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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

As bailarinas





          Era uma vez uma floresta, despida, com as árvores que só tinham os troncos, sem folhas, coberta de branco, e tudo congelado. O chão estava vidrado e muito escorregadio.
Um dia umas esquilinhos que viviam no parque de uma cidade onde não havia neve, nem gelo, só frio e poluição, foram passear e procurar sítios onde pudessem mostrar a sua arte: dançar balé.
Nos arredores da grande cidade encontraram essa floresta, entraram e começaram logo a escorregar. Deram as mãos e uns gritinhos, quando quase caiam.
- Olhem…isto está muito perigoso! – Diz uma esquilinho
- Pois está! – Dizem todas
- Se eu não estivesse agarrada a vocês, tinha caído com toda a certeza!
- Pois! Nós também.
- E podias magoar-te bem…!
- Claro!
- Ei…esperem aí…!
- O que foi?
- Estamos à procura de palcos, certo?
- Certo! – Dizem todas
- Mas é melhor sairmos daqui…
- Não. Aqui é um ótimo sítio para atuarmos. Olhem para isto…tudo está congelado.
- Sim, mas achas que o gelo aguenta o peso?
- Acho que sim!
- Não sei se é seguro.
- Porque não?
- Deve ter água por baixo!
- E depois?
- E depois? Se tem água e o gelo parte, caímos à água gelada…nem quero pensar.
- E porque é que isso haveria de acontecer?
- Não sei…!
            Uma coruja ouve a conversa.
- Posso ajudar-vos?
            As esquilos estremecem e olham para todo o lado.
- Aqui, em cima da árvore… - Diz a coruja
            A coruja desce devagar, e pousa no gelo.
- Olá! – Dizem todos
- Olá! O que fazem aqui? – Pergunta a coruja
- Viemos passear! – Dizem todas
- À procura de um palco. – Completa uma
- Um palco? Aqui? – Pergunta a coruja surpresa
- Sim! – Respondem todas
- Somos bailarinas de gelo, e às vezes usamos patins! – Explica outra
- Áh! Entendi. – Diz a coruja
- Achas que aqui é um bom sítio? – Pergunta outra esquilo
- Sim! Aqui têm gelo por todo o lado.
- Mas será que o gelo não parte?
- Não! – Assegura a coruja
- Já alguém tinha atuado aqui? – Pergunta outra esquilo
- Não! Espetáculos não, mas já vieram para aqui ensaiar…a camada de gelo é muito grossa, já está acumulada há muito tempo, e está muito frio! – Explica a coruja
- Uau! – Exclamam todos
- Podemos fazer aqui o nosso espetáculo.
- É que nós vivemos num parque de uma cidade onde não há gelo, nem neve, só há uma coisa que eles chamam poluição…muito barulho…frio, mas sem neve, e com chuva e vento! – Diz outra esquilo
- Entendo! Claro que podem fazer aqui, à vontade. Precisam da minha ajuda? – Pergunta a coruja
- Podes…ajudar-nos da divulgação…anunciar o nosso espetáculo…e… - sugere outra esquilo
- Sim! Com muito gosto! – Diz a coruja
     A coruja ajuda na decoração, e enquanto divulga, as esquilinhos ensaiam o seu espetáculo. Numa noite de lua cheia, enorme, a floresta enche-se de luzes, brilho, música, e público.
          As bailarinas estão simplesmente maravilhosas, lindas, graciosas, delicadas, brilhantes, sorridentes, coloridas. Uma esquilinho faz a apresentação, a lua ilumina todo o espaço, além das luzes do palco.
       Todos aplaudem, a música começa a tocar, e as doces esquilinhos dançam de uma forma tão bonita, que deixam todo o público encantado. Umas danças são feitas com patins de gelo, num lago congelado, outras entre as árvores, com sapatinhos, brincadeiras, piruetas movimento elegantes e depois convidam o público para dançar.
     Recebem muitas palmas, tiram-lhes muitas fotografias, e elas fazem centenas de espetáculos durante todo o Inverno, por toda essa floresta, onde havia muitos lagos e fontes congelados.
         Quando começa a Primavera, as esquilinhos não fazem mais espetáculos, porque o gelo derrete, e há água por todo o lado. Mesmo assim, elas não se esquecem da sua amiga coruja, que as leva a conhecer a floresta sem gelo, tão diferente da que conheceram durante todo o Inverno.
       Cada pedacinho da floresta que estava coberta de gelo, agora, na Primavera, tinha cores, sons, movimento, flores e muita água corrente, que parecia que cantava.

FIM
Lálá

(15/Novembro/2016)

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