Era uma vez um grupo de crianças que seguia a caminho da praia, e passou por um pinhal, onde havia um passadiço. Felizes, a cantarolar, a conversar, a rir, quando de repente, a professora olha para os pés de um grande cogumelo e vê uma coisa comprida, castanha, enrolada.
Para, manda parar toda a gente, dá um grito estridente:
- Cuidado, vamos fugir! Está ali uma coisa...parece um cobra grande! - grita aflita
- Óh professora, eu acho que deve ser um gato deitado! - diz um menino
- Ou outro cogumelo! Já vi muitos cogumelos muito diferentes, com formas esquisitas, uns ao lado dos outros, que vão para cima de outros, ou ficam inclinados sobre as cabeças dos outros.- diz uma menina
- Óh professora, isso parece mais um tapete, um rolo de palha seca que alguém deixou aí para os animais, de feno.. - diz outro menino
- Não se aproximem! - grita a professora
- Acho que é um tapete velho, um rolo daqueles que se põe aos pés das portas, para não entrar vento! - Comenta um menino
- É...a minha mãe e a minha avó também têm esses rolos, parece isso!
- Eu acho que é um ouriço!
- É uma ratazana.
- Que nojo! - dizem todos num grito
- Nada disso! Só pode ser um animal. E daqueles perigosos - diz a professora
A coisa que parecia uma cobra, comprida, enrolada e castanha, ou um rolo de palha, um tapete, um ouriço, acorda sobressaltada, endireita-se, olha para todo o lado, muito assustado e sobre à árvore rapidamente. Todos gritam em coro, assustados.
- Uma cobra? Ouvi bem ou sonhei? Onde está? - pergunta o esquilo assustado
- Um esquilo…! - gritaria e gargalhada geral
- Sim, sou um esquilo! Onde é que está a piada? Nunca viram? Ouvi falar numa cobra, ou sonhei? Onde está ela? - assustado
- Ouviste! Pensávamos que podias ser uma cobra! - diz a professora assustada
- Não estás a ser simpática comigo! O que é que eu tenho a ver com isso?
- Estava aí aos pés do cogumelo… já desapareceu! Mas temos que ter cuidado, não é? Vamos ver se está aqui próximo.
As crianças correm desorientadas, aos gritos, em várias direções, a olhar para o chão e para todo o lado. A professora ordena que se juntem.
- Não. Desculpa jovem, eu é que estava aos pés desse cogumelo! A dormir! Acordei com os teus gritos. Nunca vi nenhuma cobra. A cobra que viste, devia ser a minha cauda, não?
- Era dessa cor, da tua cauda. Mas eu tenho quase a certeza que era uma coisa dessas! Que nojo! - diz a professora
- A minha cauda não tem nada a ver com esse animal. Queres confirmar? - reforça o esquilo
Volta a descer a árvore, e fica novamente na mesma posição em que estava a dormir. A professora e as crianças voltam a gritar. O esquilo dá um salto, estremece:
- O que viste agora? Minha Nossa! Tudo te assusta. Olha bem. - volta a deitar-se como estava. - Vê como é a minha cauda! (diz o esquilo a olhar para ela enrolado)
- Áhhhh…estavas enroladinho! - diz a professora - é que só vi a tua cauda! Nunca e tinha visto por aqui.
- E cobras, já viste? - pergunta o esquilo
- Felizmente não, mas...imagino que nestes sítios haja! - diz a professora
- Sempre vivi aqui, nunca vi nenhuma!
As crianças riem sem parar, e a professora também.
- Estão-se a rir? Também pensaram que era uma cobra não foi?
- Sim! - Todas as crianças riem.
- Desculpa, esquilinho! Não te queríamos assustar. - diz a professora
- Não faz mal. - diz o esquilo a rir
- Podemos dar-te um abraço, esquilo?
- Sim, claro!
Cada menino e a professora fazem mimos e abraçam o esquilo, ele sorri.
