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domingo, 5 de julho de 2015

As grandes crinas




Era uma vez um parque numa grande quinta onde viviam muitos animais, incluindo famílias de lindos cavalos, éguas e póneis. Todos eram muito bem tratados pelos lavradores, mas nos últimos dias da semana anterior, os lavradores perceberam que alguma coisa de muito estranho se passaria com os cavalos.  
Parecia que não estavam a segurar-se bem em pé, caiam e tropeçavam em tudo, até nas próprias patas, batiam contra tudo o que encontrava, pela frente, por isso estavam com várias feridas nas patas e não só. Estariam com algum problema nos ossos ou de equilíbrio, ou visão?
Chamaram o veterinário e mostraram-lhes os comportamentos muito estranhos dos cavalos. O veterinário analisou-os, observou-os, pediu-lhes várias habilidades e tarefas, fez-lhes vários exames, e…
- Até aqui tudo normal! Realmente… é um mistério! Eles seguram-se em pé, equilibram-se nas patas, levantam as patas e não caem, seguem todas as instruções…então…o que estará mal por aqui? – Diz o veterinário.
O veterinário vai sempre acompanhado por um ser minúsculo que só ele o vê, e só ele o ouve. É uma espécie de anjo da guarda ou de vozinha interior…que está sempre presente e ajuda-o.
Ele nunca falou desta companhia a ninguém, pois se dissesse ninguém acreditaria nele, ou pior ainda, diriam que ele era louco ou que estava a imaginar coisas. O mais importante para ele é que acredita e confia muito neste ser.
O ser minúsculo logo que entrou no curral e olhou para os cavalos, começou a rir às gargalhadas e não parou mais. Ele percebeu logo qual era o problema dos cavalos, e o seu protegido, que deveria ter as respostas para o caso, na ponta da língua, não sabia o que se passava.
O veterinário olha de canto para ele e parece estar a pensar sobre o caso, mas na verdade está a falar com o seu amigo:
- Desde que entramos aqui ainda não paraste de rir. Não tens respeito pelos bichos. Não percebo de que é que tanto te ris…isto não tem graça nenhuma. É muito sério. – Murmura o veterinário
- Olha que os donos dos cavalos estão a olhar para ti, de certeza que querem saber uma resposta rápida. Estão preocupados.
- Por isso mesmo não devias estar a rir…eu também estou muito preocupado. Nunca me apareceu um caso destes.
- Pois não! Está tudo a dormir. – Ri o ser
- Estás a deixar-me nervoso com tanto que já te riste…
- Tu és o veterinário, mas eu é que já descobri a resposta logo que entrei aqui.
- O quê?
O ser minúsculo responde a rir:
- Ainda não percebeste qual é o problema? Olha bem para eles…coitados dos animais, até me fazem calor com aquele pêlo todo. Olha bem…olha para aquilo! Pêlo por todo o lado, parecem passadeiras, ou cortinas penduradas. Pêlos do lado, a arrastar pelo chão…parecem vassouras ou espanadores…aquelas patas e o rabão devem estar limpinhos…pelo menos deve ficar tudo bem varrido, ou então levantam pó. Pêlos nas patas que parecem saias compridas, ervas daninhas ou folhas de palmeiras penduradas…que horror…é claro, com aquele tamanho de pêlos só podem tropeçar, e nas próprias patas. E para completar…pêlos na frente dos olhos…olha para aquelas cortinas. Como é que eles hão-de ver? Nem com meia dúzia de pares de óculos.  
- Ááááááááhhhhhh…
Ele pega numa crina de um dos cavalos e puxa-a para trás. O cavalo fica com os olhos à mostra, e sorri.
- Manda-os prender essas cortinas… - Diz o ser
- Tem aí coisas para prender estas crinas? Borrachas de cabelos ou ganchos… - Pergunta o veterinário
- Sim, tenho. Vou buscar. – Responde uma das donas
A senhora vai e volta com borrachas de cabelo e ganchos.
- Atem aqui atrás as crinas e prendam-nas aqui em baixo.
Os donos prendem as crinas e todos os pêlos compridos dos cavalos, sem apertar muito, e os cavalos ficam quietinhos. O veterinário manda-os andar e repte todos os exames e as habilidades. O ser minúsculo continua a rir:
- Agora já lhes vejo os olhos. E alguns têm uns olhos bem bonitos. Vais ver como agora eles não tropeçam mais.
O ser minúsculo tinha toda a razão. Depois de prenderem as crinas aos cavalos, éguas e póneis, tudo voltou a ser como era antes. Não tropeçaram mais, não caíram mais, não se magoaram mais, não bateram contra mais nada. Os cavalos não pararam mais de correr, livres, soltos, seguros e felizes.
- Obrigado amigo! – Murmura - Está resolvido! – Diz o veterinário a sorrir
- Eu não disse? Eu sabia! Até eu, se tivesse um cabelo daquele tamanho á frente dos olhos ou à volta das pernas e patas, estava sempre a cair. – Comenta o ser minúsculo
- O que era afinal? – Pergunta um dos donos
- Eram as suas crinas que estavam muito compridas e á frente dos olhos, eles não viam nada é claro. Tal como nós, humanos, quando deixamos o cabelo crescer muito, para a frente dos olhos…as franjas ou repas ou lá como é que as meninas chamam àquilo. – Explica o veterinário
- Áhhh! Claro! – Respondem todos
- Como é que nunca tínhamos reparado nisto! – Murmura outra dona dos cavalos  
- Realmente…! – Dizem todos
- Eu bem disse que estão todos a dormir…eu é que estou bem acordado. Descobri logo que entrei… - comenta o ser minúsculo
- Devem cortar mais vezes estas crinas, aparar as de trás e cortar estas da frente e das patas…ou prendê-las, mas nunca as deixar ir para a frente dos olhos. – Recomenda o veterinário
- Nós também cortamos os cabelos! – Lembra a dona a rir
- Pois. – Reconhecem todos
- Assim faremos, e é já. – Dizem todas
Os donos chamam os cavalos, as éguas e os póneis, e cortam-lhes as crinas da frente que estavam mesmo muito grandes, tão grandes como as do rabo, e nem os deixava ver ou andar livremente.
Logo que as crinas da frente começavam a ficar muito compridas, cortavam-nas. E os animais ficavam ainda mais vaidosos…gostavam muito destas idas ao cabeleireiro, porque para eles era um alívio e recebiam mimos extra. Até gostavam de ouvir o barulho das tesouras e as donas massajavam-lhes as cabeças.
Todos os animais precisam de cortar o pêlo, tal como nós pessoas. É muito bom cortar o cabelo, termos a cabeça arejada, o cabelo sempre limpinho e penteado, ou curtinho. Se for comprido é melhor não o pentearmos para a frente dos olhos…
E vocês? Gostam de cortar o cabelo?  
Fim
Lálá
(5/Julho/2015)



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