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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A chávena de chá


           Era uma vez uma senhora que vivia numa casinha pequenina, que mais parecia de bonecas, mas tão bonita, que toda a gente queria visitar. A senhora já estava habituada a ter tantos olhares pregados na sua casa, e quando reparava que estava a ser observada, sorria para quem passava e perguntava se queria uma chávena de chá. As pessoas ficavam envergonhadas e fugiam…nem lhe respondiam, e ela ria às gargalhadas.
Um dia, a senhora tinha acabado de chegar das compras, e estava um frio de congelar. O céu estava carregado de nuvens e o vento soprava forte, parecia que cortava tudo à sua passagem. Agasalhou-se, e arrumou as coisas enquanto pôs o chá a fazer. Que bem que lhe soube!
A sua casa já costuma ser sobrevoada por lindas borboletas e fadas, e hoje não era excepção. Apesar de estar muito frio, elas andavam por lá, quase sem conseguirem voar. A dona da casa já as conhece, e encheu uma chávena de chá bem quentinho para elas porque achava que também teriam frio.
Elas sentem um cheirinho diferente, e especial no ar. Mal vêem a chávena de chá a fumegar várias fadas e borboletas voam baixinho, e bebem o chá num abrir e fechar de olhos. Vão dormir para de volta dos candeeiros do jardim para se aquecerem, mas não conseguem porque está mesmo muito frio.
A senhora que já estava deitada lembrou-se que as suas fadas poderiam estar com muito frio, levantou-se e foi preparar outra chávena de chá, mas desta vez, dividiu por várias chávenas mais pequenas e pôs na beira da janela, ficando a apreciar de dentro, enquanto também tomava.
Vêem as chávenas a fumegar na janela e voam para lá, devagar e a tremer.
- Boa noite…é uma chávena para cada uma…quantas são?
- Só mais quatro, por favor, para as nossas irmãs.
- Claro…
- Manas… - chamam as fadas em coro
Juntam-se todas, mergulham como se estivessem numa piscina e bebem deliciadas.
- Áh! Que quentinho… - Suspiram as fadas deliciadas
- Uau! – Dizem outras fadas
- É maravilhoso. – Comenta outra fada
- Obrigada, boa senhora. – Dizem em coro  
- Áh! Que bom. – Comenta outra fada
- Durmam cá dentro da minha cozinha. Esse frio faz-vos muito mal! – Propõe a senhora
- Não queremos incomodar. – Diz uma fada
- Nem invadir a sua casa! – Diz outra fada
- Não invadem, nem incomodam. Entrem. Fazem-me companhia e estão agasalhadas. – Diz a senhora
- Mas ainda somos várias! – Lembra uma fada
- Não faz mal. Venham todas…cabem todas. Esta é uma forma de vos agradecer a companhia que me fazem todos os dias, a protecção que dão à minha casa, a amizade, a magia e a felicidade que trazem à minha vida. – Responde a senhora
E as fadas entram com as suas famílias, a senhora fecha a janela.
- Áh! Que casa tão bonita. – Comenta uma fada a sorrir
- É? Obrigada.
- Sim, está decorada com muito bom gosto, e recheada de flores, como nós gostamos! – Diz outra fada
- Eu adoro flores, e adoro a minha casa.
- Está quentinha a casa! – Repara outra fada
- Estavam a ficar congeladas. Venham comigo! – Diz a senhora
E a senhora enquanto conversa alegremente com as fadas, prepara umas camas muito confortáveis no seu quarto para as fadas, bem quentinhas, com lençóis e cobertores, e almofada. Um mimo.
- Estas são as vossas caminhas. Espero que sintam confortáveis.
- Áh! – Exclamam todas
- Podia-nos ter dito, que tínhamos ajudado. – Comenta uma fada
- Não faz mal…então, vocês são visitas e amigas, não fazia sentido fazerem isto.
- Porque não?
- O que eu quero é que se sintam bem.
- Estamos óptimas.
E cada uma deita-se, cobre-se e suspira a sorrir:
- Áh! Que maravilha… - Elogia uma fada
- Muito bom! – Dizem todas as fadas a sorrir
- Que quentinhas…! – Diz outra fada a sorrir
- Áh! Parece uma nuvem… - Repara outra fada a sorrir
- Obrigada! Obrigada! Obrigada! – Dizem todas as fadas
- Descansem. Se precisarem de mais roupa, digam. – Avisa a senhora
- Está óptimo… - Dizem todas
- Vou apagar a luz, está bem? – Pergunta a senhora
- Sim, claro! – Dizem todas
- A casa é sua… - Diz outra a sorrir
Desejam boa noite e a luz apaga-se. Em cada caminha vê-se uma luzinha de presença. A senhora está na cama e vê as luzinhas.
- Áh! Que lindas que vocês são…até debaixo dos cobertores. Adoro-vos.
- Óh… - Exclamam todas deliciadas
- Quer que tornemos a nossa luz mais fraquinha? – Pergunta uma fada preocupada
- Não, filhas. Está óptimo assim… é tão bonita a vossa luz. – Diz a senhora a sorrir  
- Se a incomodar, diga-nos… - Recomenda outra fada
- Não, queridas… estejam à vontade.
E a senhora fica a apreciá-las até que chega o soninho. As fadas dormem quase logo a seguir. De manhã, estão como novas, felizes, e cheias de energia. Tomam uma chávena de chá ao pequeno-almoço e conversam alegremente com a senhora. Elas adoraram dormir no quarto e naquelas camas, tão quentinhas que estavam. Quando olham pela janela está tudo coberto de neve, e sol.
A senhora vai trabalhar e deixa a cada fada uma chávena de chá, e uma frincha na janela, para que sempre que as fadas quisessem beber chá quente, tinham à disposição uma chaleira com chá, e podiam aquecer-se. Assim também tomavam conta da casa.
Desde esse dia, as fadas tornaram-se uma família para a senhora, com quem tomavam todos os dias uma chávena de chá, e com quem passaram a dormir todas as noites, no quarto quente, e nas belas camas confortáveis que a senhora lhes tinha preparado com tanto carinho.

FIM
Lálá

(10/Setembro/2015)

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