- Vamos até à praia! - diz a professora
- Está bem! Boa praia, divirtam-se, e espero que não encontrem nenhuma dessas lá. - diz o esquilo a brincar
Começam todos a gritar outra vez, e aos saltinhos assustadas. O esquilo dá uma gargalhada:
- Estou a brincar. Podem ter a certeza que não vão encontrar nada disso na praia, nem aqui!
- Áh! Que susto. Ufa! - diz a professora.
O esquilo ri:
- Assustas-te com pouco! Eu assustei-me mais com os vossos gritos, e quando ouvi o nome desse ser...que nunca vi por aqui, mas podia acontecer. Agora com as mudanças do clima, como ouço para aí dizer, e confirmo, tem acontecido coisas diferentes e estranhas! Essa podia ser uma delas. Mas para já, não. Vão descansados! - diz o esquilo a rir
- Obrigada! - dizem todos
A professora lá segue para a praia com as crianças, sempre alerta, a olhar para todo o lado, e o esquilo volta a deitar-se mais um pouco, aos pés do grande cogumelo, enroscadinho, mas desta vez com o focinho virado para quem passava, para não assustar a professora nem as crianças outra vez.
Ainda deu umas boas gargalhadas sozinho, ao lembrar-se do susto da professora com a sua cauda. O esquilo adormeceu. As crianças foram para a praia com a professora. No regresso, para pedir desculpa ao esquilo, enquanto ele dormia, apanharam baldinhos com nozes e bolotas que viram no chão do pinhal, silenciosos, sorridentes, e maravilhados por ver um esquilo.
Deixaram os baldinhos na árvore ao lado, e seguiram caminho. Quando o esquilinho acordou, viu os vários baldes com alimento que ele adora. Percebeu logo que tinha sido a professora e as crianças que o deixaram lá.
- Óh! Que simpáticos. Se voltarem, vou agradecer-lhes! - diz o esquilinho a sorrir
E voltaram mesmo no dia seguinte de manhã, a professora e as crianças passam pelo mesmo pinhal.
- Bom dia! - gritam todos
- Bom dia! Ontem tiveram um bom dia de praia? - pergunta o esquilo
- Sim, muito bom. Obrigada.
- Hoje não se assustaram comigo. - diz o esquilo a rir
- Agora já sabemos que és tu! - diz a professora
- Áh! Boa.
- Não encontraram nada, pois não...? - pergunta o esquilo
- Felizmente não! - diz a professora
- Que bom! Eu disse. - diz o esquilo a sorrir e acrescenta - Muito obrigado pela surpresa tão agradável, que me deixaram aqui! Se quiserem levar os baldinhos, já podem! Eu já guardei os alimentos!
- Está bem! Obrigada. - dizem em coro
- De nada, obrigada eu.
- Foi para pedir desculpa pelos nossos gritos de susto que te acordaram, e por te termos confundido com aquelas coisas todas, uma delas aquele bicho. - explica a professora
- E para agradecer. - diz uma menina
- Áh! Não tem problema. Eu se calhar também me assustava.
As crianças pegam nos seus baldes e vão para a praia.
- Até já. - dizem todos
- Até já. Boa praia. - diz o esquilo
- Obrigada. - dizem todos
Foram para a praia, e o esquilo ficou no pinhal. À chegada e à saída todos se cumprimentavam, abraçava, o esquilo, faziam-lhe mimos, e ele sorria, retribuía. Mesmo quando o viam enroscadinho, só mostrava a cauda, depois do primeiro dia, não voltavam a gritar, nem a assustar-se.
Afinal a cauda do esquilo, não era o que parecia. Isto é o que acontece connosco, quando vemos algumas coisas que parecem ser o que na realidade não são. Nem tudo o que parece é.
FIM
Lara Rocha
4/Outubro/2025
E vocês? O que é que já viram, que vos parecia uma coisa, e na realidade era outra?
Podem deixar nos comentários, se quiserem.