas para conhecer. Estão todos encantados.
- Áh! Que lindo!
- Olha isto, que giro.
- Áh! E olha estas flores…na nossa vila não existem.
- Olhem o cheirinho que vem desta árvore.
- Huummm…que bom!
- E a cor destes frutos…
- Uau!
- Podem ser comidos?
- Claro. Provem.
            Todos provam.
- Huummm…que bons!
- São docinhos.
- São dos nossos preferidos.
- Ali existem outras coisas…são casas e tendas de anões. Ali é o bairro dos porcos, e ali o bairro dos macacos…ali é o bairro das galinhas, aquele é dos gatos, aquele dos lobos, ao lado está o das ovelhas…o bairro das vacas e dos bois…aquele é o dos burros…- A borboleta mostra tudo.
- Este sítio é muito diferente daquele onde vivemos. – Repara a menina
- Pois é. – Diz o pónei
- Eu também gosto da vossa vila. – Diz a borboleta
- A tua tem um ar mais puro. – Diz a flor
- E esta relva…Huummm…deliciosa. Não é que a que eu como seja má…mas esta é demais…! – Diz o pónei.
- Pois é!
            Depois de conhecerem toda a vila, a menina diz que tem de voltar para casa, mas ficou entre eles a promessa de voltarem a encontrar-se na vila da borboleta, e na vila da menina. Trocam elogios simpáticos e carinhos, e cada um volta para a sua casa.
- Flor…ainda bem que a borboleta de tirou do meu cabelo! – Diz a menina
- Pois foi. No inicio não gostei, mas depois, acho que se ela não me tivesse tirado do teu cabelo, não precisavas de me ir procurar, e também nunca teríamos conhecido aquela vila tão bonita. – Acrescenta a flor
- Sim, é verdade. Eu nem fazia ideia que aquela vila existia. Mas gostei muito. – Diz a flor.
- Eu também.
            Os três conversam alegremente sobre a vila que acabaram de conhecer, mesmo á beira da deles, e eles nunca lá tinham ido. Viram coisas mesmo bonitas. E nos dias seguintes, cumpriram a promessa! Voltaram à vila da borboleta, onde passaram tardes inesquecíveis.
E vocês? Como imaginam que era a vila onde a menina, a flor e o pónei viviam?
E a vila da borboleta, como acham que eram?
Podem desenhar as duas vilas, ou se quiserem podem descrevê-las.

FIM
Lálá
(31/Março/2014)






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