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terça-feira, 7 de setembro de 2021

Os girassóis voadores


            

 






prato pintado e craquelado por Lara Rocha 


            Era uma vez um jardim abandonado, com heras gigantes, que pareciam chicotes dançarinos ao vento. Parecia impossível existir vida debaixo daquela sombra toda, mas...surpresa! Sim, debaixo de tanta erva viviam girassóis, uns em sementes, outros já em flor. 

            Um dia cansaram de tanta escuridão, queriam ver como era o mundo por cima deles, onde viam claridade e não sabiam que era o sol. Como era uma vontade comum, saíram da terra, e pediram ao vento que os tirasse de lá. 

            O vento que já tinha pensado muitas vezes em convidá-los para sair daquele sítio, mas não quis ser atrevido, respondeu rapidamente ao pedido. Um vendaval tirou todos os girassóis, dezenas deles, do solo sombrio para a superfície. 

            Os girassóis estavam tão felizes que brilhavam, as suas pétalas e os centros pareciam acabados de regar. Tudo era novo para eles! Pairaram um pouco, enquanto olhavam em volta, reparando em cada pormenor, perguntaram ao vento tudo o que queriam saber. 

            O vento disse o nome de tudo o que estava à volta deles, eles soltavam grandes exclamações de espanto e de encanto. Voaram por cima de campos muito verdes, rodaram várias vezes, sentiam-se tão leves, quentes, com o sol que tornava a paisagem ainda mais bonita e mágica. 

            Reparam nos jogos de luz e sombra, nas cores vivas e outras mais escuras, mas tudo era realmente especial. Soltaram risinhos sem motivo aparente, dançaram com outras flores de diferentes espécies, cores e tamanhos, que as receberam de forma tão simpática, levaram-nas a passear e mostraram outras belezas dos espaços. 

           Continuaram a rodar e a voar, por cima de fontes onde molharam o pé para provar a água, refrescar-se e beber. Ao passar por cima das casas apanharam um grande susto...os cães desataram todos a ladrar ao mesmo tempo, a saltar tentando abocanhá-los. 

            Os girassóis correram, e o vento ri à gargalhada. Mais à frente, uma senhora com muita idade, solitária, estava à janela da sua casa e pensou que estava a imaginar coisas, ao ver os girassóis a voar. Uma família de 12 girassóis percebeu que a senhora estava sozinha, e parou na beirada da sua janela. 

           A senhora que parecia estar triste, abriu um sorriso luminoso, parecia uma galáxia numa noite cheia de estelas. Acariciou as suas pétalas, e os girassóis ficaram a conversar com ela. Quiseram fazer-lhe companhia, por isso, e porque gostaram tanto do seu sorriso, deixaram-se ficar numa jarra em casa, com a promessa de que no dia a seguir, a senhora os levaria para o jardim, para terem mais luz e mais espaço, e assim fizeram. 

          Mais à frente, uma criança pequenina brincava com a sua mãe no jardim, a mãe ficou encantada com os girassóis a voar, puxou um que desceu mais próximo, e mostrou ao pequenino que não sabia o que era. O bebé abriu um grande sorriso, tão bonito como os girassóis. 

          Depois de brincar com a criança, esse girassol voou outra vez para junto dos outros. Várias dezenas deles, voaram por cima de uma praia, onde não estava ninguém. Pousaram na areia branca e limpa, caminharam pela praia, sentindo a temperatura da areia, molhando o pé na água do mar, e voando por cima da água, embalados, quase parados, lentamente pelo som das ondas. 

         Mas o passeio não foi sempre tão especial como até aqui para os girassóis. Foram ter à cidade, ficaram tão nervosos com tanto barulho, irritados e mal dispostos com a poluição, o fumo, as buzinas dos carros, os gritos, carros e mais carros a passar a grande velocidade, gente por todo o lado. 

         Desorientaram-se. chocaram uns contra os outros, só queriam sair dali e não sabiam como, engancharam os pés uns nos outros, nervosos, a empurrarem-se e a gritar. O vento compreendeu e percebeu a aflição dos girassóis, e numa grande rajada tirou-os de lá, levando-os de volta para um campo ao lado do que estava abandonado. 

         Este campo estava tratado, as heras deixavam entrar a luz, a erva estava bem aparada, fresca, verdejante, era macia, e a terra macia, com uma temperatura muito agradável. Recuperaram o fôlego, descansaram. respiraram ar puro, e de noite, com a Lua Cheia gigante, que iluminava o espaço, voltaram ao sítio onde viviam para ir buscar as sementinhas de girassóis que sabiam que ainda lá estavam, e levaram-nas cuidadosamente para o novo espaço. 

        Os donos do campo novo, cuidaram dos girassóis, com todo o carinho, que rapidamente as sementes abriram e mostraram lindos girassóis como os outros. De vez em quando iam outra vez voar, encantando quem os via, não voltaram à cidade; preferiram sempre os ambientes naturais. 

        Estes foram os passeios dos girassóis voadores. 

E vocês? 

Gostavam de ser girassóis voadores? 

Se fossem girassóis voadores, o que fariam? Por onde iriam? O que veriam? 

Podem deixar as vossas respostas nos comentários (Crianças e adultos) 

:) 

                                                                  FIM 

                                                             Lara Rocha 

                                                            5/Setembro/2021 


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